A banda que poderia ter estourado no lugar do Nirvana, segundo Dave Grohl

Líder do Foo Fighters nunca entendeu como o grupo em questão não conseguiu se tornar grande

Quando o Nirvana estourou, muitas pessoas estabeleceram comparações com o Pixies. Até mesmo David Bowie, ao escutar “Nevermind” (1991) pela primeira vez, disse ter associado a sonoridade ao grupo de Black Francis.

­

- Advertisement -

Apesar de não ter alcançado o mesmo patamar, a banda alternativa conta com uma base sólida de fãs até hoje. Incluindo Dave Grohl.

Durante entrevista de 1997 ao Montreal Mirror, resgatada pelo fansite Foo Archive, o líder do Foo Fighters foi perguntado se achava que o Pixies poderia ter sido o que o Nirvana foi caso estivesse “na hora certa e no lugar certo”.

Ele respondeu, revelando o sentimento coletivo:

“Acho que sim. Ficamos todos meio surpresos que eles nunca fizeram sucesso. Há músicas no último álbum deles que realmente poderiam ter sido músicas de rádio. Eles poderiam ter sido a nova banda favorita da MTV, mas não foram.”

À época, o derradeiro álbum do conjunto havia sido “Trompe le Monde”, de 1991. O trabalho chegou a ganhar disco de prata no Reino Unido, onde o Pixies sempre teve uma base mais substancial de admiradores. Grohl prosseguiu:

“E eles se separaram quando o Jane’s Addiction estava se tornando enorme. Charles (Michael Kittridge Thompson IV, nome de Black Francis) foi fazer suas coisas como Frank Black e Kim Deal foi fazer as coisas do Breeders. Mas eles foram uma grande influência para muitas pessoas porque eles realmente uma banda pop, embora muito estranhos.”

Kim Deal e Dave Grohl

Dave ainda estabeleceu um paralelo com a baixista pelo fato de ambos terem tomado a linha de frente de outra banda.

“Acho que uma das semelhanças entre mim e Kim é que não éramos os principais compositores. E os principais compositores de cada banda eram geniais, sabe? Quer dizer, eu achava Kurt incrível, achava que ele era um gênio. E acho que Charles, do Pixies, é um gênio. Então, quando você está em algo assim, não é que esteja sendo controlado, mas não quer poluir o processo. Eu não queria oferecer músicas para o Nirvana porque elas simplesmente não eram tão boas quanto as que Kurt escreveu. Então, quando você sai de uma banda como essa e faz um álbum próprio, as pessoas ficam realmente chocadas. Eles sempre consideraram você apenas como músico de apoio.”

Black Francis e o Nirvana

Em 2021, Black Francis foi questionado pela revista britânica Kerrang! sobre se sentir de alguma forma injustiçado. Ele respondeu:

“Nós realmente não nos importamos. Não inventamos a dinâmica de alto-quieto-alto. Ela está em todos os tipos de música. Eu lembro de ouvir Sisters of Mercy na discoteca e havia muita dinâmica naqueles grandes versos abertos com apenas um baixo, um bumbo bateria e uma caixa. Então algo maior aconteceu em outra parte da música que a elevou. Há muitas coisas que tinham dinâmicas como essa que pegamos de outras bandas. Não é realmente copiar. E é natural que se você fizer algo bom, então outras pessoas vão dizer, ‘Oh, eu gosto dessa banda.’”

Leia também:  O curioso hobby que une David Gilmour e Xororó

Obviamente, uma menção ao Nirvana não poderia faltar. O músico declarou:

“Se alguém se torna famoso como o Nirvana, eu realmente não posso fazer nada com essa informação além de soar como um idiota pomposo sobre ela. Ou, se eu for na outra direção, corro o risco de soar ingrato. Em algum momento, comecei a me ressentir um pouco também. Principalmente quando me perguntam sobre isso, porque eu sabia que eles eram famosos e tinham alguns discos de muito sucesso. Mas quando me perguntavam sobre o Nirvana repetidamente, eu pensava: ‘Onde eu me encaixo nisso? Eu sou o Nirvana Jr? Estou sendo validado porque outro cara mencionou meu nome?’ Não posso fazer nada sobre isso.”

Black ainda deixou claro que não chegou a conversar com Kurt Cobain sobre o tema por um simples motivo.

“Eu nunca o conheci. Acho que ele era uma pessoa tímida. Certamente frequentamos alguns dos mesmos locais muitas vezes, mas nunca nos conhecemos de verdade.”

Pixies atualmente

O Pixies lança seu nono álbum de estúdio dia 25 de outubro, via BMG. “The Night the Zombies Came” conta com 13 faixas e marca a estreia da nova baixista, Emma Richardson, que substituiu Paz Lenchantin em março.

A função é a única em toda a carreira do conjunto a ter sofrido mudanças. Além das duas, Kim Deal ocupou o posto de 1986 a 1993, se mantendo com o retorno da banda em 2004 e permanecendo até 2012. Kim Shattuck fez os shows seguintes e Simon Archer registrou o disco “Indie Cindy” (2014).

O restante da formação segue contando desde o começo das atividades com Black Francis (vocal e guitarra rítmica), Joey Santiago (guitarra solo) e David Lovering (bateria).

Sobre a banda

Considerados heróis da cena alternativa dos Estados Unidos, o Pixies é visto como uma das grandes referências para o que viria a ser o estouro da cena grunge no início dos anos 1990. Seu debut, “Surfer Rosa” (1988) ganhou disco de ouro em terras americanas. O seguinte, “Doolittle” (1989), foi ainda melhor, faturando premiação de platina.

A popularidade é ainda maior no Reino Unido. Exceção ao trabalho de estreia e o mais recente, “Doggerel”, todos os outros álbuns de estúdio entraram no Top 10 da parada britânica. Ainda assim, o último ficou na 13ª posição do chart.

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioCuriosidadesA banda que poderia ter estourado no lugar do Nirvana, segundo Dave...
João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades