Sinéad O’Connor infelizmente nos deixou na última quarta-feira (26), aos 56 anos de idade, e seu falecimento está trazendo à tona várias lembranças de fãs sobre a cantora. Uma delas é bem recente, de sua última entrevista para TV, no “Today Show” da NBC.
A cantora participou do programa em junho de 2021, promovendo seu livro de memórias, “Rememberings”. Ao ser perguntada pelo apresentador Carson Daly sobre o protesto feito por ela no “Saturday Night Live” em 1992, que teriam lhe custado a carreira, a cantora falou, conforme transcrição do NME:
“Sinéad O’Connor nunca era pra ter sido uma popstar. Eu sempre fui mais uma cantora de protesto.”
No dia 2 de outubro de 1992, durante seu segundo número da noite no “Saturday Night Live” – uma versão a capella de “War”, escrita por Bob Marley – Sinéad rasgou uma foto do Papa João Paulo II. O gesto buscava chamar atenção aos abusos sexuais cometidos e acobertados pela Igreja Católica.
A reação pública contra a cantora foi violenta: ela ficou sujeita a uma vilanização pública nos EUA sem que ninguém examinasse as razões por trás do protesto. Nove anos depois, o papa admitiu publicamente os abusos cometidos por padres e missionários. Sinéad comentou sobre isso com bom humor:
“Dez anos após o episódio da foto do papa rasgada, vocês na América descobriram o que estava acontecendo. Nós sempre dizemos: ‘americanos sempre acham que nada aconteceu de verdade até eles ficarem sabendo’.”
Sem arrependimentos
Quando perguntada por Carson Daly se havia sido a primeira pessoa cancelada, Sinéad O’Connor respondeu:
“É uma pergunta interessante, eu nunca pensei nisso. Eu provavelmente fui a primeira pessoa que todo mundo falou: ‘essa vadia não vai mais ter uma carreira’.”
Apesar disso, O’Connor nunca se arrependeu do protesto, revelando ainda uma segunda camada ao gesto: a foto do papa rasgada pertencia à sua mãe, que havia abusado fisicamente dela durante sua infância. Ela estava se rebelando contra não só instituições, mas também traumas familiares.
Confira abaixo a versão completa da entrevista final de Sinéad O’Connor (em inglês, sem legendas).
Sinéad O’Connor foi encontrada morta em sua casa, aos 56 anos. Autoridades policiais britânicas não tratam o falecimento como suspeito. Uma investigação identificará a causa do óbito.
Sobre Sinéad O’Connor
Nascida em 8 de dezembro de 1966, em Glenageary, um subúrbio de Dublin, Irlanda, a artista ficou mundialmente conhecida por sua versão para “Nothing Compares 2 U”. A composição de Prince chegou a ser lançada com seu projeto paralelo The Family, mas só se tornou um hit na voz de Sinéad.
A faixa entrou em seu segundo álbum de estúdio, “I Do Not Want What I Haven’t Got” (1990), que também se tornou o mais popular de sua carreira. Antes, ela já havia conquistado certa repercussão na Europa com o disco “The Lion and the Cobra” (1987).
Ativista pelo direito das mulheres, Sinéad O’Connor também manifestou opiniões fortes contra abuso infantil e em favor dos direitos humanos ao longo de sua carreira. Também foi crítica à Igreja Católica, com direito a rasgar uma foto do papa João Paulo II durante apresentação no programa de TV “Saturday Night Live”, em 1992.
Sinéad O’Connor também lidou com problemas de saúde mental. Diagnosticada com transtorno bipolar, falou sobre depressão e outros temas relacionados abertamente em entrevistas ao longo dos anos.
A artista deixa três filhos e um neto. Outro de seus filhos, Shane, faleceu ano passado aos 17 anos de idade.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.