Ozzy Osbourne seria tão grande sem seus guitarristas?

Com Randy Rhoads
Os eternos dogmas do metal (quem lembra do Orkut?) não permitem questionamentos sobre determinados monstros do estilo. O mais defendido é Ozzy Osbourne. Por seu carisma e talentos específicos, o Madman tornou-se intocável. Mas poucos se atentam à construção de sua carreira solo.
A conturbada saída do Black Sabbath não intimidou Ozzy Osbourne. Ele começou uma espécie de carreira solo, que inicialmente seria uma banda batizada Blizzard Of Ozz, já que, na época, não era habitual assumir um nome individual para um grupo. Logo o nome mudou e virou, escancaradamente, algo solo. A partir daí, porém, sempre foi a quatro, seis, oito ou até dez mãos.
Os trabalhos de Ozzy Osbourne fora do Black Sabbath não são lineares justamente porque não são os mesmos músicos envolvidos. Zakk Wylde foi o que mais permaneceu com Ozzy Osbourne – entre idas e vindas, de 1987 a 2009. Mas a variação sempre existiu. E é curioso que, especialmente no caso dos guitarristas, cada integrante deixou uma marca tão forte no trabalho do Madman que é difícil analisar o conjunto meramente como uma carreira solo. Em especial, as eras de Randy Rhoads, Jake E. Lee e Wylde chamam a atenção. É como se fosse uma banda com várias fases, mas com o nome de um cara.
Antes de Ozzy Osbourne, outros vocalistas tentaram carreiras solo – mas com nome agregado. Ian Gillan com o Gillan e David Coverdale com o Whitesnake são exemplos. O primeiro nunca conseguiu grande destaque por não estar acompanhado de músicos fora de série e o segundo só vislumbrou algo realmente grande a partir de 1984, com o fantástico John Sykes e uma cozinha formada por Neil Murray e Cozy Powell.
Com Jake E. Lee
Muito bem empresariado e com um marketing pessoal fora de série, Ozzy Osbourne conquistou a todos por características de destaque, dentro e fora da música. No entanto, pouco se faz justiça a quem o acompanhou ao longo desse tempo. Não somente aos guitarristas, frequentemente lembrados. Há, também, bateristas fenomenais como Tommy Aldridge e Randy Castillo; e baixistas-compositores incríveis, como Bob Daisley, Phil Soussan e Geezer Butler – ele mesmo!
Os melhores momentos da carreira do Madman, em aspectos criativos e até comerciais, foram com Bob Daisley. O baixista merece um capítulo à parte na trajetória do cantor, pois se trata de um bom compositor, por vezes até melhor do que no baixo – tanto que é creditado como co-autor de quase todas as faixas de “The Ultimate Sin”, mas sequer tocou baixo no álbum.
Curiosamente, no entanto, Daisley só mostrou esse talento ao lado de Ozzy ao co-escrever grande parte de seus hits, já que não tem créditos autorais relacionados a outros projetos pelos quais passou, como Rainbow e Gary Moore. Pouco escreveu, ainda, para o Uriah Heep.
O caso de Ozzy e seus parceiros musicais só reforça que é raro encontrar uma verdadeira carreira solo. Dentro do metal, o Madman é o que melhor se enquadra nessa situação. Ídolos são pintados sob essa perspectiva, mas é necessário desmistificar esse tipo de pensamento.

Com Zakk Wylde

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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