Ozzy Osbourne conta por que criticou Kanye West abertamente por sample não autorizado

“Com a situação que vivemos atualmente, não é preciso que ninguém incite qualquer tipo de discriminação”, declarou o Madman ao reforçar alegações de antissemitismo contra o rapper

Kanye West, hoje chamado apenas de Ye, havia utilizado um trecho da música “Iron Man”, do Black Sabbath, em seu novo álbum, “Vultures” — parceria com Ty Dolla $ign. Ozzy Osbourne não autorizou o sample e, por isso, veio a público criticar a atitude do rapper e classificá-lo como antissemita.

Agora, o Madman resolveu se manifestar pela primeira vez desde a publicação nas redes. Em entrevista à Rolling Stone, o lendário vocalista do Sabbath e solo revelou ter sentido que precisava tomar uma posição porque “bem, ninguém mais faria isso, não é?”.

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Osbourne também deixou claro que não se arrepende de ter tornado público seu desdém pelo rapper.

“Com a situação que vivemos atualmente, não é preciso que ninguém incite qualquer tipo de discriminação. Está errado. É simplesmente errado.”

O repórter da Rolling Stone, Kory Grow, disse que “a frustração de Ozzy com o incidente ainda transparecia em sua voz” enquanto ele seguia com sua crítica. Ele declarou:

“Já existe ódio o suficiente. Ele não deveria ter dito nenhuma dessas coisas. Eu estaria errado se não falasse nada sobre ele. Não quero que nenhum dos meus trabalhos, de qualquer forma, seja associado a algo assim.”

A nova entrevista do Madman tem o intuito de promover uma nova música que ele gravou com o guitarrista Billy Morrison (Billy Idol), coapresentador do programa de rádio “Ozzy’s Boneyard”, do sistema pago americano SiriusXM. A faixa, intitulada “Crack Cocaine”, fará parte do próximo álbum solo de Billy, “The Morrison Project”, que será lançado em 19 de abril. O conteúdo principal será divulgado em breve.

O comentário de Ozzy Osbourne

Por meio de uma publicação no X/Twitter, Ozzy Osbourne revelou que o rapper pediu autorização para usar um trecho da versão ao vivo de “Iron Man” tocada durante show no US Festival, em 1983. Mesmo com a negativa, o artista resolveu utilizá-la durante uma listening party de seu novo disco em Chicago, nos Estados Unidos.

Assim, Ozzy declarou:

“Kanye West pediu permissão para usar como sample um trecho da performance ao vivo de ‘Iron Man’ do US Festival, sem vocais. O pedido foi negado, pois ele é um antissemita e causou desgosto incalculável a várias pessoas. Mesmo assim, ele foi adiante e usou o sample na festa de lançamento de seu álbum na noite passada. Não quero nenhuma associação com este homem!”

Em mensagem anterior, o Madman disse que a canção era “War Pigs” — que não foi tocada por ele durante seu show no US Festival, em 29 de maio de 1983. Depois, ele se corrigiu e apontou que era “Iron Man”.

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Após a crítica, o rapper substituiu o sample e ainda teve uma curiosa sacada. Agora a canção “Carnival”, colaboração com Rich the Kid e Playboi Carti, incorporou parte de “Hell of a Life” — lançada pelo próprio West no disco “My Beautiful Dark Twisted Fantasy” (2010). Surpreendentemente, a música em questão apresenta uma interpolação, legalmente liberada à época, de “Iron Man”.

Ou seja: de maneira diferente, o clássico do Sabbath continua indiretamente presente na gravação. Curiosamente, porém, Ye não escolheu o trecho que cita explicitamente “Iron Man”. É o tipo de referência que será entendida, basicamente, apenas por fãs que sabem da interpolação.

Kanye West e o alegado antissemitismo

West gerou controvérsia nos últimos anos por posicionamentos considerados antissemitas. No fim de 2022, o rapper foi banido de redes sociais por acusar o colega de profissão Diddy de ser manipulado por judeus (após ser criticado por usar uma camiseta com os escritos “White Lives Matter”) e dizer que iria adotar “death con 3 em relação aos judeus”, uma referência ao termo Defcon (estado de alerta usado pelas Forças Armadas americanas). Também disse “amar” nazistas e Adolf Hitler em uma transmissão ao vivo no site InfoWars.com.

No fim de 2023, voltou a ganhar manchetes por fazer um discurso contra judeus. Além de se comparar a Hitler e a Jesus Cristo, ele disse:

“Eu ainda mantenho alguns judeus perto de mim. Como empresários? Não. Só deixo fazerem minhas joias. […] Eu estava lidando com um advogado de divórcio e expliquei para ele qual era o meu problema. E a resposta dele foi: ‘se você continuar com essa retórica antissemita, você não vai poder ver seus filhos’. Eu não poderia ter uma opinião, ou não poderia ver meus filhos. Vocês sabem com quem estão mexendo? Eu sou um intermediário de Deus.”

Na música “Vultures”, de ¥$ em parceria com Kanye e Bump J, o rapper canta em um trecho: “Como posso ser antissemita? Eu acabei de transar com uma p*ta judia”.

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Referências a Varg Vikernes e Burzum

Além dos episódios relatados acima, Kanye West causou surpresa recentemente ao aparecer em uma foto com uma camiseta do Burzum, projeto black metal de Varg Vikernes, músico conhecido por ter assassinado o guitarrista Euronymous (Mayhem) e pelos posicionamentos preconceituosos. O rapper também fez referência à banda na capa de seu novo trabalho, “Vultures”, parceria com Ty Dolla $ign.

A imagem na capa de “Vultures” carrega ainda outra conexão com o nazismo. O registro faz parte de uma paisagem maior criada pelo artista plástico Caspar David Friedrich, um dos favoritos de Adolf Hitler, que chegou a usar suas obras como parte da propaganda nazista nos anos 1930 e 1940. Friedrich, no entanto, viveu entre os séculos 18 e 19.

Vikernes passou 16 anos preso por ter assassinado Euronymous e incendiado 3 igrejas na Noruega. Em anos recentes, ele seguiu se manifestando nas mídias, pregando guerras raciais e nacionalismo extremo, com posturas anti-imigração.

Em 2014, chegou a ser condenado a seis meses de liberdade condicional e pagamento de multa de 8 mil euros por incitar ódio racial contra judeus e muçulmanos em seu blog, Thulean Perspective. Cinco anos depois, teve o seu canal no YouTube removido, no mesmo período em que a plataforma anunciou que intensificaria a retirada de “vídeos que alegam que um grupo é superior para justificar discriminação, segregação ou exclusão”.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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