Polícia alemã investiga Roger Waters por uso de roupa inspirada em nazistas

Independentemente do contexto, é proibido fazer alusão a imagens, símbolos e gestos ligados à corrente ideológica no país

Roger Waters levou a turnê “This is Not a Drill” para a Alemanha. A passagem pelo país veio acompanhada de polêmicas, já que o cantor foi acusado de antissemitismo e chegou a ter shows cancelados em Frankfurt e Munique.

Apesar de ter conseguido na Justiça o direito de se apresentar, as controvérsias em relação aos eventos continuam. Agora, a polícia está envolvida, comandando uma investigação a respeito de um figurino utilizado pelo ex-integrante do Pink Floyd.

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Durante o concerto em Berlim, na Mercedes-Benz Arena, no último dia 17 (via Ultimate Classic Rock), o artista teria usado uma roupa inspirada no uniforme dos soldados nazistas em “In the Flesh”. O traje inclui um rifle falso, casaco de couro, luvas e braçadeira vermelha com martelos cruzados. No caso dos apoiadores de Hitler, a braçadeira de mesma cor tinha a figura de uma suástica.

As peças estão presentes no figurino de toda a turnê são semelhantes às vestidas pelo artista desde a excursão “The Wall Live”, iniciada em 2010, como mostram os vídeos abaixo. O músico se apresentou com o mesmo show na Alemanha em 2011, com oito datas distribuídas em cinco cidades, e não foi alvo de investigação.

Ainda que o músico faça isso como crítica ou sátira,é proibido fazer alusão a imagens, símbolos e gestos nazistas na Alemanha, independentemente do contexto. Por isso, as autoridades alemãs iniciaram uma investigação criminal sob a justificativa de incitação ao ódio público. Martin Halweg, chefe da polícia de Berlim, declarou:

“O contexto da roupa usada é entendido como suscetível a aprovar, glorificar ou justificar o governo violento e arbitrário do regime nazista, de forma a violar a dignidade das vítimas e perturbar a paz pública. Após a conclusão da investigação, o caso será encaminhado ao Ministério Público de Berlim para avaliação jurídica.”

Outras críticas

Esse não foi o único ponto criticado no show em Berlim. Ao longo do set, foi feita uma menção no telão a Anne Frank, jovem judia que teve seu diário popularizado em todo o mundo ao relatar como sua família se escondia do regime nazista até que foram encontrados, levados a campos de concentração e executados.

Outro nome citado foi o da jornalista palestina Shireen Abu Akleh. Ela foi assassinada pelo exército israelense em maio do ano passado, aos 51 anos, enquanto cobria os conflitos na Faixa de Gaza. Na ocasião, ela estava identificada como imprensa. Mesmo assim, foi alvejada. Investigações da ONU levaram aos autores do crime.

Ambas as menções ocorrem desde o início da turnê, que já passou pela América do Norte e outros países da Europa.

Conforme observado pelo NME, a conta do Ministério das Relações Exteriores de Israel no Twitter escreveu:

“Bom dia a todos, exceto Roger Waters, que passou a noite em Berlim (Sim, Berlim) profanando a memória de Anne Frank e dos 6 milhões de judeus assassinados no Holocausto.”

As opiniões na internet se dividiram. Houve, inclusive, quem saísse em defesa do artista ao apontar o contexto. O jornalista Eduardo Neret disse:

“Ele faz isso em todos os shows. A música é uma sátira. Waters e o Pink Floyd criticam o fascismo com ela. Você saberia se não estivesse propositalmente sendo um canalha desonesto.”

Anton Halaby, ativista pelos direitos humanos, corroborou:

“É muito fácil entender depois de ouvir o álbum conceitual ‘The Wall’, que aborda, critica e condena muitas das formas de discriminação e racismo que existem em nosso mundo moderno, incluindo o racismo antijudaico! Ao contrário da democracia israelense, Roger Waters é antidiscriminação!”

Roger Waters no Brasil

O próximo (e último) show de Roger em território alemão acontece neste domingo (28), em Frankfurt. Depois, a excursão “This is Not a Drill” chega ao Reino Unido no próximo dia 31 de maio. O Brasil tem 6 datas confirmadas a partir de outubro. São elas:

  • 24/10 – Brasília – Arena BRB Mané Garrincha
  • 28/10 – Rio de Janeiro – Estádio Nilton Santos / Engenhão
  • 01/11 – Porto Alegre – Estádio Beira Rio
  • 04/11 – Curitiba – Arena da Baixada
  • 08/11 – Belo Horizonte – Mineirão
  • 11/11 – São Paulo – Allianz Parque

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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