Sexta-feira, 9 de setembro de 2022. Quinto dos sete dias da atual edição do Rock in Rio. Terceiro e último dia a ser focado no estilo que batiza o festival – e terceira e última data acompanhada in loco pelo site. A cobertura abrangeu as quatro atrações do palco Mundo: Green Day, Fall Out Boy, Billy Idol e Capital Inicial.
Também foi possível acompanhar trechos de três apresentações do palco Sunset, que serão comentadas rapidamente antes dos artistas do Mundo. Não há muito o que falar sobre Avril Lavigne, atração principal do espaço alternativo, porque foi praticamente impossível ouvi-la em seu próprio show. A estrutura do Sunset não foi o suficiente para fazer chegar a performance da artista aos ouvidos de quem não estava exatamente de frente e próximo à grade.
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Houve uma tentativa de conferir a performance, mas após duas músicas em que até o bate-papo do público soava mais alto que a cantora e sua banda, não havia outra opção a não ser desistir. Uma pena – e uma grave falha da organização de um festival que não costuma vacilar em questões técnicas.
O som estava melhor na atração anterior do Sunset, o tributo chamado 1985: A Homenagem. Com ideia de celebrar alguns artistas que tocaram na primeira edição do evento, o projeto reuniu veteranos como Ivan Lins, Alceu Valença, Blitz, Pepeu Gomes e Elba Ramalho junto a artistas mais jovens a exemplo de Agnes Nunes, Liniker, Xamã e Luísa Sonza. Andreas Kisser, um elo entre ambas as gerações, também tocou.
Se houve maior capricho no som, talvez tenha faltado na montagem do conceito. Quando se fala no primeiro Rock in Rio, poucos se lembram dos artistas que participaram. Houve uma tentativa de corrigir isso ao trazer Sonza para cantar “Love of My Life”, do Queen, mas fora este e alguns outros momentos como a performance da banda Blitz com Kisser (que tocou ainda com Pepeu Gomes), pareceu mais uma reunião de artistas brasileiros sem muito critério.
A parceria entre Di Ferrero e Vitor Kley abriu o Sunset em meio a um calor de 35°C e sensação térmica que provavelmente ultrapassava este número. Ambos os artistas parecem ter se encontrado bem quando orientaram mais seus trabalhos ao pop. Reuniram bons músicos em suas bandas de apoio, colocaram uma dose generosa de groove em seus sons e mostraram-se competentes em suas propostas. As reações mais enérgicas do público vieram quando Ferrero homenageou sua ex-banda, o NX Zero, com versões menos pesadas para “Razões e Emoções” e “Cedo ou Tarde”.
Agora é hora de palco Mundo, com apresentações acompanhadas na íntegra.
Capital Inicial 4.0
Encarregado de abrir os trabalhos no espaço principal do Rock in Rio, o Capital Inicial fez ali o primeiro show de sua turnê de 40 anos. Três quartos da formação original segue intacta: Dinho Ouro Preto (voz) e os irmãos Flávio (baixo) e Fê Lemos (bateria). Dá para considerar ainda a tour como uma celebração dos 20 anos da parceria com o guitarrista Yves Passarel, que desde 2002 ocupa a vaga deixada por Loro Jones. Fabiano Carelli (guitarra) e Robledo Silva (teclados) completam o grupo ao vivo.
Ciente de que era uma ocasião especial, o Capital apostou em um repertório com hits do início ao fim. Nada de músicas novas ou experimentos: fizeram uso apenas dos catálogos dos dois períodos de auge da banda, na década de 1980 e na virada dos anos 1990 para 2000.
A grande surpresa esteve justamente em seu integrante mais famoso. Após ter enfrentado uma série de problemas de saúde — e hoje ser conhecido como uma espécie de Highlander que sobreviveu a tudo —, Dinho Ouro Preto enfim voltou a cantar bem. Nos últimos anos o vocalista vinha demonstrando dificuldades até para conversar de forma afinada, mas felizmente a situação parece ter se revertido.
Dinho, aliás, também estava muito à vontade enquanto mestre de cerimônias. O público retribuiu à entrega dele e dos colegas cantando praticamente todas as músicas — não de forma tão efusiva quanto costuma fazer diante de atrações internacionais, mas de forma constante, o que também mostra os acertos na escolha do setlist. Talvez seja real, especialmente para o cantor, sua declaração bem-humorada de que “a vida começa aos 40 anos (de banda)”.
- Quatro vezes você
- Independência
- Veraneio vascaína
- Música urbana
- O passageiro (The Passenger, cover de Iggy Pop)
- Olhos vermelhos
- Primeiros erros
- Fátima
- Que País é Este? (cover de Legião Urbana)
- Should I Stay or Should I Go (cover de The Clash)
- Natasha
- À sua maneira
Billy Idol com problemas
A tarefa de Billy Idol já não era fácil antes mesmo de ele pisar no palco. Trinta e um anos depois de sua primeira e até então única apresentação no Rock in Rio (ele viria em 2017, mas precisou cancelar e foi substituído pelo Fall Out Boy), o punk mais farofa da década de 1980 retornou ao festival com a dura missão de roubar a atenção de fãs que já debandavam para o palco Sunset em busca de um bom lugar para o show de Avril Lavigne, que rolaria na sequência.
Não dá para dizer que não houve tentativas por parte de Idol e sua competente banda coliderada junto ao guitarrista Steve Stevens e completa por Billy Morrison (também guitarra), Stephen McGrath (baixo), Erik Eldenius (bateria) e Paul Trudeau (teclados). A apresentação começou de forma interessante, com os hits “Dancing with Myself” e “Cradle of Love” soando mais vívidos com a performance enérgica e bem timbrada do grupo aliada ao carisma do vocalista, claramente poupando energia para aguentar tudo aquilo no auge de seus 66 anos.
Billy, aliás, não escondeu a felicidade que sentia ao estar de volta ao festival após tanto tempo. Chegou a cantarolar um trecho da música-tema do Rock in Rio enquanto conversava com os fãs antes de “Flesh for Fantasy”, uma das melhores da noite. Aqui o cantor fez uma espécie de striptease ao trocar de jaqueta e camisa no palco, já que o groove sensual da canção permitia isso.
A reação ao novo single “Cage” foi injustamente morna, já que se trata de uma boa faixa, mas “White Wedding” recuperou a atenção dos que permaneciam diante do palco Mundo. Só que algo errado parecia começar a ocorrer com Billy Idol, que passou a cometer pequenos deslizes em sua performance por, aparentemente, não estar com o retorno de áudio funcionando de forma devida.
Outra nova composição, “Bitter Taste”, vinda do EP “The Roadside” (2021), precedeu o momento-chave da noite para Idol. Munido de violão, Steve Stevens — que fazia um show irretocável até então — fez um lindo solo flamenco para introduzir “Eyes Without a Face”, um dos maiores hits do repertório. O problema é que ele iniciou o número no tom errado e a banda o acompanhou. Quanto Billy começou a cantar, estava claramente fora.
Em vez de “abraçar a causa”, o artista simplesmente pediu para que sua banda parasse de tocar. Houve quem pensasse que aquilo seria combinado, mas deu para sentir que eles retomaram de um jeito diferente. E mesmo assim não deu certo: Idol interrompeu de novo e a canção só voltou a ser performada, a duras penas, em uma versão simplificada em arranjos.
Colaboradora do site, a repórter Juliana Tancler cobriu o show de Billy Idol em São Paulo, um dia antes, e não percebeu nenhum problema nesse sentido. Pareceu ser uma falha pontual, daquela noite no Rio, provavelmente causada por uma questão técnica. Steve Stevens, no Twitter, confirmou dizendo: “tivemos grandes problemas técnicos e nenhum de nós conseguia ouvir um ao outro; dependemos de nossos retornos in-ear que não estavam funcionando”.
Fato é que o restante da apresentação ficou marcada pelos mesmos empecilhos notados em “Eyes Without a Face”. O artista passou a errar letras, atravessar ou atrasar algumas entradas de sua voz e até mesmo soar desafinado ou sem potência — o que, em casos de músicos experientes, costuma ser reflexo de problemas técnicos.
Uma pena. Especialmente para os fãs, que não tiveram performances adequadas de canções como a rocker “Mony Mony” (original de Tommy James and the Shondells) e “Blue Highway”, quando Billy preferiu distribuir baquetas e folhas de setlist em vez de cantar as primeiras estrofes.
Ao fim, coube a Steve Stevens, talvez o maior destaque da noite com sua técnica irrepreensível na guitarra, tentar recuperar a atenção do público ao tocar a música-tema do filme “Top Gun”, uma de suas obras mais populares. “Rebel Yell”, hit máximo de Idol, ao menos tirou um pouco do gosto amargo deixado por uma apresentação tão abaixo da média.
- Dancing With Myself (música do Generation X)
- Cradle of Love
- Flesh for Fantasy
- Cage
- White Wedding
- Bitter Taste
- Eyes Without a Face
- Mony Mony (cover de Tommy James & the Shondells)
- Runnin’ From the Ghost
- Blue Highway
- Top Gun Anthem
- Rebel Yell
Fall Out Boy no protocolo
Não foi só o show de Billy Idol que decepcionou os fãs: a apresentação de Avril Lavigne foi alvo de duras críticas, mas neste caso não pela performance da cantora e sim por ela ter sido colocada no palco Sunset. O espaço claramente não tem estrutura para oferecer uma boa experiência a um volume de público maior. Além da pista relativamente estreita, o som fica terrivelmente baixo para quem está um pouco mais distante.
O que vinha na sequência, no palco Mundo, era o Fall Out Boy — banda que não era tão adotada pelos presentes quanto a cantora canadense. Novamente, tarefa árdua para uma atração do espaço principal do evento, agora com a intenção de oferecer um bom momento para os fãs que se decepcionaram com a apresentação anterior.
Desta vez, Patrick Stump (voz e guitarra), Pete Wentz (baixo), Joe Trohman (guitarra) e Andy Hurley (bateria) não trouxeram tantas novidades na comparação com o show de 2017. A banda retornou apenas com uma performance mais afiada e adequada a grandes arenas, aproveitando a experiência obtida com a turnê conjunta Hella Megs, integrada justamente pelo Green Day, headliner daquela noite de Rock in Rio, além de Weezer.
Com uma pontualidade que chegou a atravessar o fim do show de Avril, o quarteto americano iniciou o set com “The Phoenix”. Já na música seguinte, “Sugar, We’re Goin’ Down”, conquistou o público que optou por ficar na pista do palco Mundo em vez de tentar a sorte no Sunset. Passada “Irresistible”, rolaram dois destaques da etapa inicial do concerto: “Uma Thurman”, com sua vibe surf rock que remete à trilha sonora de “Pulp Fiction” — um dos grandes filmes protagonizado pela atriz que batiza a faixa —, e a melódica “Hum Hallelujah”, com direito a interlúdio de “Hallelujah” (Leonard Cohen).
“Grand Theft Autumn/Where Is Your Boy” e “American Beauty/American Psycho” não deixaram o público tão entusiasmado, mas a banda tinha cartas na manga para a segunda etapa do set. A primeira delas foi usada nas duas músicas seguintes: o piano de Patrick Stump, que, tomado em chamas (e não no sentido figurado), deu ritmo à boa balada “Save Rock and Roll” e à pop “The Last of the Real Ones”.
A partir daí, os maiores hits do grupo foram tocados de forma quase que enfileirada. Destacaram-se “Dance, Dance”, com seu ritmo irresistível; “This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race”, que mobilizou até algumas tímidas rodas punk; e “My Songs Know What You Did in the Dark (Light Em Up)”, onde a pirotecnia ajudou a disfarçar o fato de que Stump, grande vocalista, já estava sem tanto fôlego.
Um show tão seguro e por vezes até protocolar só ficou um pouco comprometido por seu final meio anticlímax, com “Centuries” e especialmente “Saturday”. O número derradeiro do setlist só ganhou mais energia após Pete Wentz — o real frontman do Fall Out Boy, já que é ele quem dialoga com o público e mais interage — trocar o baixo pelo microfone, surgir com uma camiseta onde Axl Rose (Guns N’ Roses) é retratado como Jesus e ir para a galera da grade enquanto fazia screamos.
Ainda que ofereça um show correto e bem formatado para arenas, o Fall Out Boy tem em seu grande talento, Patrick Stump, seu calcanhar de Aquiles. Falta um contraponto grave à voz aguda do cantor, fortemente influenciada por soul e R&B. Fora isso e a ausência de momentos mais interativos e ousados, é um bom concerto.
O problema é que não dá para deixar de comparar qualquer outra atração da noite com os headliners.
- The Phoenix
- Sugar, We’re Goin Down
- Irresistible
- Uma Thurman
- Hum Hallelujah
- Grand Theft Autumn/Where Is Your Boy
- American Beauty/American Psycho
- Save Rock and Roll
- The Last of the Real Ones
- Dance, Dance
- A Little Less Sixteen Candles, a Little More “Touch Me”
- This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race
- Immortals
- My Songs Know What You Did in the Dark (Light Em Up)
- I Don’t Care
- Thnks fr th Mmrs
- Centuries
- Saturday
Green Day, o melhor de 2022?
Brasil e Green Day têm uma relação de certo distanciamento. Todo fã de rock por aqui conhece a banda, uma das mais populares das décadas de 1990 e 2000, mas como as passagens pelo país são raras (esta foi apenas a quarta, sucedendo 1998, 2010 e 2017), poucos têm noção real do que é um show desses caras.
Nada como uma apresentação no maior festival de música do país, com transmissão pela TV e tudo o mais, para enfim consolidar o Green Day como atração de arenas por aqui. A banda comandada por Billie Joe Armstrong (voz e guitarra), Mike Dirnt (baixo) e Tré Cool (bateria), tendo Jason White (guitarra), Kevin Preston (guitarra) e Jason Freese (teclados e saxofone) no apoio, fez o melhor show da edição 2022 do evento – ao menos entre as atrações rock – e um dos melhores desde que voltou a ser realizado de forma regular no Rio, a partir de 2011.
Para isso, é importante entender uma ideia conflituosa, mas que faz sentido neste contexto. A primeira é que toda grande performance musical nos dias de hoje segue um roteiro. A proposta é deixar tudo amarrado para que vire um espetáculo. A música se alia a artes em telões, pirotecnia, fogos de artifício e até uso de bases pré-gravadas para “encher” o som. Há tudo isso (apesar de pouco material pré-gravado) no caso do Green Day, banda tão consciente do script a ser seguido que trouxe um repertório sem nenhuma música de seu novo álbum, “Father of All…” (2020).
A segunda, que se contrapõe à primeira, é que de vez em quando esses caras rasgam o roteiro. Seja pela interação direta com fãs que chegaram a subir no palco, seja por improvisações e alterações nas músicas que fazem sentido num show, mas talvez não em outro. No fim das contas, não deixa de ser uma apresentação para estádios, muito bem ensaiada, mas há uma pontinha de informalidade que deixa tudo mais… rock and roll.
Isso se percebe antes mesmo de a banda entrar no palco. Quatro músicas são tocadas nas PAs para preparar o público: “Bohemian Rhapsody”, do Queen; “Blitzkrieg Bop”, dos Ramones; “I Love Rock and Roll”, na versão de Joan Jett and the Blackhearts; e “We Will Rock You”, do Queen. A primeira é cantada em uníssono pela plateia, enquanto a segunda conta com um coelho animador de plateia rodando por todo o palco. Simples, mas efetivo.
Quando o grupo sobe ao palco para tocar a explosiva “American Idiot”, os fãs já estão nas palmas de suas mãos. Ao fim da música, até quem não é muito chegado no som dos caras começa a se convencer de que aquilo será bom. “Holiday”, onde Billie Joe Armstrong mostra de vez por que é um dos grandes frontmen do rock na atualidade, arrasta até o mais mal-humorado na plateia. Não há como fugir da festa.
Como em toda boa festa, algumas coisas saem do roteiro e deixam a ocasião ainda mais especial. Tivemos vários exemplos neste show. O primeiro veio logo na sequência, em “Know Your Enemy”, quando uma fã subiu ao palco e cantou com Billie a parte final da música. O segundo, ainda mais incrível, se deu em “Boulevard of Broken Dreams”, quando rolou um pedido de casamento diante de banda, fãs no local e público da TV. Beatriz Gouvea e Jonas Pagassini se conheceram em uma comunidade de Orkut que reunia admiradores do grupo, portanto, era a situação perfeita.
Hora de voltar ao roteiro — e ao tempo. Quando Billie Joe Armstrong realiza uma troca de guitarras para pegar sua famosa Stratocaster verde, já se deduz que músicas mais antigas do trio serão tocadas. “Longview”, onde o baixo consistente de Dirnt faz o músico ser apresentado pelo frontman; “Welcome to Paradise”, que mobilizou uma roda punk gigantesca; e “Hitchin’ a Ride”, com longo momento de interação entre Armstrong e plateia, garantiram a nostalgia de quem cresceu com o som dos caras na década de 1990.
O Green Day tem música de sobra em seu catálogo para fechar um setlist, mas isso não impede a entrada de um cover que se encaixe à proposta do evento. Por isso a presença de “Rock and Roll All Nite”, hino festeiro do Kiss, se mostrou tão acertada. Curiosamente, é depois do incendiário clássico do hard rock que vem um dos poucos momentos da noite onde a adrenalina abaixa um pouco: “Brain Stew”, que pode ser vista quase como um “descanso” para o que está por vir.
Uma das músicas de batida mais rápida do show, “St. Jimmy”, foi tocada de forma ainda mais ágil. Tré Cool, como todos os colegas, estava em noite inspirada. Até quando há erros, o público se diverte: nos segundos finais da faixa, a galera das artes dos telões laterais tentou colocar dois “X” nos olhos de Billie Joe. Demoraram um bocado para fazer os “X” aparecerem — e quando surgiam, eram no lugar errado. Não sei como Armstrong conseguiu ficar tanto tempo parado esperando, já que ele não havia ficado um segundo quieto até então.
Após gritos contra o atual presidente da República, os fãs testemunharam mais uma volta ao Green Day pré-“American Idiot”, com o hit desacelerado “When I Come Around” e a querida dos fãs “Waiting”. Ainda que encerrada antes da hora, a balada “21 Guns” quebrou um pouco o clima. Mas este escriba, geralmente pouco disposto a curtir sons mais lentos, compreende que a faixa é adorada pelo público — não à toa, houve recorde de celulares filmando esta aqui.
Hora de colocar o pé no acelerador com “Minority”, em versão de batida mais rápida que o usual. A faixa ganhou uma versão estendida onde todos os integrantes, inclusive da banda de apoio, são apresentados. Mike Dirnt, que já havia sido citado nominalmente antes, foi o mais aclamado nesta ocasião. Outra bastante esticada em sua duração foi a clássica versão para “Knowledge” (Operation Ivy). Teve solo de bateria, presença de saxofone e Armstrong estendendo bandeira do Brasil com os dizeres “não ao racismo, não ao fascismo, não ao sexismo” e convidando uma fã para tocar guitarra no palco.
“Basket Case”, música que fez o Green Day estourar, foi tocada em seguida para promover nova catarse coletiva. Um pequeno respiro veio com uma breve pausa antes da intensa dobradinha “King for a Day” e “Shout” (The Isley Brothers). Também teve de tudo um pouco: iluminação caprichada, pegada irish punk, solo de saxofone com direito a trecho de “Careless Whisper” (Wham!)… Billie Joe estava tão à vontade que deitou no chão de barriga para baixo e para cima, deu beijo em direção à câmera, estendeu a bandeira LGBTQIA+ e fez a banda reduzir volume para depois aumentar. É impossível que este homem esteja com 50 anos de idade.
A trinca final reservou fortes emoções aos fãs. “Wake Me Up When September Ends”, outra recordista de celulares estendidos para filmagem, foi executada como manda o script. Em um show de tantas improvisações, tocar uma canção exatamente como gravada foi algo raro. Até mesmo “Jesus of Suburbia”, com seus imponentes 9 minutos de duração, teve uma pequena passagem estendida em seu miolo. Aliás, esta é uma das melhores e mais elaboradas músicas do Green Day – e ficou incrível também ao vivo, mesmo com sua alta complexidade na execução. Por fim, “Good Riddance (Time of Your Life)” trouxe Billie Joe Armstrong sozinho, munido apenas de seu violão. Escolha surpreendente para fechar um set tão enérgico.
A festa continuou até mesmo depois da última música. Depois de uma chuva de papel picado e de imponentes fogos de artifício disparados, os integrantes voltaram ao palco para atirar baldes de baquetas e palhetas ao público. Isso mesmo: baldes inteiros foram despejados em direção aos fãs. Mais um sinal de que esses caras tratam o público de forma diferenciada.
Reafirmo: o Green Day realizou o melhor show da edição 2022 do Rock in Rio – ao menos entre as bandas de rock, que pude acompanhar in loco. Acertaram ao mostrar que dá para fazer uma apresentação impecável tecnicamente sem abdicar da diversão. Roteiros estão aí para servir de orientação, não para se seguir à risca.
- American Idiot
- Holiday
- Know Your Enemy
- Boulevard of Broken Dreams
- Longview
- Welcome to Paradise
- Hitchin’ a Ride
- Rock and Roll All Nite (cover de Kiss)
- Brain Stew
- St. Jimmy
- When I Come Around
- Waiting
- 21 Guns
- Minority
- Knowledge (cover de Operation Ivy)
16, Basket Case - King for a Day
- Shout (cover do Isley Brothers)
- Wake Me Up When September Ends
- Jesus of Suburbia
- Good Riddance (Time of Your Life)
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Parabéns. você é um tremendo profissional. Muito bom memso.