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Roger Waters diz que quem crê na democracia ocidental é “um pouco estúpido”

Ex-Pink Floyd voltou a falar sobre o conflito entre Israel e o Hamas, fazendo críticas a líderes de alguns países

Roger Waters voltou a fazer comentários sobre o conflito entre Israel e o grupo Hamas, na Faixa de Gaza. O ex-integrante do Pink Floyd atacou líderes mundiais e disse não acreditar no conceito de democracia ocidental há muito tempo.

O assunto foi abordado por Waters durante entrevista à rede de TV árabe Al Jazeera. Na ocasião, foi perguntado sobre ainda ter fé na democracia ocidental depois de todos os acontecimentos no conflito.

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Conforme transcrição do site Rock Celebrities, ele afirmou:

“Não, é claro que não tenho. Não tenho fé na democracia ocidental desde logo depois da Segunda Guerra Mundial. Qualquer um que tenha fé na democracia ocidental é obviamente um pouco estúpido. Eles não têm visto o que está acontecendo.”

Na sequência, Roger afirmou que esse é um bom momento para que as pessoas passem a prestar atenção no que está acontecendo na Faixa de Gaza. O músico citou nomes do governo americano e líderes de outros países como exemplo de quem não quer realmente resolver o conflito, mas sim trabalhar por interesses próprios, em sua opinião.

“Bem, esse é o momento, porque as democracias ocidentais se revelaram abertamente, não apenas Joe Biden (presidente dos EUA), Antony Blinken (secretário de Estado dos EUA), Victoria Nuland (subsecretária de Estado para assuntos políticos dos EUA), Jake Sullivan (conselheiro de segurança nacional dos EUA) e os americanos, mas também Rishi Sunak (primeiro-ministro do Reino Unido), Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista na Inglaterra, Macron (presidente da França) e todos esses líderes dos chamados países democráticos por toda a OTAN, se revelaram e disseram: ‘Aqui estamos e declaramos que não damos a mínima para você, sua democracia ou para os direitos humanos. Só ligamos para nossa economia restrita, interesses políticos e hegemônicos, e isso somos nós demonstrando para você, e se você eleger qualquer um de nós de novo, que seja’.”

Roger Waters e o conflito Israel x Hamas

Roger Waters é crítico do conflito há algum tempo. Suas declarações já lhe renderam problemas, como quando não conseguia encontrar um hotel para hospedar sua equipe na Argentina e Colômbia, durante a turnê mais recente pela América do Sul. Ele também teve seu contrato com a gravadora BMG rompido.

Por seu posicionamento, o músico é frequentemente acusado de ser antissemita. Entre os responsáveis por essa alegação estão Polly Samson, esposa do ex-colega de Pink Floyd e atual desafeto David Gilmour, além de nomes como o produtor Bob Ezrin. Há um documentário intitulado “The Dark Side of Roger Waters”, que fala sobre situações onde Roger teria atacado ou se referido a judeus de forma pejorativa.

Sobre as acusações de antissemitismo e o documentário mencionado, Roger publicou em seu site oficial o seguinte texto:

“A Campaign Against Antisemitism me contactou sobre um filme que fizeram. Deram-me sete dias para responder a múltiplas perguntas sobre assuntos que remontam a 2002 e 2010. Inicialmente, considerei que os seus ataques à minha pessoa não mereciam atenção. No entanto, agora que os ataques estão em circulação, quero deixar registrada a minha resposta.

Durante toda a vida usei a plataforma que a minha carreira proporcionou para apoiar causas em que acredito. Acredito apaixonadamente nos Direitos Humanos Universais. Sempre trabalhei para tornar o mundo um lugar melhor, mais justo e mais equitativo para todos os meus irmãos e irmãs, em todo o planeta, independentemente da sua etnia, religião ou nacionalidade, desde os povos indígenas ameaçados pela indústria petrolífera dos EUA até às mulheres iranianas protestando pelos seus direitos.

É por isso que sou ativo no movimento de protesto não violento contra a ocupação ilegal da Palestina pelo governo israelita e o tratamento flagrante que dispensa aos palestinianos. Aqueles que desejam confundir essa posição com o antissemitismo prestam um grande desserviço a todos nós.

As pessoas precisam conhecer a CAA, organização que fez este filme. Na sequência de queixas à Comissão de Caridade, a CAA está a ser analisada. O seu objetivo principal é travar campanhas políticas partidárias contra os críticos do estado de Israel. Então eu sabia que suas perguntas não foram feitas de boa fé.

A verdade é que sou frequentemente tagarela e propenso à irreverência, não me lembro do que disse há 13 anos ou mais. Trabalhei em estreita colaboração durante muitos anos com muitos judeus, músicos e outros. Se perturbei as duas pessoas que aparecem no filme, sinto muito por isso. Mas posso dizer com certeza que não sou, e nunca fui, um antissemita – como testemunhará qualquer pessoa que realmente me conheça. Sei que o povo judeu é um grupo diversificado, interessante e complicado, tal como o resto da humanidade. Muitos são aliados na luta pela igualdade e justiça, em Israel, na Palestina e em todo o mundo.

O filme distorce e deturpa totalmente a minha visão sobre o estado israelita e a sua ideologia política, o sionismo. Baseia-se numa definição de antissemitismo que vê a crítica a Israel como inerentemente antissemita e assume que o sionismo é um elemento essencial na identidade judaica. Estas opiniões, claramente partilhadas pelo apresentador e pelos dois entrevistados, são amplamente contestadas por muitos, incluindo muitos judeus.

O filme da CAA manipula filmagens e citações para servir a sua agenda e é seriamente enganoso em muitos aspectos. O que diz sobre a minha última turnê, ‘This Is Not A Drill’, repete uma série de falsidades que já foram desmascaradas, muitas vezes, não apenas por mim, mas nos tribunais alemães, depois que foram feitas tentativas de banir meus shows por lá.

As palavras ofensivas que mencionei entre aspas num e-mail há 13 anos foram as minhas ideias de brainstorming sobre como tornar os males e horrores do fascismo e do extremismo aparentes e chocantes para uma geração que pode não apreciar totalmente a ameaça sempre presente. Não são a manifestação de qualquer intolerância subjacente, como sugere o filme. Muito pelo contrário. Tenho tentado expor os males do fascismo desde que soube da morte do meu pai lutando contra fascistas na Segunda Guerra Mundial.

Em resumo, o filme é uma peça de propaganda frágil e sem remorso, que mistura indiscriminadamente coisas que supostamente disse ou fiz em diferentes momentos e em diferentes contextos, num esforço para me retratar como um antissemita, sem qualquer fundamento de fato.”

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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