Um relato impressionante de Daniel Johns, do Silverchair, sobre a anorexia nervosa

Músico batalhou contra distúrbio alimentar e outros problemas relacionados à saúde mental no auge do sucesso de sua banda

O vocalista e guitarrista Daniel Johns, do Silverchair, lutou contra a anorexia nervosa na segunda metade da década de 1990. A batalha chegou a ser relatada pelo músico em uma das canções mais famosas da banda, “Ana’s Song (Open Fire)”, lançada em 1999 no álbum “Neon Ballroom”.

Johns, que felizmente superou o problema, falou sobre o assunto em recente declaração divulgada em seu podcast, “Who Is Daniel Johns?”. As falas foram transcritas pelo site Tone Deaf.

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Inicialmente, o artista destacou que o transtorno alimentar se manifestou em meados de 1997, quando o Silverchair lançou seu segundo álbum, “Freak Show”. Vale lembrar que ele tinha acabado de fazer 18 anos na época e já era famoso desde os 15, quando o single “Tomorrow” (1994) passou semanas no topo das paradas australianas.

Na visão de Daniel, a única coisa que ele conseguia controlar na época era sua decisão em comer, pois outras pessoas tomando decisões sobre sua então jovem banda e sofria bullying quando voltava para casa. Sentindo-se culpado simplesmente por se alimentar, o músico ficava confinado em seu quarto quando não cumpria agenda profissional com o grupo.

“Eu costumava esperar até que todos fossem dormir e então eu saía para caminhar umas 2 horas da manhã. Ficava umas 3 horas fora, pois eu sofria de anorexia, então, tentava perder peso.”

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Depressão e anorexia nervosa

Os períodos em que Daniel Johns ficava em casa eram complicados. Fãs do Silverchair acampavam na porta de sua residência e os muros da frente chegavam a ser pichados se ele não saísse para interagir com o público.

A depressão começou a se refletir no transtorno alimentar. O livro “The Book of Daniel”, escrito por Jeff Apter, apontou:

“Johns começou a se testar, vendo o quão pouco poderia comer apenas para não passar mal. Seu peso caiu para 50 quilos”.

Agora, em seu podcast, Daniel acrescentou:

“Eu me sentia condenado ao ostracismo. Todos da banda estavam indo a festas e se divertindo demais. Já eu estava depressivo e anoréxico. Eu só ficava no quarto tentando manter a banda ainda existindo. Senti que estava abandonado”.

Dessa forma, as brigas do artista com seus colegas de banda, Ben Gillies (bateria) e Chris Joannou (baixo), se intensificaram. A depressão e os problemas relacionados aumentaram.

Música: a salvação de Daniel Johns

Na tentativa de ajudar, parentes e amigos de Daniel Johns entraram em contato com o produtor Nick Launay. A ideia era tirar o artista do isolamento – e ele seguia compondo músicas, então, gravar em estúdio poderia ser a solução para tirá-lo do quarto.

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Primeiro, os dois tocaram alguns covers juntos e se divertiram. Depois, Johns se sentiu à vontade para mostrar composições próprias. A partir daí, Gillies e Joannou foram trazidos de volta e a banda começou a gravar “Neon Ballroom”.

“As pessoas não falavam de saúde mental no fim dos anos 1990. Não era algo comum, fazia com que você parecesse fraco. Agora, você pode falar sobre isso, está tudo bem. Mas na época, eu tinha que parar e tentar descobrir o que fazer para resolver. Caso contrário, eu acabaria como Kurt Cobain. Eu me sentia mal a esse nível. Não queria ser assim, queria traçar meu próprio futuro”, afirmou.

A declaração completa de Daniel Johns pode ser ouvida, em inglês, em seu podcast “Who Is Daniel Johns?”.

* No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV), associação civil sem fins lucrativos, oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, gratuitamente, 24 horas por dia. Qualquer pessoa que queira e precise conversar, pode entrar em contato com o CVV, de forma sigilosa, pelo telefone 188, além de e-mail, chat e Skype, disponíveis no site www.cvv.org.br.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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