Os melhores discos de 2022 na opinião de João Renato Alves

Colaborador do site e editor das páginas da Van do Halen escolhe 10 álbuns de destaque e faz outras 34 menções honrosas

Foi um ano um tanto quanto equilibrado em termos de qualidade dos lançamentos, o que dificultou bastante a escolha. Mesmo assim, aqui estão os melhores discos de 2022 em minha opinião.

Antes de partir para o ranking, vale reforçar aquilo que é dito todo ano: esta é uma lista pessoal. São os discos que eu mais gostei, escolhas estritamente pessoais, sem objetivo de se tornar palavra definitiva. Você não está errado por curtir algum que não está aqui ou por não ter gostado de algum que entrou. “Faltou fulano de tal”. Não, não faltou, apenas não coloquei. “Esqueceu aquele”. Não, não esqueci, apenas não coloquei.

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Os melhores discos de 2022 para João Renato Alves

Comecemos pelo Top 10:

10. Las Cruces – “Cosmic Tears” (Doom Metal)

Apesar de só ter saído na metade de 2022, o quarto álbum de estúdio da banda já estava gravado, no mínimo, desde o ano passado. A constatação é óbvia quando lembramos que o baterista, Paul DeLeon, foi mais uma das vítimas da Covid-19 ainda em 2021. Uma pena, pois o grupo demonstra toda a qualidade de seu Doom Metal carregado de contornos épicos e melodias marcantes, com influências de nomes como Candlemass, Trouble e Solitude Aeturnus.

9. Eddie Vedder – “Earthling” (Rock)

O frontman do Pearl Jam se cercou de nomes competentes na produção e convidados para fazer um disco simples e muito efetivo. As canções grudam na cabeça sem maior esforço, muito apegadas no fator emocional de cada execução – fator aumentado pela participação do falecido (há 44 anos) pai do protagonista através de registros que lhe foram entregues por um conhecido em comum. E não é qualquer um que consegue colocar Elton John, Ringo Starr e Stevie Wonder ao mesmo tempo em seu trabalho.

8. Tony Martin – “Thorns” (Heavy Metal)

Tony Martin soube oferecer o seu melhor no terceiro álbum solo. Aqui, o ex-vocalista do Black Sabbath acena para a sonoridade Heavy que o consagrou ao mesmo tempo em que promove alguns experimentos sem descaracterizar a proposta. Fãs de sua época ao lado de Tony Iommi não terão do que se queixar, além de relembrar bons momentos. Também é oportunidade de alguns detratores se valerem do distanciamento temporal e se despir de conceitos prévios sobre a carreira do cantor.

7. Cancer Bats – “Psychic Jailbreak” (Hardcore/Stoner Metal)

Nem mesmo a saída do guitarrista e membro fundador Scott Middleton abalou a banda canadense. Em seu sétimo disco, o grupo segue investindo na sua bem bolada (com referências mesmo) mistura de Hardcore e Black Sabbath, com muitos riffs se alternando tanto nas partes aceleradas quanto nas arrastadas. A fórmula não se altera de forma significativa em comparação aos anteriores, mas dá para notar algumas influências a mais, com espaço para arranjos que priorizam o lado metálico e atmosferas dark.

6. Scorpions – “Rock Believer” (Hard Rock)

Capa do álbum "Rock Believer", do Scorpions

Eu mesmo estou surpreso em colocar este disco na lista. Mas o fato é que os escorpiões conseguiram acertar na mosca e lançaram seu melhor disco em, no mínimo, trinta anos. A entrada de Mikkey Dee parece ter dado novo fôlego e fez com que a banda caprichasse em seu lado mais pesado. Mesmo com todas as limitações do tempo, os músicos se concentraram naquilo que sabem fazer de melhor. Não se sabe quanto tempo mais o grupo terá pela frente. Mas, se for um desfecho, “Rock Believer” é mais que digno para o papel.

5. Hardcore Superstar – “Abrakadabra” (Hard Rock)

Os suecos haviam prometido um disco seguindo a linha do trabalho homônimo de 2005, seu maior sucesso até hoje. Referências do tipo sempre costumam trair as expectativas dos fãs quando o resultado final se revela. Mas evitando comparações desnecessárias, o fato é que “Abrakadabra” se mostra um dos trabalhos mais consistentes da carreira da banda. Melodias e refrães marcantes se juntam com uma execução que reflete os 25 anos de experiência acumulados pelos músicos, gerando um dos grandes trabalhos de Hard Rock do ano.

4. Motor Sister – “Get Off” (Hard/Classic Rock)

O segundo álbum do projeto que reúne membros do Anthrax, The Cult, Mother Superior e Armored Saint é bem mais “redondinho” que o debut, oferecendo melodias intrincadas e pegada Rock and Roll de primeira qualidade. As músicas fluem de forma deliciosa, fazendo com que o ouvinte nem sinta o tempo passar. Algo que remete ao passado do gênero sem soar como um mero tributo, esbanjando personalidade e qualidade.

3. The Hellacopters – “Eyes of Oblivion” (Hard Rock)

Demorou, mas valeu a pena! O retorno do The Hellacopters, trazendo o guitarrista original Dregen reagrupado, ofereceu um álbum digno da história da banda. Não há grandes mudanças no Hard Rock cru, direto e garageiro, mas a energia se mostra completamente recarregada. O som dos suecos não é original. Porém, quase ninguém consegue fazer com a mesma competência e devoção. Especialmente Nicke Andersson, o multi-instrumentista que consegue participar de projetos tão diferente entre si, mas sempre bons.

2. Ghost – “Impera” (Hard Rock/Heavy Metal)

O quinto álbum de Tobias Forge segue com a alta carga oitentista concentrada em Prequelle, trabalho anterior. Em realidade, podemos afirmar que este é o disco do Ghost que apresenta menos mudanças de sonoridade em relação ao anterior. O que não é algo ruim, especialmente quando notamos que o grupo de um homem só encontrou um caminho próprio, capaz de tornar seu trabalho facilmente identificável à primeira audição. Algo que só os grandes artistas conseguem ao longo da carreira.

1. Nordic Union – “Animalistic” (Hard Rock/Heavy Metal)

Ronnie Atkins corre contra o tempo e consegue ficar ainda mais forte quando acompanhado por Erik Martenson – uma das figuras mais talentosas das recentes gerações do Melodic Rock. A dupla reativa o projeto em seu terceiro álbum e oferece mais do Hard/Heavy com alguns contornos épicos e melancólicos se alternando. Vários momentos remetem às bandas dos protagonistas, mas também há espaço para a criação de uma personalidade própria. Como resultado, temos um play diferenciado dentro da proposta.

Mais 34 indicações

Abaixo, outras 34 indicações em ordem alfabética.

A-Z – “A-Z” (Hard Rock): A união de dois membros históricos do Fates Warning – o vocalista Ray Alder e o baterista Mark Zonder – pode levar o ouvinte a esperar o típico Prog Metal da banda. Mas a dupla surpreende apostando em um Hard Rock muito bem executado e cheio de momentos mais comerciais. A execução, como esperado de músicos do gabarito dos protagonistas, é primorosa, o que apenas torna tudo ainda mais interessante. Mas o principal é que o tracklist se deixa ouvir até mesmo para quem não é chegado a arroubos virtuosísticos, com vários momentos daqueles que marcam desde a primeira audição.

Amorphis – “Halo” (Gothic/Prog Metal): A banda finlandesa segue uma trajetória impecável, fazendo uma música cada vez mais difícil de rotular e, ao mesmo tempo, muito particular. Você ouve e sabe de quem se trata. Simplificando as coisas em comparação ao anterior, “Queen of Time”, o grupo expõe todo seu bom gosto na criação de melodias marcantes e escolhas de timbres – ponto onde contemporâneos se perdem em vários momentos. O Amorphis é banda grande onde o Metal é grande. E merece todo esse reconhecimento.

Ann Wilson – “Fierce Bliss” (Rock): Enquanto o Heart não se decide sobre o futuro, sua vocalista segue mostrando ser dona de um gogó privilegiado. Aqui, Ann se aventura pelo Rock mais direto, além de baladas acústicas e interpretações blueseiras carregadas de emoção. A mistura se mostra eficiente e mostra que a cantora ainda tem muito a oferecer aos fãs. Um disco para ser ouvido com atenção e apreciado de forma reflexiva, sem esperar por momentos mais agitados.

Arch Enemy – “Deceivers” (Melodic Death Metal): Após uma escorregada no disco anterior, “Will to Power”, o Arch Enemy recuperou terreno em “Deceivers”. Para tal, a banda mesclou o som que lhe caracteriza com algumas de suas principais influências. O resultado foi seu melhor trabalho em um bom tempo. O grupo não se reinventa, mas mostra mais uma vez a capacidade de agregar diferentes elementos sem se desvirtuar da proposta que lhe tornou conhecido.

Architects – “the classic symptoms of a broken spirit” (Metalcore/Industrial): O 10º álbum da banda britânica possui uma característica divisiva natural entre os fãs pela abordagem mais moderna e eletrônica. Porém, a qualidade das composições se sobressai, com passagens marcantes e inspiradas. Um atestado à competência e versatilidade de um dos nomes que mais cresce na cena nos últimos anos. E sim, o título é todo em letras minúsculas.

Avantasia – “A Paranormal Evening With the Moonflower Society” (Power Metal): Com o passar dos trabalhos, o Avantasia foi incorporando cada vez mais elementos dramáticos e quase cinematográficos à sua fórmula. Aqui não é diferente, com alguns presentinhos para os fãs da fase mais Power Metal puro. Os convidados acrescentam brilho à proposta de Tobias Sammet e ganham o ouvinte com total competência nas composições e interpretações.

Bastard – “Rotten Blood” (Blackened Thrash/Speed Metal): O quarteto americano de St. Louis lançou seu segundo disco este ano, apostando em influências de grupos como Hellhammer, Venom e Bathory dos primórdios, além de nomes mais recentes, como Goatwhore e Nifelheim. Também não dá para deixar de citar a sempre bem-vinda referência ao Motörhead. Ou seja, é a tosqueira (no bom sentido) agressiva e com arranjos crus totalmente oitentistas que garante a diversão dos adeptos.

Behemoth – “Opvs Contra Natvram” (Blackened Death Metal): O rótulo Black Metal é mera formalidade quando se fala do Behemoth há um bom tempo. A música do grupo comandado por Nergal possui contornos suficientes para ser vista como algo muito próprio, com elementos sombrios em profusão, mas sem se ater a qualquer limitação. “Opvs Contra Natvram” serve como um caminho natural, tendo em vista os lançamentos mais recentes da banda. O grande mérito está em contar com faixas extremas e que, ao mesmo tempo, conseguem soar marcantes para o ouvinte.

Blind Guardian – “The God Machine” (Power Metal): Simplificando as coisas em comparação aos trabalhos recentes, o grupo alemão oferece seu disco mais metálico em um bom tempo. Porém, não adiantaria nada simplesmente voltar ao passado se não houvesse qualidade envolvida. E as composições dão o suporte necessário para um álbum muito acima da média, que apenas cresce a cada nova escutada. Fãs antigos resgataram a fé e os novos tiveram um gostinho da nostalgia quando bem feita.

Clutch – “Sunrise On Slaughter Beach” (Hard/Stoner Rock): O 13º disco da banda americana é diferente e, ao mesmo tempo, se mantém na linha tradicional. O Hard/Stoner com doses generosas de groove e uma melancolia implícita segue naquele tom que os fãs esperam. Ao mesmo tempo, o quarteto se permite algumas experimentações, acrescentando backing vocals femininos e instrumentos como vibrafone e teremim. O resultado é muito interessante, com 9 faixas resumidas em pouco mais de 30 minutos sendo suficiente para um resultado final para lá de agradável.

Crobot – “Feel This” (Hard/Groove Rock): O quarto disco do grupo americano da Pensilvânia reafirma sua sonoridade – que os próprios definem como “Dirty Groove Rock”. Gravado em apenas 21 dias, “Feel This” oferece composições cheias de riffs e melodias marcantes, dosando peso e suingue com maestria. Novamente o Crobot acerta a mão, conseguindo soar vintage sem parecer uma mera repetição de bandas do passado. A boa novidade de outrora já alcançou status de afirmação.

Dare – “Road To Eden” (AOR/Melodic Rock): A banda de Darren Wharton segue sua trajetória competente com mais um disco cheio de passagens marcantes e acessíveis até mesmo para quem não é grande apreciador do gênero. Há espaço para sons com cara de hit em rádios soft rock de outrora, além de típicos exemplares da vertente europeia do AOR oitentista, com uma pegada mais harmoniosa e atmosférica. Quem está em busca de algo mais pesado pode acabar se decepcionando. Mas os fãs que já acompanham a história do Dare não terão do que reclamar.

Destruction – “Diabolical” (Thrash Metal): A saída do guitarrista e membro original Mike Sifringer não causou maiores danos na qualidade do grupo alemão, que retomou a formação em quarteto nos últimos anos. O argentino Martin Furia assumiu a função e o Destruction entregou mais um belo trabalho, fiel à sua sonoridade e com as sempre bem-vindas influências de Metal Tradicional, especialmente os riffs. Não é um recomeço ou nova fase, mas certamente um acréscimo de energia a quem mostra ainda ter lenha para queimar após quase quatro décadas.

Devil’s Train – “Ashes & Bones” (Hard Rock/Heavy Metal): Após 7 anos, o coletivo de músicos da cena Power Metal europeia retorna mantendo suas características no terceiro disco. O Hard Rock com pegada metálica se faz presente com eficiência, oferecendo melodias marcantes e riffs de guitarra de altíssimo nível, acompanhados pela sempre precisa baterista de Jörg Michael (ex-Stratovarius, Running Wild e mais um monte de grupos) e Jens Becker (Grave Digger) estreando no baixo. Um trabalho divertido e certeiro para quem curte um Rock pesado em sua essência, sem muitas elaborações.

Dream Widow – “Dream Widow” (Death/Doom Metal): Este é o melhor disco do ano na categoria “álbum de bandas que não existem”. Criado dentro do contexto do filme “Studio 666”, o Dream Widow permite que Dave Grohl explore seu lado metálico mais uma vez. E o líder do Foo Fighters mostra que entende do riscado, oferecendo um trabalho com vários momentos empolgantes, cheios de peso, alternando passagens aceleradas com outras arrastadas. E seu estilo vocal gritado, que aparece até mesmo em momentos mais acessíveis da carreira, casa perfeitamente com a proposta. Pena ter saído em um dia tão terrível quanto o da morte do baterista Taylor Hawkins.

Evil Invaders – “Shattering Reflection” (Speed/Thrash/Heavy Metal): O quarteto belga conquistou popularidade no underground metálico europeu na década passada. Agora, rompe um hiato de cinco anos e chega ao seu terceiro disco. Musicalmente, o trabalho não foge das características primordiais dos anteriores. Porém, é notório uma maior capricho e diversidade nos arranjos, aproximando o grupo do lado mais tradicional do gênero. Apreciadores de bandas cult do metal oitentista encontrarão vários atrativos por aqui.

FM – “Thirteen” (AOR): Apesar de não ter alcançado o mesmo sucesso de alguns contemporâneos, a banda de Steve Overland mantém carreira de invejável regularidade quando o assunto é a qualidade de seus discos. Não há grandes novidades em “Thirteen” para quem já conhece o FM e sua capacidade de criar melodias que ficam na cabeça por tempo impossível de determinar. Por outro lado, há tudo que um fã precisa. Eles seguirão como ilustres desconhecidos, especialmente fora do Reino Unido, assim como continuarão sendo uma das melhores atrações no estilo a que se propõem.

H.E.A.T – “Force Majeure” (Hard/Melodic Rock): O retorno de Kenny Leckremo, voz dos dois primeiros álbuns, não fez com que os suecos abandonassem algumas características adquiridas na fase em que Erik Grönwall – atual Skid Row – era o titular do microfone. “Force Majeure” incorpora o melhor de dois mundos e oferece mais um trabalho com as tradicionais referências melódicas oitentistas, sonoridade apoteótica e o clima de arena em cada nota. Não é o que de melhor o H.E.A.T já fez, mas é digno de figurar em sua discografia e nesta lista.

The Halo Effect – “Days Of The Lost” (Melodic Death Metal): Sem medo de comparações, o grupo onde todo mundo é ex-In Flames jogou na bola de segurança e ofereceu o que os fãs esperavam em sua estreia. O disco centra fogo no lado mais direto e cru do estilo que os membros praticam, deixando os experimentalismos de lado. Quem sente falta dos primórdios do som de Gotemburgo pode satisfazer a fome saudosista por aqui.

Ignite – “Ignite” (Melodic Hardcore): Em quase 30 anos de carreira, este é apenas o sexto full-length da banda californiana. Porém, o que falta em periodicidade sobre em qualidade. O trabalho marca a estreia do vocalista Eli Santana, mais conhecido como guitarrista do Holy Grail e Incite – além de ter passado pelo Huntress. O novo integrante cumpre sua função com maestria e a banda colabora, com músicas marcantes e execução energética em pouco mais de meia-hora. Um dos melhores discos no estilo proposto em um bom tempo.

Lamb Of God – “Omens” (Thrash/Groove Metal): Mantendo a boa fase iniciada com o disco anterior, o quinteto americano soa mais solto e energético em Omens. As características primordiais estão conservadas, mas é possível notar uma banda mais à vontade para inserir alguns experimentos aqui e acolá entre as faixas. E Randy Blythe segue sendo um dos grandes intérpretes de sua geração, inserindo distintas emoções onde outros registros similares não conseguem transmitir nada além de raiva.

Landfall – “Elevate” (Hard/Melodic Rock): Em seu segundo disco a banda paranaense esbanja competência com melodias marcantes e execução acima da média, com destaque para os vocais muito bem encaixados. Referências aos anos 1980 permeiam todo o tracklist sem deixar que o componente empolgação seja prejudicado por repetições infundadas. Um bom prosseguimento para a carreira que justifica o interesse e a aposta da Frontiers Records para o lançamento.

Megadeth – “The Sick, The Dying… And The Dead!” (Thrash Metal): Embora Dave Mustaine ainda seja a força motriz por trás da banda, é interessante notar como faz a diferença ter colegas ativos no processo criativo, como é o caso de Kiko Loureiro e Dirk Verbeuren – além do convidado Steve DiGiorgio, figura de gabarito na cena. Eles acabam extraindo o melhor do frontman, que superou problemas profissionais e pessoais para oferecer mais um trabalho de alto nível, sacramentando a retomada iniciada em Dystopia, trabalho anterior.

Michael Schenker Group – “Universal” (Hard Rock/Heavy Metal): A personalidade genial e geniosa de Michael Schenker nos brinda com mais um álbum que mostra sua influência sobre as gerações recentes. Contando com uma série de músicos convidados, o guitarrista alemão mantém a média e brinda os ouvintes com um Hard/Heavy de primeira qualidade. Destaque para a faixa “A King Has Gone”, que homenageia Dio com Michael Kiske (Helloween) nos vocais e instrumentistas que passaram pelo Rainbow em algum momento da história.

Nazareth – “Surviving The Law” (Rock And Roll): Chega às raias do inacreditável, mas o Nazareth realmente lançou seu melhor disco em um tempo considerável – fica até difícil ser preciso na estimativa. Com Carl Sentance completamente adaptado ao lugar que foi de Dan McCafferty por quase meio século, a banda não economiza em vibração e se concentra no lado mais pesado da sua história. O resultado é empolgante e digno dos momentos mais respeitáveis da discografia do grupo.

New Horizon – “Gate Of The Gods” (Power Metal): O vocalista Erik Grönwall se juntou ao antigo colega de H.E.A.T Jona Tee – que segue com a banda – e lançou um ótimo disco de Power Metal. Os apreciadores da proposta embarcarão em uma viagem que começa nos anos 1980 e chega até décadas mais recentes, com arranjos elaborados e, por consequência, canções longas – mais da metade ultrapassa 5 minutos de duração – e intrincadas. Mais uma prova de que a linha que separa o Hard do Heavy é cada vez mais fina, especialmente na Suécia.

Power Paladin – “With The Magic Of Windfyre Steel” (Power Metal): A banda islandesa estreia levando o ouvinte em uma viagem até um período em que o Power Metal não era tão saturado e repetitivo. Sim, os clichês estão todos presentes e a originalidade passa longe. Porém, a qualidade das músicas e da execução são tão acima da média que acabam conquistando. O tipo de disco que se tivesse sido lançado na segunda metade dos anos 1990 arrebataria uma legião de fãs no Brasil – onde sairia pela Rock Brigade, Hellion ou Megahard Records –, Europa e Japão.

Razor – “Cycle Of Contempt” (Thrash Metal): 25 anos se passaram desde o último lançamento dos canadenses do Razor, que possuem status de cult entre os nomes lendários da cena Thrash oitentista. O retorno acontece com 3 membros da formação original e muita energia em um Thrash Metal furioso e veloz. As 12 faixas do tracklist conservam o pique acelerado, sem isso deixar com que soem repetitivas. Um exemplo de volta com dignidade e fúria.

Ronnie Atkins – “Make It Count” (Hard/Melodic Rock): Com um câncer em estágio 4, Ronnie Atkins corre contra o tempo. Por isso, cada lançamento deve ser celebrado como uma vitória pessoal. Make It Count é o segundo trabalho solo do vocalista do Pretty Maids. Assim como no anterior, “One Shot” (2020), o cantor aposta em um Hard Rock melódico e cheio de energia, deixando o lado metálico de sua banda um pouco de lado. O resultado tem tudo para agradar os fãs. Também serve como lição de vida, a partir de alguém que decidiu fazer o melhor que pode contra as expectativas que o cercam.

Satan – “Earth Infernal” (Heavy Metal): Um dos nomes cult da NWOBHM, o Satan já possui mais discos lançados neste século do que nos tempos áureos. Em Earth Infernal, a banda visa alertar o mundo para o crescente problema do aquecimento global. Tudo isso com a sonoridade que deu status ao grupo, trazendo os vocais melodramáticos de Brian Ross (também do Blitzkrieg), riffs afiados e duelos de guitarras. Adeptos da New Wave Of British Heavy Metal e do lado mais tradicional do gênero como um todo irão se deliciar com as dez faixas do disco.

Soilwork – “Övergivenheten” (Melodic Death Metal): Temos aqui o típico caso do álbum que precisa de várias audições para ser compreendido em sua plenitude. Há espaço para fugas sonoras que vão do progressivo ao AOR, sem descuidar da proposta original da banda. O resultado final é denso e até mesmo difícil de ser assimilado. Porém, o processo se torna recompensador a cada nova escutada, proporcionando grandes descobertas ao ouvinte. A lamentar o falecimento do guitarrista David Andersson no mês seguinte ao lançamento.

The Troops Of Doom – “Antichrist Reborn” (Death/Thrash Metal): Supostamente, a banda comandada pelo guitarrista Jairo Guedz resgataria a sonoridade dos primeiros trabalhos do Sepultura. Mas a coisa vai bem além, com o grupo se mostrando não apenas enraizado com o passado, mas adaptado aos tempos atuais – especialmente no aspecto técnico, à época tão rudimentar nas produções dos Cavalera. Com músicas fortes e execução primorosa, o The Troops Of Doom mostra capacidade para sair da sombra da inevitável associação com o passado.

Twilight Aura – “For A Better World” (Power Metal): Quase 30 anos se passaram desde a fundação da banda, mas finalmente o Twilight Aura ofereceu seu primeiro álbum completo. O grupo comandado pelo guitarrista Andre Linhares Bastos (ex-Angra) entrega um Power Metal carregado no peso e com melodias certeiras. A vocalista Daísa Munhoz é o destaque inevitável, com uma performance de alto nível. A lista de convidados é extensa e dá o brilho necessário às composições sem as deixar em segundo plano.

Uganga – “Libre!” (Thrashcore): O Uganga reafirma sua posição vanguardista e livre de amarras sonoras em seu sexto álbum de estúdio. Sem medo de experimentar, o grupo mineiro incorpora elementos de Dub e Rap à sua mistura bem resolvida de Thrash Metal e Hardcore. As letras em português e a performance fenomenal do vocalista Manu Joker apenas colaboram para que a mensagem crua e direta se deixe compreender, mantendo a posição de destaque da banda no atual cenário nacional.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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