Sem surpresas, Ratos de Porão enfileira clássicos no Summer Breeze Brasil
Mesmo sob sol impiedoso, músicos não pararam no palco e as rodas foram constantes
*Por Thiago Zuma
Depois de se apresentar com o seu projeto Brutal Brega em 2023, era meio óbvio que não demoraria para a banda principal de João Gordo fosse escalada para o Summer Breeze Brasil. Em um dia com várias atrações de thrash metal, o crossover do Ratos de Porão era uma boa pedida para quem acabara de ver o Overkill no Ice Stage fugir do Avatar no palco principal.
Como esperado, o Sun Stage ficou cheio para ver o lendário grupo paulista – até Dan Lilker, que mais tarde tocaria com o Anthrax, marcou presença. O terceiro palco do Summer Breeze, sem as falhas constantes no som ocorridas ano passado, mostrou-se perfeito nesta segunda edição do festival para shows que funcionam melhor quando há mais proximidade do público com a banda, garantindo espaço para ocorrerem as rodas sem prejudicar a visão de quem só quiser curtir mais de boa.
Com o pano de fundo do palco indicando seus quarenta anos de carreira, o Ratos de Porão enfileirou clássicos, com mais da metade do repertório dedicada aos discos “Brasil” (1989) e “Anarkophobia” (1991). Privilegiaram a época em que soava mais próxima do thrash metal/crossover de gringos como Suicidal Tendencies, D.R.I. e fase inicial do C.O.C. As rodas foram perenes durante a hora que o quarteto esteve no Sun Stage.
A pancadaria na pista começou logo nas duas primeiras, “Alerta Antifascista” e “Aglomeração”, tiradas de “Necropolítica”, disco “pandêmico” lançado em 2022. No entanto, foi em “Morte ao Rei”, de “Anarkophobia”, que Gordo endereçou críticas diretamente ao ex-presidente da época pedindo sua prisão, para delírio do público que mantinha os coros xingando o político inelegível.
Mesmo tendo o vocalista se assumido já “no bico do corvo” com “sessentinha” ao sofrer com o calorzão, ele parece cada vez mais saudável. Gordo fez suas dancinhas e caretas, sempre mantendo o fôlego para cantar, ou vomitar, seus versos rápidos que, segundo ele próprio, fazem mais sentido hoje do que trinta anos atrás.
Jão e Juninho pularam e correram incessantemente pelo palco, enquanto Boka seguiu uma máquina na bateria. A banda emendava uma música na outra, com poucos momentos de trégua ao público sob sol inclemente do início da tarde. Exceto pelo fato de fazerem isso sob um calor anormal para o outono paulistano, estávamos sem novidades. “Amazônica nunca mais”, né?
Apesar da presença majoritária de público da velha guarda metálica, ninguém ali reclamou de ouvir clássicos da fase inicial mais punk da banda, como os hinos “Crucificados pelo Sistema”, “Morrer” e “Descanse em Paz”.
Como nunca é diferente, a catarse do show do Ratos de Porão aconteceu quando o grupo enfileirou “Aids, Pop, Repressão” e “Beber até Morrer”. Os… ahn… “hits” do disco “Brasil” tiveram as maiores rodas e os coros mais altos daquela tarde para a banda brasileira.
O Ratos de Porão deixou o palco do Sun Stage, sem surpresas também, com “Crise geral”, mas sem apatia do público presente, prestes a ter de se decidir entre Carcass e Death Angel no conflito mais duro do domingo no Summer Breeze Brasil.
Repertório:
- Alerta Antifascista
- Aglomeração
- Amazônia Nunca Mais
- Farsa Nacionalista
- Ignorância
- Lei do Silêncio
- Morte ao Rei
- Morrer
- Mad Society
- Crianças sem Futuro
- Crucificados pelo Sistema
- Descanse em Paz
- V.C.D.M.S.A.
- Igreja Universal
- Sofrer
- Conflito Violento
- Aids, Pop, Repressão
- Beber até Morrer
- Crise Geral
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- Dr. Sin – página 3
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- Domingo, 28/04: Torture Squad – página 14
- Battle Beast – página 15
- Ratos de Porão – página 16
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