Best of Blues and Rock acerta na variedade de seu 2° dia

Buddy Guy impecável, Steve Vai performático e Nu Blu Band em clima festivo foram os destaques de uma noite que também contou com blues pesado de Artur Menezes e show direto ao ponto da Dead Fish

O segundo dia de Best of Blues and Rock 2023, no sábado (3), trouxe um lineup inusitado: do hardcore ao mais direto blues americano. Uma mistura que poderia não dar certo, mas funcionou e apresentou ótimos nomes representando seu próprio estilo.

Com um som alto e bem definido para todos os artistas, foi um dia fácil para quem gosta de conhecer sons diferentes de sua rotina. Quem chegou cedo pôde conferir uma sequência de artistas que tem em sua base o som da guitarra em diferentes direções. Ótimas apresentações e um show antológico no final. Sorte de quem estava no parque do Ibirapuera ao longo da tarde e noite.

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*Texto por Zeone Martins.

Dead Fish direto e à vontade

Embaixo de sol forte, o Dead Fish iniciou o segundo dia do Best of Blues and Rock 2023 com o vocalista Rodrigo Lima já pedindo o fim da Polícia Militar do estado de São Paulo. Direto e reto.

Com 50 minutos de palco e tocando num horário complicado (a partir das 14h20), o experiente grupo de hardcore reverteu a situação e fez um belo show, especialmente para quem já cantava todas as canções – e estes estavam em bom número no parque do Ibirapuera.

Foto: Jeff Marques

Rodrigo Lima ainda brincou com relação a pequenos erros de execução – normais em qualquer apresentação, diga-se – com ótimas tiradas. Todos estavam à vontade. “Venceremos”, “Proprietários do Terceiro Mundo” e “Contra Todos” foram alguns dos momentos mais fortes de um show bem montado e pesado, cobrindo os 31 anos da banda.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemoRole para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Artur Menezes tanto blues quanto rock

No segundo show do dia, Artur Menezes apresentou uma hora de composições próprias, cheias de improvisos. Acompanhado pelo experiente Cuca Teixeira na bateria e Fernando Rosa no baixo, o guitarrista, nascido em Fortaleza e radicado em Los Angeles, acaba falando em inglês com a banda e o público por costume, mas logo passa para o português.

Destacaram-se o novo single “She Cold” e “Northeast”, que cruza baião, blues e rock – e é interessante notar como o bluesman tem desenvoltura neste último, passando por sons pesados (não muito distantes do que o Black Sabbath fez em seus tempos iniciais) e psicodelia em meio a ótimos riffs de guitarra. Quando passou para o blues mais tradicional, ao final do show, guitarrista e banda encarnaram o estilo com afinco, encerrando uma ótima apresentação.

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The Nu Blu Band botando pra dançar

Talvez surpreendendo quem não conhecesse, a The Nu Blu Band logo em seguida fez um tremendo show. A sensacional cantora Carlise Guy, filha de Buddy Guy, que executou clássicos do blues de forma primorosa ao lado do grupo de apoio.

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“Mustang Sally” (Wilson Pickett), “Tennessee Whiskey” (David Allan Coe) e “I’ll Be Around” (The Spinners) contaram com um trabalho instrumental sensacional, comandado por Mark Maddox (guitarra) e Dan Henley (bateria). A abordagem ofereceu espaço para solos e improvisações interessantes e longos, mas sem cair no marasmo do exibicionismo e sim complementavam a apresentação.

Com uma bela versão de “Feeling Good” (Nina Simone) e “Sex Machine” (James Brown), o grupo botou muita gente com camisa do Judas Priest e Iron Maiden para dançar.

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Steve Vai conquista geral

Ao cair da noite, iniciou-se o show de Steve Vai, primeira das duas atrações principais. Com algumas notas antecedendo a abertura “Avalanch”, guitarrista e banda dominaram o palco com maestria.

Foto: Jeff Marques

O show, é importante frisar, não se resume a só jogar a bola para a técnica do chefe. Ótimas bases de guitarra e teclados evidenciam o talento de Dave Weiner, que assume ambos com maestria. O baixo de Philip Bynoe surge em destaque, assim como as levadas na bateria de Jeremy Colson – usando uma respeitável camiseta do Sepultura.

O repertório foi escolhido a dedo com base em alguns dos melhores momentos de Vai, dono de excepcional timbre de guitarra. Há momentos de peso, em contraste, dando um toque interessante ao show. E em meio a acordes complexos e sweeps de guitarra, os fãs de rock e metal instrumental foram ao delírio, ainda mais por caírem bem no contexto do show.

Foto: Jeff Marques

Não há vocais, mas há discursos por parte do guitarrista. Um deles em especial destacou a importância da atração principal Buddy Guy para a música, citando outros nomes de peso antes de tocar “Greenish Blues”. No encerramento, o técnico de monitores da banda, Danny G, assumiu os vocais operísticos na clássica “For the Love of God”.

Foi um show para conquistar até quem não curte o estilo. Neste ponto, eu mesmo posso dar o braço a torcer.

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Setlist:

  1. Avalancha
  2. Giant Balls of Gold
  3. Little Pretty
  4. Tender Surrender
  5. Building the Church
  6. I’m Becoming
  7. Greenish Blues
  8. Bad Horsie
  9. Solo de bateria de Jeremy Colson
  10. Teeth of the Hydra
  11. Zeus in Chains
  12. For the Love of God

Buddy Guy histórico

Pontualmente às 20h30, subiu ao palco não só o segundo headliner da noite – comentado com justiça por todos os artistas que participaram do evento –, mas um monumento da música mundial: Buddy Guy. Com sua banda de apoio subindo ao palco e um mestre de cerimônias levantando a plateia antes da entrada do bluesman, o guitarrista de 86 anos – atualmente em turnê de despedida – chegou ao palco dominando tudo só de tocar as primeiras notas de sua bela e surrada Fender Stratocaster.

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“Damn Right, I Got the Blues”, “Hoochie Coochie Man”, “Skin Deep”, “Take Me to the River”, “Rock Me Baby”… cada número do repertório é uma aula. Uma exibição de onde guitarristas geniais, como Billy Gibbons (ZZ Top), Peter Green (Fleetwood Mac) e Gary Moore tiraram seus licks de guitarra.

Foto: Jeff Marques

Devido à idade do guitarrista, a banda preencheu os breves momentos de descanso do músico, seja nas breves saídas do palco ou quando interage com a plateia, com ou sem sua guitarra. Em um dos momentos mais soltos do show, houve uma citação ao belo riff de “Sunshine of Your Love”, do Cream, escrito pelo também genial e saudoso Jack Bruce.

A voz de Buddy, aliás, está em dia, assim como seu timbre de guitarra. O gigante canta os temas com força e bom humor, numa bela interpretação das letras. Nesse sentido, “How Blue Can You Get” foi outro destaque da noite.

Foto: Jeff Marques

Infelizmente, na plateia havia gente de costas para o palco, ou conversando durante as músicas. Para além da perda individual, trata-se de uma grande demonstração de descaso e ainda atrapalham quem está em volta.

Mas não foi o suficiente para tirar o brilho da performance. Ao final do set, Buddy Guy conversou com a plateia sobre o blues americano, o blues inglês dos anos 1960 e o revolucionário Jimi Hendrix. Entre os temas apresentados apareceram “Boom Boom” (John Lee Hooker), “Strange Brew” (Cream) e “Voodoo Chile” (Hendrix), esta última com o guitarrista brilhando no pedal wah-wah.

Foto: Jeff Marques

A noite ainda nos reservaria um momento em família: o astro chamou os filhos, o guitarrista Greg Guy e a cantora Carlise Guy, para uma participação especial ao fim do show. O clima de festa foi ainda mais estabelecido, com toda celebração que o músico merece.

Para encerrar, Buddy Guy passou sua guitarra para o roadie e jogou palhetas para o público. Encerrou, assim, a noite de sábado do festival, com as despedidas finais feitas pela banda enquanto seguiam com um tema instrumental. Uma apresentação histórica.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemoRole para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

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