O que Steve Harris diz sobre cada álbum do Iron Maiden dos anos 80

Fãs mais radicais e saudosistas entendem que a banda inglesa só existiu de verdade nesse período

Para muitos fãs mais radicais, o Iron Maiden só existiu de verdade nos anos 1980. Um exagero, é verdade. Por mais que o auge de popularidade e criatividade da banda realmente tenha acontecido nesse período da história, o fato é que eles continuaram lançando músicas relevantes nas décadas seguintes, mesmo que em alguns momentos tenham protagonizado algumas escorregadas – algo muito natural em se tratando de artistas com carreira tão longeva.

Em entrevista de 2007 à revista Revolver, o baixista Steve Harris fez algo que não costuma: analisar o glorioso passado de sua criação. Eis o que ele destacou de cada um dos discos.

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Iron Maiden (1980): “Nos quatro anos anteriores ao álbum, fizemos extensas turnês pelo Reino Unido, tocando em clubes e pubs. Construímos um público hardcore, mas ainda éramos semiprofissionais, fazendo shows em fins de semana prolongados e coisas do tipo. Então, depois que a EMI nos contratou, largamos os empregos convencionais, porque tínhamos que fazer um álbum. Foi uma época estranha e preocupante, porque você fica pensando: ‘Estamos colocando todo o nosso tempo e esforço nisso… e se não der certo?’ Tudo o que esperávamos fazer era fechar um contrato, fazer um álbum e uma turnê pelo Reino Unido. Mas quando o disco saiu, as coisas meio que decolaram, foi um grande momento. Fizemos uma turnê europeia com o Kiss. Foi uma experiência fantástica.”

Killers (1981): “Queríamos Adrian Smith desde o início, mas ele não estava pronto para deixar sua banda, Urchin. Foi ótimo quando ele finalmente se juntou a nós. A maioria das coisas dos dois primeiros álbuns foi escrita antes de termos sido contratados pela gravadora. Havia apenas algumas músicas completamente novas, como ‘Murders in the Rue Morgue’, ‘Killers’, ‘Prodigal Son’ e ‘Twilight Zone’. Todas as outras músicas foram a base do nosso set por anos. Martin Birch era um grande e respeitado produtor. Obviamente, nos demos muito bem com ele, o que se transformou em uma relação de trabalho fantástica que durou muitos anos.

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Foi também quando começamos a ter problemas com Paul Di’Anno. Saíamos em turnê por alguns meses e ele começava a reclamar de tudo. Todos nós gostávamos dele e ainda gostamos, mas ele simplesmente não queria estar lá. Tinha esse botão de autodestruição e sabíamos que se continuássemos, ele nos derrubaria. Então, infelizmente, tivemos que fazer algo a respeito.”

The Number of the Beast (1982): “Era o destino termos Bruce como nosso vocalista. Ele era fantástico, conseguia alcançar notas e fazer coisas que a maioria dos outros cantores não conseguia. Mas, na época, foi uma mudança muito assustadora! Já éramos a atração principal da maioria dos países e não sabíamos se as pessoas iriam gostar ou não. Mas, às vezes, a pressão traz o melhor de você. E valeu a pena.”

Piece of Mind (1983): “Gravar no Compass Point, em Bahamas, foi realmente fantástico. É muito divertido quando você sai do estúdio e é recebido por um clima agradável e bons bares. E sem desrespeitar Clive Burr, porque ele era muito bom, mas Nicko McBrain é um baterista técnico e fantástico. Sua presença naturalmente levou a música do Maiden a outro nível. Foi realmente emocionante.”

Powerslave (1984): “Foi uma nova era para nós. A World Slavery Tour nos levou a fazer shows gigantes em locais como a Polônia, aonde nenhuma outra grande banda tinha ido até então. Estávamos quebrando barreiras e foi ótimo que o público tenha apreciado. Demos tudo de nós a eles.”

Live After Death (1985): “As noites em que gravamos foram de grande pressão, algo assustador. Você tenta esquecer, mas há todas aquelas câmeras na sua frente, não é fácil. Só registramos dois dos quatro shows em Los Angeles. Na verdade, nem sei porque não gravamos os outros. Só usamos duas músicas do primeiro e o resto é do segundo. Quando olho para trás, sinto que fizemos um bom trabalho.”

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Somewhere in Time (1986): “Queríamos tornar as coisas mais orquestrais. Na verdade, pensando nisso agora, se a tecnologia da época existisse antes, teríamos usado sintetizadores ainda mais cedo. Sempre tentamos coisas novas. Gostamos de seguir o fluxo e realmente parecia certo adicionar sintetizadores ao disco. Acho que realmente combina com a música que fazemos. Usamos teclados ou sintetizadores de guitarra desde então.”

Seventh Son of a Seventh Son (1988): “O conceito de Seventh Son se desenvolveu naturalmente. Escrevemos duas ou três músicas nesse estilo, quando Bruce perguntou: ‘Por que não fazemos um álbum conceitual?’ Nós pensamos, ‘Sim, por que não?’ Foi um grande desafio, liricamente, mas acho que você precisa de novos desafios o tempo todo. Durante algumas turnês antes do Seventh Son, Adrian estava infeliz. Na verdade, conversamos com ele depois de Somewhere in Time, mas realmente aconteceu novamente na sétima turnê. Basicamente, acho que ele só queria fazer coisas solo, então nos separamos. É apenas uma daquelas coisas predestinadas, porque ele está de volta à banda agora, o que é ótimo. Acho que às vezes as pessoas precisam se afastar de algo para perceber o que perderam. Também sentimos a falta dele, mas acho que é pior quando você está do lado de fora.”

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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