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Guns N’ Roses estreou nova formação em shows insanos no Rock in Rio 1991

O Rock in Rio 1991, segunda edição do famoso festival carioca, foi promovido entre os dias 18 e 27 de janeiro de 1991. A única realização do evento no Brasil fora da Cidade do Rock – os shows rolaram no estádio do Maracanã – trazia o Guns N’ Roses como uma de suas atrações principais.

Naquele momento, o Guns N’ Roses estava no auge de sua carreira. O primeiro álbum da banda, ‘Appetite for Destruction’ (1987), acabou levando um tempo para estourar, mas quando emplacou, chegou com tudo. Hoje, não à toa, o disco tem mais de 30 milhões de cópias vendidas mundialmente, sendo o trabalho de estreia mais vendido da história.

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O problema é que, já naqueles tempos, o Guns N’ Roses sofria com seus atrasos. Devido ao sucesso tardio, o mundo esperava por um segundo álbum, que viria a ser o ambicioso duplo ‘Use Your Illusion I / II’, mas a banda ainda divulgava ‘Appetite for Destruction’ – e lidava com seus problemas internos, do vício em drogas à vaidade do vocalista Axl Rose.

Em meio a tudo isso, os caras precisaram lançar um paliativo no fim de 1988: ‘Lies’, uma espécie de minidisco, claramente feito às pressas, com oito faixas. Quatro dessas canções eram acústicas, sendo três inéditas e uma regravação da já conhecida ‘You’re Crazy’. As outras quatro vieram do EP ‘Live ?!*@ Like a Suicide’ (1986), que era anunciado como sendo ao vivo, mas foi captado em estúdio.

Desse álbum, saiu ‘Patience’, que emplacou como hit em 1989, mas era o único single possível de ‘Lies’. Enquanto o novo álbum não saía, a Geffen precisou lançar ‘Nightrain’ como quinta (!) música de divulgação de ‘Appetite’ e liberar uma gravação de ‘Knockin’ on Heaven’s Door’, cover de Bob Dylan, para a trilha sonora do filme ‘Days of Thunder’ (no Brasil, ‘Dias de Trovão’).

Mudanças na formação e pé na estrada

Os problemas do Guns N’ Roses com as drogas custaram ao baterista Steven Adler, em 1990, sua vaga na banda. Relatos apontam que o músico não estava conseguindo gravar suas próprias partes no vindouro álbum. No que viria a se tornar ‘Use Your Illusion’, ele toca apenas em ‘Civil War’, presente na tracklist do primeiro disco.

Matt Sorum, baterista que vinha tocando com o The Cult, foi chamado para assumir a bronca. Gravou todo o disco. O tecladista Dizzy Reed, que se tornou amigo de Axl Rose em meados de 1985, também foi chamado para trabalhar no álbum. Os dois entraram oficialmente para a formação.

No fim das contas, os dois ‘Use Your Illusion’ levaram mais de 18 meses para serem gravados. O processo foi iniciado em janeiro de 1990 e só foi concluído em agosto de 1991, com o lançamento rolando logo em seguida, no mês de setembro.

Não dava para o Guns N’ Roses ficar tanto tempo sem fazer shows. Eles precisariam colocar o pé na estrada.

Guns N’ Roses no Rock in Rio 1991

Meses antes de lançar os discos ‘Use Your Illusion’ – que nem sequer estavam prontos naquela época -, o Guns N’ Roses voltou aos palcos, estreando sua nova formação, justamente, no Brasil. Sim, a ‘Use Your Illusion Tour’, que só acabou em julho de 1993 (na Argentina), começou em terras tupiniquins.

O agora sexteto tocou em duas datas do Rock in Rio 1991, nos dias 20 e 23 de janeiro de 1991. No primeiro, foi precedido por Hanoi Hanoi, Titãs, Faith No More (exigência de Axl Rose para o line-up) e Billy Idol (substituindo Robert Plant, que o indicou para a vaga). No segundo, abriram Sepultura, Lobão (que deixou o palco após ser vaiado), Megadeth, Queensrÿche e Judas Priest.

Ao assistir aos vídeos do Rock in Rio 1991 e analisar em retrospecto, é inegável que o Guns N’ Roses ainda estava se adaptando ao status de “superbanda”, com shows em grandes arenas e tudo o mais. Estavam quase desconfortáveis com tudo aquilo.

As condições daqueles shows também não eram das mais favoráveis. Dois integrantes estavam estreando e várias músicas do repertório eram tocadas pela primeira vez, vindo de ‘Use Your Illusion’, que ainda nem havia sido lançado.

O jornalista Mick Wall diz, no livro ‘Guns N’ Roses – O Último dos Gigantes’, que aqueles shows representariam o fim da banda como a conhecíamos. Não pelas estreias na formação, mas pelas pela química já desgastada entre os integrantes principais. O comportamento de Axl Rose passou a ficar ainda mais problemático, o que deixava um viciado Slash cada vez mais descontente, e Izzy Stradlin, que sairia do grupo meses depois, já não parecia mais disposto a continuar.

Nada disso, porém, impediu o Guns N’ Roses de colocar abaixo o estádio do Maracanã. Em entrevista ao podcast ‘Drum for the Song’, Matt Sorum relembra:

“Tocamos no Rock in Rio e se você assistir ao vídeo do show, abrimos com uma música que ninguém conhece, mas os fãs piraram mesmo assim. Abrimos com ‘Pretty Tied Up’, que era uma música bem legal que, na verdade, deveria ter saído como single.”

Nesta mesma entrevista, Sorum comenta:

“Colocaram a banda na estrada e antes disso, Axl teve que finalizar todos os vocais, teve que cantar 30 músicas. Começamos a gravar ‘The Spaghetti Incident’ (álbum de covers de 1993) enquanto esperávamos Axl. O disco foi feito antes mesmo da turnê dos ‘Illusion’. Daí, saímos naquela enorme turnê sendo que nem tínhamos terminado de gravar os álbuns.”

Na época, Axl Rose descreveu aquela passagem pelo Rock in Rio 1991 como o melhor show de sua vida. Em entrevista a Cuca Lazzarotto (VJ da MTV Brasil que ele exigiu que fosse a responsável por conduzir o bate-papo), ele prometeu voltar, no ano seguinte, em meio à turnê de ‘Use Your Illusion’ – algo que aconteceu, em dezembro, com duas apresentações em São Paulo e mais uma no Rio. Florescia, a partir dali, uma relação de amor entre o Guns, especialmente Axl, e o Brasil.

As músicas que foram apresentadas pela primeira vez no Rock in Rio 1991 foram:

  • ‘Pretty Tied Up’;
  • ‘Double Talkin’ Jive’;
  • ‘You Could Be Mine’;
  • ‘Estranged’;
  • ‘Dead Horse’ (somente na primeira noite);
  • ‘Bad Apples’ (somente na segunda noite);
  • versão da música-tema do filme ‘O Poderoso Chefão’ (momento solo de Slash).

Veja, a seguir, o repertório dos dois shows, além de mais vídeos das apresentações:

20 de janeiro de 1991

1. Pretty Tied Up
2. Mr. Brownstone
3. Patience
4. Speak Softly Love (Love Theme From The Godfather)
5. Double Talkin’ Jive
6. Welcome to the Jungle
7. Knockin’ on Heaven’s Door (Bob Dylan cover)
8. Solo de bateria de Matt Sorum
9. You Could Be Mine
10. It’s So Easy
11. Solo de guitarra de Slash
12. Civil War
13. Dead Horse
14. Sweet Child o’ Mine
15. Estranged
16. Paradise City

23 de janeiro de 1991

1. Pretty Tied Up
2. Mr. Brownstone
3. Patience
4. Nightrain
5. Speak Softly Love (Love Theme From The Godfather)
6. Double Talkin’ Jive
7. Welcome to the Jungle
8. Knockin’ on Heaven’s Door (Bob Dylan cover)
9. Solo de bateria de Matt Sorum
10. You Could Be Mine
11. Civil War
12. Solo de guitarra de Slash
13. Bad Apples
14. It’s So Easy
15. Rocket Queen
16. Sweet Child o’ Mine
17. Estranged
18. Paradise City

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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