Luis Mariutti desabafa sobre baixo retorno financeiro na música

Junto de sua esposa, Fernanda, músico expôs desafios enfrentados mesmo com 40 anos de carreira

Em um desabafo publicado no seu canal do YouTube, o baixista Luis Mariutti (ex-Angra e Shaman) e sua esposa, Fernanda, falaram sobre as dificuldades que enfrentam do ponto de vista profissional. Os dois desabafaram sobre a necessidade de estarem sempre recalculando os planos por conta da instabilidade financeira que a área artística enfrenta.

Conforme transcrição do Whiplash, Fernanda começou lamentando que muitos fãs deixaram de ir a shows da reunião do Shaman porque “depois terá outro”. Com a morte do vocalista Andre Matos, em 2019, isso se tornou impossível. Ela, que trabalha em funções diversas do gerenciamento da carreira de Luis, destacou que ambos prezam pela autenticidade e clareza.

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Luis complementou, citando de forma direta a falta de retorno financeiro proporcional ao esforço.

“Chega uma hora que cansa, né? Porque é um trabalho duro. Então, precisamos de um retorno financeiro desse trabalho. Todo mundo que trabalha precisa. Essa é a nossa principal dificuldade, falando claramente. A principal dificuldade do Mariutti Team é ter um retorno financeiro real. Pessoas maravilhosas elogiam nosso trabalho, falam do livro, disco, tudo. Nos dedicamos, mas o retorno financeiro não condiz com o trabalho. Poderia já estar aposentado, já trabalhei mais de 35 anos, mas continuo correndo atrás.”

O baixista reforçou amar o que faz, mas deixou claro que “o retorno não condiz com os quase 40 anos de carreira”. Isso o faz repensar se o esforço e o desgaste valem a pena.

“Vivemos na noite, com barulho, para tirar nossa energia. Fazemos tudo. Temos amigos que ajudam, mas a maioria das coisas é feita por nós. A feira da música que fizemos há pouco (Conecta+ Música e Mercado) nós ficamos lá 4 dias, 10 horas de pé, atendendo todo mundo, tirando foto, autografando. Isso já está desgastando demais. Fiz um curso inteiro, de cabo a rabo, sobre baixo, gravando horas e horas, bolando e escrevendo. Vendi um curso apenas após 40 anos de carreira. Isso me deixou mal, e as pessoas acham frescura, mas fico mal mesmo.”

Menção a Andre Matos

Por fim, Luis Mariutti citou que Andre Matos só obteve o devido reconhecimento após seu falecimento. De acordo com o baixista, até mesmo o vocalista estava em uma “situação ruim financeira” em seus anos finais.

“O problema sou eu? Chega, porque não é possível. Tem que parar mesmo. A gente só é valorizado depois que morre. O Andre Matos estava nessa situação ruim financeira quando morreu. Financeiramente mal, e as homenagens começaram só depois da morte.”

Sucesso do Shamangra definirá ano do músico

Em outro momento da transmissão, conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, Luis Mariutti deixou claro que o sucesso do show do projeto Shamangra, com músicos que passaram pelo Angra e Shaman, é essencial para a definição de como será todo o seu ano de 2024. A apresentação acontecerá na Festa da Firma Matiutti Team, da equipe do baixista, a ser realizada na Audio Club, em São Paulo, dia 14 de janeiro de 2024.

“Para a gente, infelizmente, está ficando complicado. Então pedimos: para essa festa ser legal, para todos nos ajudarem com essa festa, porque o nosso próximo ano dependerá do sucesso dessa festa.”

Em seguida, Mariutti disse ter ficado decepcionado com as baixas vendas de seu álbum solo “Unholy” na feira Conecta+ Música e Mercado.

“Investimos muito na feira. Além do investimento financeiro alto, ficamos quatro dias, saindo de casa às 7 da manhã para voltar às 2 da manhã, para vender 100 CDs — sendo bem sincero —, 100 CDs em três dias. Imaginei que venderia uns 500, porque investimos nisso. E o que são 500 CDs no mundo do rock? P#rra nenhuma. Mas para nós, sequer conseguimos isso. As pessoas não têm noção. Veem o cara fazendo show lotado e pensam que estou rico. Realmente passou muita grana na minha vida, mas a realidade é outra.”

O álbum solo “Unholy”

Em setembro, Mariutti lançou seu primeiro álbum solo. “Unholy” mescla faixas instrumentais e cantadas, trazendo o instrumento do protagonista com ênfase nas composições.

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A produção musical, guitarras e arranjos ficaram a cargo de Hugo Mariutti. Os vocais são de Thiago Bianchi, com bateria de Henrique Pucci. Coprodução, mixagem e masterização foram realizadas no Estúdio Fusão. As artes são de Raphael Efez e produção artística de Fernanda Mariutti.

Sobre Luis Mariutti

Luis Eduardo Mariutti Pereira nasceu em São Paulo e começou a carreira tocando no Firebox. Posteriormente, integrou a banda do cantor Supla por um breve período, onde tocou pela primeira vez com o guitarrista Kiko Loureiro e o baterista Ricardo Confessori.

A seguir, passou a integrar o Angra, participando dos três primeiros álbuns de estúdio. Saiu em 2000, tendo participado de shows e eventos comemorativos posteriores. Com os outros dissidentes formou o Shaman, permanecendo até 2006 e retornando a partir de 2018. No meio tempo, também participou do grupo solo do vocalista Andre Matos.

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Seu currículo também inclui o Henceforth, Motorguts, About2Crash e Sinistra. A última citada é a mais recente, realizando shows em divulgação do seu trabalho de estreia.

Mestre em muay thai, se tornou um dos jogadores de futebol amador mais famosos do país nos anos 2000 por conta de suas participações no “RockGol MTV”. Ganhou o apelido de Jesus da equipe de transmissão do torneio.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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