Roger Waters frequentemente é rotulado como antissemita. Por declarações em defesa à Palestina, posturas no palco e certos posicionamentos, o cantor já recebeu inúmeras críticas e acusações e foi até investigado. Mas de acordo com o seu filho mais velho, Harry Waters, o ex-integrante do Pink Floyd não tem qualquer preconceito com judeus.
Conversando com a Rolling Stone, o também músico explicou por que o pai é incompreendido. Em seu ponto de vista, parte do público não entende que os elementos explorados por Roger nas performances há décadas são utilizados em tom crítico e não de apoio.
Harry ainda pontuou que há uma confusão quanto aos pensamentos políticos expressados pelo artista. Ele disse:
“Não é verdade que ele seja antissemita. As pessoas confundem ser contra o governo israelense e ser contra Benjamin Netanyahu [orimeiro ministro de Israel] com ser antissemita. As pessoas dizem: ‘oh, ele veste um uniforme da SS [dos soldados nazistas] e usa uma estrela de David no porco [nos shows]’ e eu só quero dizer ‘seus idiotas, ele faz isso há 40 anos. É uma sátira. Há também uma placa da Mercedes, uma foice e um martelo e um cifrão no porco. Ele está mostrando todos os males do mundo. Mas as pessoas confundem isso e pensam que ele é um antissemita, o que é realmente estúpido.”
Diferentemente do pai, Harry prefere manter-se neutro no quesito opiniões sobre o mundo. Quando perguntado sobre a invasão russa à Ucrânia — criticada por Roger —, por exemplo, o músico apenas respondeu:
“Percebi que muito do que ele diz é inflamatório, pelos motivos certos ou pelos motivos errados. Mas não sei o suficiente sobre a situação para expor as minhas ideias. Não sei se ele está certo ou errado, mas ele é muito inteligente. E eu sei que ele lê muito sobre tudo.”
Por fim, mencionou:
“Não tenho interesse em discutir publicamente minhas opiniões como ele faz. Eu não fico acordado e perco o sono à noite por causa de coisas que fazem com que ele perca o sono.”
Sobre Harry Waters
Harry Waters, filho mais velho do ex-Pink Floyd, seguiu os passos do pai na música e fez parte da banda dele por bastante tempo. O multi-instrumentista assumiu teclados, órgão, piano, sintetizadores e ocasionalmente violões entre 2002 e 2016.
Em entrevista à Rolling Stone, Harry contou que foi demitido por Roger pouco antes do Natal de 2016, quando a turnê “Us + Them” — que passou pelo Brasil em 2018 — começou a ser planejada.
Curiosamente, o filho de Roger esteve envolvido diretamente com o Pink Floyd logo em seus tempos iniciais de vida. Aos dois anos, foi levado pelo pai ao estúdio onde o álbum “The Wall” (1979) estava sendo feito. Acabou gravando a frase “look mummy, there’s an aeroplane up in the sky” (“olha, mamãe, há um avião no céu”), que dá início à música “Goodbye Blue Sky”.
Fora da banda de Roger Waters, Harry teve mais tempo para se dedicar aos próprios projetos. Ele tem um grupo próprio de jazz, Harry Waters Band, e um duo com o cantor John McNally. Ambos se mantêm ativos.
Waters também compôs músicas para programas de TV como “Downton Abbey” e “Comedians in Cars Getting Coffee”. Fez ainda uma breve turnê com o Dean Ween Group e um giro bem mais longo com a Les Claypool’s Fearless Flying Frog Brigade — que, além do baixista do Primus, conta com Sean Lennon, filho de John Lennon. Nesta excursão, tocaram na íntegra “Animals”, álbum do Pink Floyd que é o favorito de Harry.
Devido ao envolvimento familiar e até profissional com Roger, Harry recebe vários convites para trabalhar com tributos ao Pink Floyd. Por vezes, aceita, como o cover israelense Echoes e o Brit Floyd.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.