Dark Tranquillity equilibra raiva e melancolia em cenário ideal do Summer Breeze
Grupo sueco supera problemas técnicos iniciais e aproveita proximidade do Sun Stage para empolgar público mais saltitante do que violento
*Por Thiago Zuma
Em 2024, o Sun Stage do Summer Breeze 2024 foi um cenário perfeito para tornar especiais shows como o do Dark Tranquillity. Diferente do ano passado, a qualidade de som boa num ambiente de maior proximidade entre banda e público criou a atmosfera ideal para que o artista dependesse apenas de sua música para empolgar sua audiência.
No sábado (27) marcado por ter os dois palcos principais abarrotados de gente para ver bandas com ênfase em melodia, o Dark Tranquillity pareceu bem deslocado, mesmo sendo um dos pioneiros de tal derivação para o death metal, tradicional da cidade sueca de Gotemburgo. Apesar de dividir o horário com o Epica, que prometia um show especial no Ice Stage, havia um bom público para ver os escandinavos.
Com um disco novo ainda sem título e data de lançamento confirmados, mas que já teve a animadinha “The Last Imagination” executada nesta noite, o Dark Tranquillity pôde montar um repertório equilibrado. Mesmo assim, o grupo ignorou os velhos tempos, quando rivalizava com o In Flames, veja só, na sucessão do At the Gates como reis do death metal em Gotemburgo.
Todos de roupa preta, sob iluminação sóbria e soturna, o sexteto subiu ao palco do Sun Stage mais ou menos no horário previsto com “Identical to None”, do último disco de estúdio da banda, “Moment”, de 2020. Pontuada por momentos extremos aqui e acolá, a música gerou algumas tímidas rodas na pista, mostrando a boa vontade do público para os suecos.
Apesar da qualidade boa de som, o show também teve suas trapalhadas logo no início, com a banda não conseguindo acertar os samplers para a anunciada segunda música, “Hours Passed in Exile”, do celebrado “Damage Done”, de 2002. Mikael Stanne, vocalista e único membro original remanescente, desculpou-se pela pausa forçada e, quando os músicos voltaram ao batente, tocaram “Nothing to No One”, a primeira da noite entre as três músicas de “Fiction” (2007), disco de maior representação no repertório do grupo para o Summer Breeze Brasil.
Mais uma vez o cantor fez o “mea culpa” e então tocaram a música previamente anunciada. Daí para frente, o show engrenou sem maiores problemas. Com um público mais saltitante do que violento, em faixas como “Atoma” e “Phantom Days”, o Dark Tranquillity equilibrava sua origem extrema com influências góticas, sem abrir mão de seu lado melódico, por vezes beirando o power metal.
Óbvio que rodas foram despertadas durante “Terminus (Where Death is Most Alive)”, canção de “Fiction” dedicada à cidade natal sueca do grupo, e cuja sonoridade mais se aproximou do death metal melódico de seu início de carreira durante toda a noite.
Na reta final, a maideniana “Cathode Ray Sunshine” jogou o clima do show lá para cima, mas o auge do Dark Tranquillity no Summer Breeze veio com a épica “Therein”, de “Projector” (1999), única faixa noventista do grupo nesta noite, em união perfeita do death metal de Gotemburgo com um som melancólico num refrão de cortar os pulsos, cantado por Stanne como se fosse Dave Gahan, do Depeche Mode.
Antes de tocar a animada “Lost to Apathy”, de “Character” (2005), o vocalista fez uma regressão no tempo e lembrou de quando, em seu início de carreira, o grupo jamais imaginava alguém daqui sequer ouvindo sua música, muito menos tocar no Brasil, como aconteceu nesta sua quarta passagem pelo país. Também fez questão de salientar que o público não havia sido nada apático durante a noite e influenciou mais algumas rodas.
O final, como esperado, veio com seu quase-hit “Misery’s Crown”, faixa de “Fiction” que não soaria deslocada em “Draconian Times”, do Paradise Lost, mas dificilmente finalizaria um show tão bom se tivesse ocorrido em qualquer dos dois palcos principais. Que os curadores do Summer Breeze Brasil mantenham esse nível e sigam usando o Sun Stage com essa sabedoria nas próximas edições.
Repertório:
- Identical to None
- Nothing to No One
- Hours Passed in Exile
- Atoma
- Terminus (Where Death Is Most Alive)
- The Last Imagination
- Phantom Days
- Cathode Ray Sunshine
- ThereIn
- Lost to Apathy
- Misery’s Crown
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- Dr. Sin – página 3
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