Opeth lança o álbum In Cauda Venenum em inglês e sueco; ouça e confira opinião

O Opeth lançou, nesta sexta-feira (27), o seu 13° álbum de estúdio. O disco, intitulado “In Cauda Venenum”, chega a público durante a primavera do Hemisfério Sul através do selo Moderbolaget / Nuclear Blast – o trabalho terá edição nacional pela Shinigami Records.

Gravado entre novembro de 2018 e janeiro de 2019 no Park Studios, em Estocolmo, Suécia, “In Cauda Venenum” apresenta duas versões, com letras em inglês e em sueco. São 10 músicas no total, contando com uma faixa instrumental de introdução.

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Em entrevista recente ao podcast “Scars And Guitars”, o guitarrista Fredrik Åkesson disse que o objetivo do álbum “In Cauda Venenum” (cujo título é uma expressão em latim que, traduzida, significa “veneno na cauda”) era “soar o mais épico possível”. Segundo o músico, o fato de o vocalista Mikael Åkerfeldt ter composto o disco inicialmente em sueco foi uma “força motriz” para que ele concluísse as canções.

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“Acho que isso fez com que o álbum ficasse mais interessante – ou desafiador, talvez – para ele (Mikael)”, disse Fredrik. “Ensaiamos antes mesmo de entrar no estúdio. Não fazíamos isso desde ‘Watershed’ (2008)”, completou.

O guitarrista destacou, ainda, que o vocalista e principal compositor da banda não liga muito para a forma que as pessoas reagem às suas músicas. “Ele gosta de liberdade artística, assim como a banda. A gravadora não diz o que devemos fazer. Sempre foi assim no Opeth. Se fizéssemos ‘Blackwater Park’ (2001) várias e várias vezes, ficaríamos estagnados. Mas ainda curtimos tocar essa época ao vivo e algum dia Mikael pode trazer os vocais guturais de volta de novo, quem sabe?”, pontuou.

Ouça “In A Cauda Venenum” a seguir, via Spotify ou YouTube. Logo após, confira opinião.

Em inglês:

Em sueco:

In Cauda Venenum, épico e puramente Åkerfeldt

O Opeth não esconde que está em eterna transição. Por ser uma banda inquieta, acaba por dividir opiniões. A maior reclamação aborda a mudança de estilo do grupo, que abandonou o seu death metal dos primórdios para apostar em um rock/metal progressivo intrincado e de contornos épicos.

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Aliás, “épico” foi o adjetivo que os integrantes do Opeth usaram para buscar definir “In Cauda Venenum”. A proposta é, de fato, soar mais grandioso do que qualquer outro trabalho da banda – fruto da mente do vocalista, guitarrista e compositor Mikael Åkerfeldt, o que indica um caminho ligeiramente diferente desta vez.

O álbum anterior, “Sorceress” (2016), soa mais metálico e parece ter sido uma construção coletiva, abordando bastante da visão do guitarrista Fredrik Åkesson (embora ele assine a autoria de apenas uma música). Já “In Cauda Venenum” foi, de fato, todo concebido por Åkerfeldt antes mesmo de chegar aos demais integrantes.

Parte do desafio estava em fazer as músicas, compostas inicialmente em sueco, soarem interessantes mesmo em um idioma pouco conhecido de seu público geral. Também faz parte do obstáculo transformar tudo isso em Opeth, embora Åkerfeldt já esteja acostumado a assinar todo o material.

O resultado final é, de fato, um álbum com contornos épicos. “In Cauda Venenum” é um trabalho de essência progressiva e traz pouco do rock pesado como um todo. Algumas faixas sequer soam rock. O uso de instrumentos de orquestra se faz mais presente e não é incomum ter passagens inteiras conduzidas por violões ao invés de guitarra.

A cansativa abertura “Livet’s Trädgård / Garden Of Earthly Delights” pode até soar desanimadora, mas a trinca “Svekets Prins / Dignity”, “Hjärtat Vet Vad Handen Gör / Heart In Hand” e “De Närmast Sörjande / Next Of Kin” é um tapa na cara. A sequência mal deixa o ouvinte respirar. Certamente, estão entre as melhores composições do Opeth na década.

A lentinha “Minnets Yta / Lovelorn Crime” reduz um pouco o ritmo, enquanto “Charlatan” é um dos poucos momentos metálicos do álbum – chega a soar meio Dream Theater dos anos 1990, graças aos bons riffs em seu andamento. “Ingen Sanning Är Allas / Universal Truth” não empolga de início, mas cresce com suas mudanças rítmicas. “Banemannen / The Garroter”, certamente a mais descartável do álbum, só serve mesmo para abrir alas para o bom encerramento, com as épicas “Kontinuerlig Drift / Continuum” e, especialmente, “Allting Tar Slut / All Things Will Pass”.

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“In Cauda Venenum” não se credencia como um clássico da discografia do Opeth por não segurar o mesmo patamar de qualidade em toda a sua tracklist. Um disco que tem músicas como “Dignity” e “Next Of Kin” não pode ter “The Garroter” ou, em olhares mais criteriosos, “Universal Truth”. Soa como se o melhor estivesse no início e no fim, deixando o miolo para os fillers.

Outro ponto negativo é que, embora esteja sempre disposto a surpreender, o Opeth pode ter ficado um pouco previsível. Isso não é o suficiente para comprometer a qualidade do material apresentado, mas acende o sinal de alerta.

Ainda assim, trata-se de um bom disco, com, pelo menos, cinco ótimas músicas: as três primeiras faixas após a introdução e as duas últimas. O Opeth segue em busca de seu trabalho definitivo para marcar a sua não-tão-nova fase, mas “In Cauda Venenum” pode tê-los deixado perto disso.

Veja, abaixo, a capa e a tracklist:

01. Livet’s Trädgård / Garden Of Earthly Delights (Intro)
02. Svekets Prins / Dignity
03. Hjärtat Vet Vad Handen Gör / Heart In Hand
04. De Närmast Sörjande / Next Of Kin
05. Minnets Yta / Lovelorn Crime
06. Charlatan
07. Ingen Sanning Är Allas / Universal Truth
08. Banemannen / The Garroter
09. Kontinuerlig Drift / Continuum
10. Allting Tar Slut / All Things Will Pass

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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