Spotify divulga relatório Loud & Clear e aponta recordes de pagamento à indústria musical

Empresa afirma ter distribuído mais de US$ 9 bilhões a detentores de direitos autorais somente em 2023

O Spotify apresentou nesta semana seu relatório anual Loud & Clear 2024, com informações referentes ao ano anterior que visam conferir transparência financeira à plataforma de streaming – bastante criticada por seus pagamentos a artistas e podcasters, especialmente após a remunerar apenas aqueles que ultrapassam mil execuções. Alguns dados presentes no documento já haviam sido antecipados em publicação recente.

Por mais um ano, o Spotify estabeleceu o recorde de maior pagamento anual à indústria da música de um único varejista: mais de US$ 9 bilhões. O valor equivale a quase R$ 45 bi na cotação atual e em transação direta.

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O número quase triplicou nos últimos seis anos e representa uma grande parte dos mais de US$ 48 bilhões que a empresa pagou desde a sua fundação. O dinheiro vai para detentores de direitos autorais, que incluem gravadoras, editoras, distribuidores independentes, organizações de direitos de execução e sociedades de gestão coletiva.

Além disso, a companhia declara ter pago aproximadamente US$ 4 bilhões às editoras – que representam compositores – nos últimos dois anos. De acordo com o Global Value of Music Copyright, editoras, compositores e organizações de gestão coletiva estão obtendo mais do que o dobro da receita (US$ 5,5 bilhões em 2022) na era do streaming do que já tiveram na era do CD/vendas (US$ 2,5 bilhões em 2001).

Também é destacado que o número de artistas que geram pelo menos US$ 1 milhão, US$ 100 mil e US$ 10 mil quase triplicou desde 2017. A quantidade de artistas que geram receita em todos os limites compartilhados na plataforma – de US$ 1 mil a US$ 10 milhões por ano – quase triplicou desde 2017. Esses valores representam a receita gerada apenas pelo Spotify. Ao levar em conta os ganhos de outros serviços e fontes de receita registradas, esses artistas provavelmente geraram 4x essa receita a partir de fontes de música registradas em geral, além de receitas adicionais de ingressos de shows e produtos.

Idiomas

De acordo com a empresa, mais da metade dos artistas que geraram pelo menos US$ 10 mil no Spotify são de países onde o inglês não é a primeira língua. Dos 66 mil músicos que geraram pelo menos US$ 10 mil somente no Spotify – e provavelmente US$ 40 mil em todas as fontes de receita registradas –, mais da metade são de países com outros idiomas prioritários.

Espanhol, alemão, português, francês e coreano lideram o desempenho em idiomas que não o inglês. Hindi, indonésio, punjabi, tâmil e grego tiveram “grandes aumentos” em 2023.

Independentes

Em 2023, artistas independentes geraram cerca de US$ 4,5 bilhões no Spotify. Foi o primeiro ano em que os independentes responderam por cerca de metade do que toda a indústria gerou no Spotify, que totalizou mais de US$ 9 bilhões.

Isso representa um aumento de 4 vezes para os indies desde 2017. É o valor mais alto que os independentes já geraram de um único varejista em um ano.

Confira, abaixo, mais informações destacadas pelo comunicado do Spotify à imprensa.

  • Muitos dos artistas que geraram pelo menos US$ 1 milhão no Spotify em 2023 não são artistas mainstream e não precisaram de um hit para ter um ano de sucesso. 80% deles não tiveram nenhuma música alcançando o Top 50 do charts Daily Global Songs do Spotify.
  • 225 mil artistas emergentes e profissionais no Spotify em 2023 dependem mais do streaming como parte de seu sustento. Mais de 10 milhões dos que fizeram upload tiveram pelo menos uma faixa. Cerca de 8 milhões tiveram menos de 10 faixas ao longo do tempo. Mais de 5 milhões tiveram menos de 100 streams no total em seu catálogo completo. A empresa afirma: “Mais artistas estão tendo sucesso e, como resultado, muitos mais estão interessados em se tornar artistas. Claro, mais de 10 milhões dos que fazem uploads têm pelo menos uma faixa no Spotify, mas quando se trata de criar oportunidades financeiras, estamos focados naqueles mais dependentes do streaming como parte de seu sustento: esses 225.000 artistas emergentes e profissionais que estão construindo carreiras”.
  • Quase metade dos artistas que geraram mais de US$ 10 mil no Spotify em 2017, agora estão gerando mais de US$ 50 mil e provavelmente US$ 200 mil em todas as fontes de receita registradas.
  • Em 2023, 50 mil artistas geraram pelo menos US$ 16,5 mil no Spotify e provavelmente US$ 65 mil de músicas gravadas em geral. “A esmagadora maioria dos artistas no Spotify não teria música na prateleira na era do CD. Se você listasse todos os artistas no Spotify, em ordem de quanto dinheiro eles geraram, mesmo o 50.000º colocado gerou no mínimo US$ 16,5 mil somente no Spotify”, complementa a empresa.

Polêmicas recentes

As informações detalhadas posteriormente em relatório anual “Loud & Clear” chegam a público em meio a várias críticas direcionadas ao Spotify. Artistas reclamam há anos das remunerações que recebem das plataformas de streaming, com destaque à mais famosa. A empresa também comunicou, no fim do ano passado, que somente faixas com mais de mil execuções estariam elegíveis para pagamentos. Mesmo internamente, a situação é complicada, já que a companhia anunciou em dezembro um corte de 1,5 mil empregos, o equivalente a cerca de 17% da força total de trabalho, como forma de reduzir custos.

Apesar disso, em março passado, o Spotify afirmou que devolve quase 70% de cada dólar que gera com a música à indústria. A receita musical é gerada de duas fontes: taxas de assinatura de sua plataforma Premium para assinantes pagantes e taxas de publicidade em música de seu serviço gratuito.

Os pagamentos vão primeiro para os detentores dos direitos – que raramente são o artista ou compositor – que depois recebem a sua taxa ou percentagem e pagam aos criadores a sua parte. Os detentores de direitos incluem gravadoras, editoras, distribuidores independentes, organizações de direitos de execução e sociedades de gestão coletiva.

Em uma declaração no último mês de março, o Spotify afirmou o seguinte sobre suas distribuições de royalties:

“Esses números representam a geração de receita apenas do Spotify. Ao levar em conta os ganhos de outros serviços e os fluxos de receita gravados, esses artistas provavelmente geraram 4x essa receita de fontes de música gravada em geral.”

Spotify atualmente

Apesar das críticas e das notícias internas não tão boas, o Spotify adicionou um total de 28 milhões de usuários ativos mensais no trimestre final de 2023. Agora, são 602 milhões de pessoas utilizando a plataforma.

A empresa também recebeu mais 10 milhões de assinantes Premium. Chegou a 236 milhões de clientes nessa modalidade.

Consumo em streaming cresce

Escutar música em formato digital se tornou uma realidade que continua em constante crescimento. Uma prova disso é que, em 2023, o consumo em streaming aumentou 22,3% na comparação com o ano anterior.

A informação vem de um estudo conduzido pela empresa de monitoramento de marketing Luminate (via Metal Injection). Os dados apontaram que em todo o planeta, apenas em 2023, foram gerados 4,1 trilhões de streams de música, considerando todas as plataformas disponíveis no mercado. Em 2022, a marca ficou na casa de 3,4 trilhões.

O estudo ainda mostrou que se considerados os streams de áudio e vídeo somados, o valor chega na impressionante marca de 7,1 trilhões. Isso representa um crescimento de 33,7% em relação a 2022, ano em que foram registrados 5,3 trilhões de reproduções combinadas.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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