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Wolfgang Van Halen aposta em melodias e roupagem moderna no álbum do Mammoth WVH

Primeiro trabalho solo do filho de Eddie Van Halen, que cantou e gravou todos os instrumentos, tem influências que vão de Foo Fighters e Black Stone Cherry a Jimmy Eat World

Wolfgang Van Halen divulgou nesta sexta-feira (11) o álbum de estreia, homônimo, de seu projeto Mammoth WVH. O disco chega a público pela Explorer1 Music Group/EX1 Records.

Hoje com 30 anos, Wolfgang é filho de ninguém menos que Eddie Van Halen, guitarrista que mudou o mundo e nos deixou em 2020, devido a um câncer. Os dois chegaram a tocar juntos no Van Halen entre 2006 e 2016, quando Wolfie assumiu a vaga de baixista, deixada por Michael Anthony.

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Em entrevistas recentes, o músico tem deixado claro que nunca planejou entrar para o Van Halen. À Spin, por exemplo, ele conta que fez isso para tentar salvar a vida do pai, que, até então, estava sofrendo muito com o vício e problemas de ansiedade.

Nos últimos anos, o Van Halen esteve inativo, muito por conta do câncer de Eddie. Então, Wolfgang começou a trabalhar em seu projeto solo, onde assume vocais e todos os instrumentos: guitarra, baixo, bateria e o que mais for necessário. Sim: o álbum de estreia do Mammoth WVH foi todo gravado apenas por um músico.

Em meio ao tratamento do câncer, Eddie Van Halen teve uma piora em seu estado de saúde. Foi quando o filho do guitarrista interrompeu os trabalhos em torno do álbum – retomados e devidamente concluídos apenas depois que o lendário artista faleceu, em outubro de 2020, aos 65 anos.

Ouça abaixo o álbum “Mammoth WVH”, via Spotify. Em seguida, leia resenha sobre o disco.

Ainda que carregue um sobrenome muito forte – talvez um dos mais “pesados” dentro do hard rock e heavy metal -, Wolfgang parece não ter se intimidado por seu background familiar. As referências ao legado do pai presentes no álbum de estreia do Mammoth WVH se limitam, basicamente, ao nome do projeto: antes de se tornar Van Halen, lá no início da década de 1970, a revolucionária banda era chamada Mammoth.

Musicalmente, Wolfie explora uma sonoridade mais contemporânea. O hard rock de pegada clássica, fio condutor do álbum, mistura-se com o rock alternativo e até mesmo o post-grunge do fim da década de 1990 e início dos anos 2000. Timbres, cozinha e produção remetem ao vintage, enquanto melodias, harmonias e vocalizações trazem roupagem moderna.

Dessa forma, não espere solos técnicos de guitarra, como fazia o gigante Eddie. O “filho do homem” parece focar mais na canção, guiado por influências que vão de Foo Fighters a Black Stone Cherry, de Queens of the Stone Age a Jimmy Eat World. Os riffs por vezes são pesados, sensação reforçada por baixo e bateria, mas quase todas as faixas desaguam em refrães grandiosos.

Outro ponto de destaque aqui é que, para um trabalho de estreia de um músico que resolveu tocar tudo sozinho, o álbum é extremamente bem arranjado. As camadas sonoras se sobrepõem e se encaixam nos momentos certos, sempre com muito cuidado para criar os devidos climas. Méritos não só de Wolfie, que tocou e também compôs tudo, como também de Michael “Elvis” Baskette (Alter Bridge, Slash etc), que assina a produção.

A música “Mr. Ed” abre o álbum também dando o tom do que ouviremos nas faixas seguintes: um hard rock de veia contemporânea, com fortes ganchos melódicos e instrumental muito bem tocado. “Horribly Right”, na sequência, aposta em riffs mais pesados, mas ainda com refrães grandiosos e passagens bem arranjadas.

“Epiphany”, por sua vez, não chega a ser ruim, mas explora um campo harmônico previsível. Remete a momentos mais radiofônicos do rock alternativo dos anos 2000 e até do pop punk – em melodia, não em batida. Ainda bem que a pesada “Don’t Back Down”, de veia stoner, muda essa impressão: é uma das melhores faixas do álbum e ainda conta com uma peculiar referência a “So This is Love?”, do Van Halen, nos segundos finais.

Primeira balada da tracklist, “Resolve” soa intensa e aproveita-se de uma ligeira influência do post-grunge para gerar algo diferente. Boa canção. “You’ll Be The One” segue explorando vertentes do rock alternativo, agora em uma veia próxima do Foo Fighters.

A faixa “Mammoth”, dona de refrão grandioso e letra motivacional, tem a cara do rock de rádio americano. Poderia ser mais ousada, como foi nos segundos finais, mas dá para o gasto. Hora de outra balada: “Circles”, que tem veia ainda mais post-grunge anos 2000 e quebra o clima do álbum em bom momento.

As referências ao stoner são retomadas em “The Big Picture”, com riffs pesados e certa influência do Black Stone Cherry. “Think It Over” é, certamente, a música mais grudenta do disco. A boa canção indica os caminhos que a razoável “Epiphany” poderia ser trilhado: mesmo uma faixa previsível pode ter um refrão de impacto.

Os melhores momentos do álbum estão no final. “You’re to Blame”, também de refrão poderoso, impressiona por mostrar a quantidade de variações que uma música pode ter com apenas um simples riff de guitarra. A empolgante “Feel” aposta em um groove intricado, evidenciando, novamente, o talento de Wolfgang na bateria.

Em sua tracklist convencional, o disco é encerrado por “Stone”, talvez a faixa mais ousada do trabalho. Com pouco mais de 6 minutos de duração, a canção explora uma série de climas que vão da calmaria à intensidade. Gostaria, inclusive, de ter ouvido mais músicas assim ao longo do trabalho.

Há, ainda, a faixa bônus Distance, um lindo tributo de Wolfgang ao pai, que acabava de nos deixar. Emociona em todos os aspectos: letra, melodia, arranjos, interpretação, contexto… até o solo de guitarra de pouquíssimas notas vai direto na espinha.

O álbum inicial do Mammoth WVH tem um propósito claro ao utilizar-se de um rock com roupagem mais contemporânea e, por que não, radiofônica. Considerada essa ideia, o trabalho não erra: quase todas as faixas poderiam ser lançadas como singles e emplacar em rádios dedicadas ao gênero.

Vale destacar que o Mammoth cairá na estrada depois da pandemia, com Ronnie Ficarro (baixo), Jon Jourdan e Frank Sidoris (guitarras) e Garrett Whitlock (bateria) acompanhando Wolfie. Dá para imaginar boa parte dessas canções funcionando bem em arenas – o projeto, aliás, começará sua trajetória nos palcos abrindo para ninguém menos que o Guns N’ Roses, já em estádios.

Em contrapartida, por saber que Wolfgang é um grande músico, talvez eu, particularmente, esperasse um pouco mais de ousadia em certos momentos. Como tudo soa tão formatado, nem sempre o ouvinte se surpreende. Quando ele resolve fugir das métricas básicas de composição, obtém grandes resultados, especialmente no terço final do disco.

Contudo, dá para entender por que o álbum transita por caminhos mais “seguros”, por assim dizer. Estamos falando de um músico que é criticado na internet desde a adolescência por ter substituído um membro fundador ao Van Halen. O cara sabia que não poderia errar em seu trabalho solo de estreia.

Houve êxito nesse sentido. Ainda que tenha um ou outro momento menos inspirado, não dá para apontar qualquer erro no debut do Mammoth WVH. O projeto de Wolfgang Van Halen estreou com o pé direito, fincado na porta, e certamente já deixa os fãs ansiosos por seus próximos registros.

O álbum está representado em minha playlist de lançamentos, atualizada semanalmente. Siga e dê o play:

Mammoth WVH – “Mammoth WVH”

1. Mr. Ed
2. Horribly Right
3. Epiphany
4. Don’t Back Down
5. Resolve
6. You’ll Be The One
7. Mammoth
8. Circles
9. The Big Picture
10. Think It Over
11. You’re To Blame
12. Feel
13. Stone
14. Distance (bonus track)

** Foto da matéria: Travis Shinn / divulgação

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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Hoje com 30 anos, Wolfgang é filho de ninguém menos que Eddie Van Halen, guitarrista que mudou o mundo e nos deixou em 2020, devido a um câncer. Os dois chegaram a tocar juntos no Van Halen entre 2006 e 2016, quando Wolfie assumiu a vaga de baixista, deixada por Michael Anthony.

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Em entrevistas recentes, o músico tem deixado claro que nunca planejou entrar para o Van Halen. À Spin, por exemplo, ele conta que fez isso para tentar salvar a vida do pai, que, até então, estava sofrendo muito com o vício e problemas de ansiedade.

Nos últimos anos, o Van Halen esteve inativo, muito por conta do câncer de Eddie. Então, Wolfgang começou a trabalhar em seu projeto solo, onde assume vocais e todos os instrumentos: guitarra, baixo, bateria e o que mais for necessário. Sim: o álbum de estreia do Mammoth WVH foi todo gravado apenas por um músico.

Em meio ao tratamento do câncer, Eddie Van Halen teve uma piora em seu estado de saúde. Foi quando o filho do guitarrista interrompeu os trabalhos em torno do álbum – retomados e devidamente concluídos apenas depois que o lendário artista faleceu, em outubro de 2020, aos 65 anos.

Ouça abaixo o álbum “Mammoth WVH”, via Spotify. Em seguida, leia resenha sobre o disco.

Ainda que carregue um sobrenome muito forte – talvez um dos mais “pesados” dentro do hard rock e heavy metal -, Wolfgang parece não ter se intimidado por seu background familiar. As referências ao legado do pai presentes no álbum de estreia do Mammoth WVH se limitam, basicamente, ao nome do projeto: antes de se tornar Van Halen, lá no início da década de 1970, a revolucionária banda era chamada Mammoth.

Musicalmente, Wolfie explora uma sonoridade mais contemporânea. O hard rock de pegada clássica, fio condutor do álbum, mistura-se com o rock alternativo e até mesmo o post-grunge do fim da década de 1990 e início dos anos 2000. Timbres, cozinha e produção remetem ao vintage, enquanto melodias, harmonias e vocalizações trazem roupagem moderna.

Dessa forma, não espere solos técnicos de guitarra, como fazia o gigante Eddie. O “filho do homem” parece focar mais na canção, guiado por influências que vão de Foo Fighters a Black Stone Cherry, de Queens of the Stone Age a Jimmy Eat World. Os riffs por vezes são pesados, sensação reforçada por baixo e bateria, mas quase todas as faixas desaguam em refrães grandiosos.

Outro ponto de destaque aqui é que, para um trabalho de estreia de um músico que resolveu tocar tudo sozinho, o álbum é extremamente bem arranjado. As camadas sonoras se sobrepõem e se encaixam nos momentos certos, sempre com muito cuidado para criar os devidos climas. Méritos não só de Wolfie, que tocou e também compôs tudo, como também de Michael “Elvis” Baskette (Alter Bridge, Slash etc), que assina a produção.

A música “Mr. Ed” abre o álbum também dando o tom do que ouviremos nas faixas seguintes: um hard rock de veia contemporânea, com fortes ganchos melódicos e instrumental muito bem tocado. “Horribly Right”, na sequência, aposta em riffs mais pesados, mas ainda com refrães grandiosos e passagens bem arranjadas.

“Epiphany”, por sua vez, não chega a ser ruim, mas explora um campo harmônico previsível. Remete a momentos mais radiofônicos do rock alternativo dos anos 2000 e até do pop punk – em melodia, não em batida. Ainda bem que a pesada “Don’t Back Down”, de veia stoner, muda essa impressão: é uma das melhores faixas do álbum e ainda conta com uma peculiar referência a “So This is Love?”, do Van Halen, nos segundos finais.

Primeira balada da tracklist, “Resolve” soa intensa e aproveita-se de uma ligeira influência do post-grunge para gerar algo diferente. Boa canção. “You’ll Be The One” segue explorando vertentes do rock alternativo, agora em uma veia próxima do Foo Fighters.

A faixa “Mammoth”, dona de refrão grandioso e letra motivacional, tem a cara do rock de rádio americano. Poderia ser mais ousada, como foi nos segundos finais, mas dá para o gasto. Hora de outra balada: “Circles”, que tem veia ainda mais post-grunge anos 2000 e quebra o clima do álbum em bom momento.

As referências ao stoner são retomadas em “The Big Picture”, com riffs pesados e certa influência do Black Stone Cherry. “Think It Over” é, certamente, a música mais grudenta do disco. A boa canção indica os caminhos que a razoável “Epiphany” poderia ser trilhado: mesmo uma faixa previsível pode ter um refrão de impacto.

Os melhores momentos do álbum estão no final. “You’re to Blame”, também de refrão poderoso, impressiona por mostrar a quantidade de variações que uma música pode ter com apenas um simples riff de guitarra. A empolgante “Feel” aposta em um groove intricado, evidenciando, novamente, o talento de Wolfgang na bateria.

Em sua tracklist convencional, o disco é encerrado por “Stone”, talvez a faixa mais ousada do trabalho. Com pouco mais de 6 minutos de duração, a canção explora uma série de climas que vão da calmaria à intensidade. Gostaria, inclusive, de ter ouvido mais músicas assim ao longo do trabalho.

Há, ainda, a faixa bônus Distance, um lindo tributo de Wolfgang ao pai, que acabava de nos deixar. Emociona em todos os aspectos: letra, melodia, arranjos, interpretação, contexto… até o solo de guitarra de pouquíssimas notas vai direto na espinha.

O álbum inicial do Mammoth WVH tem um propósito claro ao utilizar-se de um rock com roupagem mais contemporânea e, por que não, radiofônica. Considerada essa ideia, o trabalho não erra: quase todas as faixas poderiam ser lançadas como singles e emplacar em rádios dedicadas ao gênero.

Vale destacar que o Mammoth cairá na estrada depois da pandemia, com Ronnie Ficarro (baixo), Jon Jourdan e Frank Sidoris (guitarras) e Garrett Whitlock (bateria) acompanhando Wolfie. Dá para imaginar boa parte dessas canções funcionando bem em arenas – o projeto, aliás, começará sua trajetória nos palcos abrindo para ninguém menos que o Guns N’ Roses, já em estádios.

Em contrapartida, por saber que Wolfgang é um grande músico, talvez eu, particularmente, esperasse um pouco mais de ousadia em certos momentos. Como tudo soa tão formatado, nem sempre o ouvinte se surpreende. Quando ele resolve fugir das métricas básicas de composição, obtém grandes resultados, especialmente no terço final do disco.

Contudo, dá para entender por que o álbum transita por caminhos mais “seguros”, por assim dizer. Estamos falando de um músico que é criticado na internet desde a adolescência por ter substituído um membro fundador ao Van Halen. O cara sabia que não poderia errar em seu trabalho solo de estreia.

Houve êxito nesse sentido. Ainda que tenha um ou outro momento menos inspirado, não dá para apontar qualquer erro no debut do Mammoth WVH. O projeto de Wolfgang Van Halen estreou com o pé direito, fincado na porta, e certamente já deixa os fãs ansiosos por seus próximos registros.

O álbum está representado em minha playlist de lançamentos, atualizada semanalmente. Siga e dê o play:

Mammoth WVH – “Mammoth WVH”

1. Mr. Ed
2. Horribly Right
3. Epiphany
4. Don’t Back Down
5. Resolve
6. You’ll Be The One
7. Mammoth
8. Circles
9. The Big Picture
10. Think It Over
11. You’re To Blame
12. Feel
13. Stone
14. Distance (bonus track)

** Foto da matéria: Travis Shinn / divulgação

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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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