Um dos grandes clássicos do rock, a música “Dream On” foi responsável por garantir o sucesso e a longevidade do Aerosmith. Lançada em 1973 como single do primeiro álbum do grupo, a balada composta por Steven Tyler foi o primeiro hit dos roqueiros de Boston.
Curiosamente, o êxito comercial foi atingido em âmbito inicial de forma peculiar. Steven Tyler (vocais), Joe Perry (guitarra), Brad Whitford (guitarra), Tom Hamilton (baixo) e Joey Kramer (bateria) conquistaram com a faixa um modesto 59º lugar na parada nacional Billboard Hot 100, mas as rádios da região onde a banda foi formada tocaram a canção exaustivamente, de modo a liderar até mesmo os rankings anuais de 1973 nessas estações.
Com o relançamento do single em 1975, a obra conquistou de vez os Estados Unidos. No início do ano seguinte, chegou à 6ª posição da mesma Billboard Hot 100. Entrou na cultura popular da música americana de tal modo que chegou a ser sampleada por Eminem na música “Sing for the Moment”, de 2002.
A lista a seguir apresenta curiosidades sobre “Dream On”, o primeiro hit do Aerosmith. Confira!
Curiosidades sobre “Dream On”, do Aerosmith
O processo de criação
Creditado como único compositor de “Dream On”, Steven Tyler traçou em diversas entrevistas como a música foi construída ao longo de anos. Em sua autobiografia, “O barulho na minha cabeça te incomoda?”, o vocalista disse que a canção foi criada ainda em sua infância. Filho de um pianista clássico, ele declarou ter tirado os acordes de dos momentos que passou ao lado do pai no piano.
Já em “Walk This Way”, autobiografia do Aerosmith lançada em 1997, o frontman descreveu como seguiu com a composição anos depois.
“‘Dream On’ veio de mim tocando piano quando eu tinha 17 ou 18 anos e eu não sabia nada sobre compor uma música. Era apenas uma coisinha que eu estava tocando e nunca sonhei que acabaria em uma música real ou qualquer coisa. A letra é sobre sonhar até que seus sonhos se tornem realidade.”
Em entrevista à GQ, no ano de 2019, Tyler relembrou a influência das drogas na composição. O músico lida com o vício desde a década de 1960.
“Acredite ou não, eu escrevi ‘Dream On’ o mais chapado possível. E se eu tivesse apenas ouvido a letra desta música: ‘Eu sei que ninguém sabe / De onde vem, para onde vai / Eu sei que é pecado de todos / Você tem que perder para saber como ganhar…’ A voz que concebeu aquela música foi um pouco mais esperta do que o cara que estava com o lápis. Toda a mágica que você achava que [só] funcionava quando estava chapado aparece quando você fica sóbrio. Você percebe que sempre esteve lá e seu medo desaparece.”
A salvação do Aerosmith
Com pouco mais de dois anos de atividade, em 1972, o Aerosmith conquistou seu primeiro contrato de gravação e já partiu para a produção de seu primeiro álbum. O trabalho homônimo, lançado pela Columbia Records em 5 de janeiro de 1973, alcançou pouco sucesso comercial como reflexo da falta de promoção da gravadora, que priorizou a divulgação do álbum de estreia de Bruce Springsteen, “Greetings from Asbury Park, N.J.”, que saiu no mesmo dia.
Sem um retorno positivo de “Aerosmith”, a Columbia cogitou finalizar o contrato da banda. Como forma de garantir uma segunda chance, o empresário do grupo convenceu a empresa a lançar “Dream On” como single e a investir na divulgação. A ação garantiu a sobrevivência do projeto e sua estreia na parada Billboard Hot 100.
Colegas descontentes
Escolhida como música de trabalho do álbum “Aerosmith”, “Dream On” enfrentou a resistência dos músicos por ser uma balada. Em 2002, durante conversa com a Classic Rock (via Songfacts), Joe Perry disse que a falta de energia rock and roll o afastou da música inicialmente.
“Naquela época você deixava sua marca tocando ao vivo. E para mim rock ‘n’ roll é tudo sobre energia e fazer um bom show. Essas foram as coisas que me atraíram para o rock ‘n’ roll, mas ‘Dream On’ era uma balada. Eu realmente não apreciei a musicalidade dela até mais tarde, mas eu sabia que era uma ótima música, então a colocamos em nosso set. Também sabíamos que se você tocasse rock ‘n’ roll puro, não tocaria no rádio; e se você queria um hit top 40, a balada era o caminho a percorrer. Não sei se realmente a tocamos muito ao vivo naquela época, se você tivesse apenas meia hora para deixar sua marca, você não tocava músicas lentas. Então, foi só depois que se tornou um single que realmente começamos a tocá-la.”
Em entrevista à AzCentral em 2016, Steven Tyler revelou que seu Toxic Twin não foi o único a não gostar da composição. Em relato, o responsável pela faixa trouxe à tona que todos os membros da banda, incluindo ele próprio, estranharam o som da balada.
“Só posso dizer que isso aconteceu várias vezes no Aerosmith – e esse é o segredo. Quando você ouve algo e pensa: ‘De onde veio isso?’, esse é o segredo. Aconteceu com ‘Dream On’. Quando você ouve ‘Dream On’, você pensa: ‘Oh meu Deus, isso é tão esquisito, estou com um pouco de medo. Vamos ser expulsos da cidade’. Foi o que pensei. E, claro, a banda não gostou porque estávamos curtindo rock e era uma balada. Eles dizem que gostaram, mas era uma chatice tocá-la todas as noites. Algumas pessoas da banda não gostavam de tocá-la.”
Versões alternativas
Em entrevista à WMMR (va Rock Celebrities), Joe Perry revelou que existem outras versões de “Dream On” que o Aerosmith planeja lançar algum dia. São registros do mesmo período, com cortes e solos diferentes.
“Sempre tinha um corte diferente, duas ou três versões que, por um motivo ou outro, não chegaram ao público. E não é que elas estavam erradas. Eram diferentes, ou talvez tinham Steven cantando ‘letras diferentes’. Tinha um solo diferente, esse tipo de coisa. Há uma vibração diferente. Estamos pensando em lançar algumas delas, eu ouvi algumas delas. Passamos os últimos três anos catalogando todas essas versões e descobrindo onde estavam.”
É provável que ao menos uma dessas gravações citadas por Perry seja a versão presente no álbum “The Road Starts Hear”, que resgata material produzido pela banda em 1971. O registro foi disponibilizado em 2022.
Ainda na década de 1970, o single teve duas versões lançadas: a versão do álbum, de 1973, que conta com 4min28seg de duração; e o relançamento de 1975, editada para as rádios com 3min25seg. Um registro ao vivo sob orquestração de Michael Kamen, feito em 1991, foi disponibilizado dois anos depois para a trilha sonora do filme “O Último Grande Herói”. Em 2007, uma regravação foi feita para integrar o game “Guitar Hero: Aerosmith”.
O instrumento usado na composição
Em 2014, o órgão usado por Steven Tyler para compor de “Dream On” apareceu na série “Trato Feito”, do History Channel. Durante episódio da nona temporada do reality, um fã do Aerosmith levou até a loja de penhores dos Harrison o instrumento, da marca Fort Wayne, com assinatura do frontman da banda.
A peça, do século 19, foi avaliada por um especialista que confirmou a autenticidade e garantiu que o uso do instrumento para compor um dos maiores clássicos do rock elevou o valor de revenda em mais de US$ 15 mil. O órgão foi leiloado em maio de 2014 e arrematado por mais de US$ 28 mil.
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Uma das primeiras canções ditas como “chatas e insuportáveis” da banda, e não é apenas eu que penso assim…