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Por que os Beatles foram recusados pela gravadora Decca após audição em 1962

Ainda jovem e com o fraco Pete Best na bateria, banda não entregou performance tão boa durante o teste, o que justificou decisão do selo

Em dezembro de 1961, Mike Smith, executivo da Decca Records, assistiu a um show Beatles no famoso Cavern Club. Enxergando potencial, ofereceu a eles uma audição no escritório do selo, em Londres, para o dia 1º de janeiro de 1962.

Na ocasião, a jovem banda apostava em uma sonoridade bem simples e era formada por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Pete Best na bateria – antes da chegada de Ringo Starr, o que certamente fez muita diferença no teste.

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Com a oportunidade de uma audição para uma grande gravadora, os músicos dirigiram em meio a uma nevasca de Liverpool até Londres, praticamente cortando a Inglaterra. Enquanto isso, o empresário Brian Epstein fez o trajeto todo de trem.

Todos chegaram a tempo, mas a viagem não se provaria tão frutífera – e acabou entrando para a história por um motivo não tão bom.

O teste na Decca Records

Apesar de todos os problemas enfrentados pela banda e o amigo/roadie Neil Aspinall no trajeto, os Beatles ainda tomaram um “chá de cadeira” na Decca Records. Mike Smith chegou muito atrasado, devido à festa de Ano Novo no dia anterior.

Em sua chegada, o executivo logo teve os primeiros desentendimentos com o grupo: ele pediu que os músicos usassem os amplificadores disponíveis no local ao invés de seu próprio equipamento. O motivo? A “baixa qualidade” da aparelhagem própria dos artistas, na visão dele.

A banda tocou 15 músicas em um set de cerca de uma hora que acabou sendo gravado – e rendeu um bootleg famoso já na década de 1970, com o Fab Four já separado. O repertório foi:

  1. Till There Was You
  2. To Know Her Is To Love Her
  3. Take Good Care Of My Baby
  4. Hello Little Girl
  5. Crying, Waiting, Hoping
  6. Love Of The Loved
  7. Besame Mucho
  8. Searchin
  9. Money (That’s What I Want)
  10. The Sheik Of Araby
  11. Memphis, Tennessee
  12. Three Cool Cats
  13. Sure To Fall (In Love With You)
  14. September In The Rain
  15. Like Dreamers Do

Entre as canções, destacam-se as originais de Lennon e McCartney – “Love of the Loved”, “Like Dreamers Do” e “Hello Little Girl” – e os covers de “Memphis” (Chuck Berry), “Crying, Waiting, Hoping” (Buddy Holly), “Take Good Care of My Baby” (Bobby Vee) e “To Know Her Is to Love Her” (Phil Spector).

A performance mostrou que Pete Best realmente era um baterista tecnicamente inferior a Ringo Starr. Alguns erros básicos de tempo foram cometidos por ele em algumas das músicas.

Além disso, os músicos estavam cansados por conta da viagem e irritados devido à questão dos equipamentos. Dessa forma, o desempenho realmente não foi bom – e os Beatles não foram contratados pela Decca.

Em “Anthology”, John Lennon e Paul McCartney comentaram sobre a audição e discordaram quanto à qualidade do material. O primeiro até gostou do resultado final e não achou justa a recusa, mas Macca entendeu por que eles não foram contratados.

“Ouvindo as fitas, eu posso entender por que a audição para a Decca não deu certo. Nós não éramos tão bons assim, apesar de existirem algumas coisas muito interessantes e originais.”

O homem que recusou os Beatles

No que diz respeito a contratações, a palavra final na Decca Records não era de Mike Smith, mas de Dick Rowe, que também estava presente na audição. Ele foi o responsável por dispensar a banda e ficou famoso pelas (terríveis) palavras ditas a Brian Epstein: “grupos de guitarra têm tudo pra acabar”.

O empresário dos Beatles ainda tentou negociar por mais alguns dias, mas Rowe não voltou atrás. Cinco meses depois, o grupo assinaria com a EMI/Parlophone, onde trabalhava George Martin, futuro produtor da banda e uma das pontas de uma das maiores parcerias da história da música.

A chegada de Martin também provocou a última mudança na formação dos Beatles. Insatisfeito com o trabalho de Pete Best, ele sugeriu ao grupo que demitisse o baterista, o que enfim deu lugar a Ringo Starr.

Dick Rowe, por sua vez, consertou parte do erro. Anos depois, por indicação de George Harrison, ele contratou os Rolling Stones.

* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição por Igor Miranda.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

3 COMENTÁRIOS

  1. Bem ele deu sorte que ainda contratou os Rolling Stones. Mas imagina se ele tivessem contratado os Dois? Beatles e Stones na mesma gravadora? Seria uma lenda ate hoje.

  2. Diz a lenda que John Lennon fez uma carta de recomendação pros Stones irem à Decca, antes do sucesso de Mick e cia.
    A carta diria “Deem uma chance a esses rapazes. Tentem não cometer o mesmo erro duas vezes”…
    :^D

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Em dezembro de 1961, Mike Smith, executivo da Decca Records, assistiu a um show Beatles no famoso Cavern Club. Enxergando potencial, ofereceu a eles uma audição no escritório do selo, em Londres, para o dia 1º de janeiro de 1962.

Na ocasião, a jovem banda apostava em uma sonoridade bem simples e era formada por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Pete Best na bateria – antes da chegada de Ringo Starr, o que certamente fez muita diferença no teste.

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Com a oportunidade de uma audição para uma grande gravadora, os músicos dirigiram em meio a uma nevasca de Liverpool até Londres, praticamente cortando a Inglaterra. Enquanto isso, o empresário Brian Epstein fez o trajeto todo de trem.

Todos chegaram a tempo, mas a viagem não se provaria tão frutífera – e acabou entrando para a história por um motivo não tão bom.

O teste na Decca Records

Apesar de todos os problemas enfrentados pela banda e o amigo/roadie Neil Aspinall no trajeto, os Beatles ainda tomaram um “chá de cadeira” na Decca Records. Mike Smith chegou muito atrasado, devido à festa de Ano Novo no dia anterior.

Em sua chegada, o executivo logo teve os primeiros desentendimentos com o grupo: ele pediu que os músicos usassem os amplificadores disponíveis no local ao invés de seu próprio equipamento. O motivo? A “baixa qualidade” da aparelhagem própria dos artistas, na visão dele.

A banda tocou 15 músicas em um set de cerca de uma hora que acabou sendo gravado – e rendeu um bootleg famoso já na década de 1970, com o Fab Four já separado. O repertório foi:

  1. Till There Was You
  2. To Know Her Is To Love Her
  3. Take Good Care Of My Baby
  4. Hello Little Girl
  5. Crying, Waiting, Hoping
  6. Love Of The Loved
  7. Besame Mucho
  8. Searchin
  9. Money (That’s What I Want)
  10. The Sheik Of Araby
  11. Memphis, Tennessee
  12. Three Cool Cats
  13. Sure To Fall (In Love With You)
  14. September In The Rain
  15. Like Dreamers Do

Entre as canções, destacam-se as originais de Lennon e McCartney – “Love of the Loved”, “Like Dreamers Do” e “Hello Little Girl” – e os covers de “Memphis” (Chuck Berry), “Crying, Waiting, Hoping” (Buddy Holly), “Take Good Care of My Baby” (Bobby Vee) e “To Know Her Is to Love Her” (Phil Spector).

A performance mostrou que Pete Best realmente era um baterista tecnicamente inferior a Ringo Starr. Alguns erros básicos de tempo foram cometidos por ele em algumas das músicas.

Além disso, os músicos estavam cansados por conta da viagem e irritados devido à questão dos equipamentos. Dessa forma, o desempenho realmente não foi bom – e os Beatles não foram contratados pela Decca.

Em “Anthology”, John Lennon e Paul McCartney comentaram sobre a audição e discordaram quanto à qualidade do material. O primeiro até gostou do resultado final e não achou justa a recusa, mas Macca entendeu por que eles não foram contratados.

“Ouvindo as fitas, eu posso entender por que a audição para a Decca não deu certo. Nós não éramos tão bons assim, apesar de existirem algumas coisas muito interessantes e originais.”

O homem que recusou os Beatles

No que diz respeito a contratações, a palavra final na Decca Records não era de Mike Smith, mas de Dick Rowe, que também estava presente na audição. Ele foi o responsável por dispensar a banda e ficou famoso pelas (terríveis) palavras ditas a Brian Epstein: “grupos de guitarra têm tudo pra acabar”.

O empresário dos Beatles ainda tentou negociar por mais alguns dias, mas Rowe não voltou atrás. Cinco meses depois, o grupo assinaria com a EMI/Parlophone, onde trabalhava George Martin, futuro produtor da banda e uma das pontas de uma das maiores parcerias da história da música.

A chegada de Martin também provocou a última mudança na formação dos Beatles. Insatisfeito com o trabalho de Pete Best, ele sugeriu ao grupo que demitisse o baterista, o que enfim deu lugar a Ringo Starr.

Dick Rowe, por sua vez, consertou parte do erro. Anos depois, por indicação de George Harrison, ele contratou os Rolling Stones.

* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição por Igor Miranda.

ESCOLHAS DO EDITOR
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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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  1. Bem ele deu sorte que ainda contratou os Rolling Stones. Mas imagina se ele tivessem contratado os Dois? Beatles e Stones na mesma gravadora? Seria uma lenda ate hoje.

  2. Diz a lenda que John Lennon fez uma carta de recomendação pros Stones irem à Decca, antes do sucesso de Mick e cia.
    A carta diria “Deem uma chance a esses rapazes. Tentem não cometer o mesmo erro duas vezes”…
    :^D

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