Entrevista: direto da praia, Joel O’Keeffe fala sobre show único do Airbourne no Brasil

Em bate-papo exclusivo, vocalista e guitarrista aumenta a expectativa quanto ao próximo show da banda no país, marcado para acontecer em São Paulo no dia 28 de agosto

Localizada à beira-mar, com suas ruas limpas e organizadas e numerosas oportunidades de emprego no setor de turismo, a cidade de Warrnambool, na Austrália, não parece ser o lugar propício nem oferecer as circunstâncias tidas como ideais para a criação de uma banda de hard rock. Foi lá que em 2001, contra todas as probabilidades, os irmãos Joel O’Keeffe (vocais e guitarra) e Ryan O’Keeffe (bateria) formaram o Airbourne, que no próximo dia 28 de agosto, um domingo, desembarca no Brasil para um único show no Fabrique Club, em São Paulo (mais informações no serviço ao fim da página).

No meio de um dia de folga numa praia em Portugal, Joel respondeu às perguntas deste jornalista.

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A primeira coisa que quis saber é se o som da banda, aquele hard rock ideal para churrascos com os amigos, chopadas e confraternizações regadas a muito álcool, é um reflexo da personalidade de seus integrantes. Joel confirma:

“Sem dúvidas. Não dispensamos uma boa festa; é para isso que estamos vivos, para nos divertir!”

Mas teria sido essa personalidade festiva, de alguma forma, afetada pela pandemia? “Com certeza”, responde ele. Em seguida, completa:

“Esses dois anos trancados em casa me mostraram como é bom ser livre e poder sair por aí para tocar. Não que eu não soubesse ou achasse isso antes, mas adquiri uma consciência diferente em relação a essa liberdade. Temos sorte por sermos livres e podermos viver de música.”

O líder do Airbourne ainda acrescenta:

“A pandemia nos deixou com mais fome de palco ainda, e os fãs, por terem ficado tanto tempo sem assistirem a shows, têm enlouquecido como nunca, como animais de circo que são soltos depois de muito tempo enjaulados.”

O espontâneo “Boneshaker”

A presente turnê consiste num rescaldo do giro de “Boneshaker” (2019). Comparado a seus antecessores, o quinto álbum de estúdio do Airbourne soa diferente, mais espontâneo, e tal espontaneidade, segundo Joel, se deve ao modo de trabalho escolhido para a empreitada:

“Compusemos as músicas no estúdio e gravamos tudo em seis semanas. Anteriormente, compúnhamos o material antes de começarmos a gravar e levávamos cerca de três meses.”

Questiono se esse será o modo de trabalho do álbum seguinte. A resposta:

“Bem, começamos a escrever músicas novas em meio a essa turnê, então é provável que só entremos em estúdio quando estivermos com tudo pronto.”

Novo integrante, mesmos gostos

Nos últimos anos, o Airbourne passou por algumas mudanças na formação. É lógico que perguntei a Joel O’Keeffe sobre o novo guitarrista, Jarrad Morrice, que o descreveu como “australiano e um amigo de longa-data”.

“É humilde, pés-no-chão e ama as mesmas bandas que nós amamos: Metallica, Motörhead e, é lógico, AC/DC. Nossos ‘mixes’ do Spotify têm quase as mesmas músicas! [risos]”

Como o AC/DC é hors concours, comento com ele sobre outras duas bandas australianas de enorme sucesso no Brasil: Men at Work nos anos 1980 e Silverchair nos anos 1990 e 2000. Ele reage:

“Não é o tipo de som que eu ouço, cara. Mas se estou numa festa e começa a tocar ‘Down Under’ [do Men at Work], sou o primeiro a sair pulando, cantando junto e agitando todos ao meu redor!”

Já que Men at Work e Silverchair não constam do rol de preferências de Joel, peço a ele que indique algumas bandas australianas que foram influentes na sua formação musical. Em meio a diversos nomes mais underground, um chama a atenção deste jornalista: Rose Tattoo.

“Era uma das favoritas do Guns N’ Roses, sabe? Eles até gravaram uma música deles.”

A saber, “Nice Boys”, no EP “Live ?!*@ Like a Suicide” (1986).

Lembranças do Brasil

A proximidade do show me faz querer saber se o Airbourne, que esteve no Brasil en passant em 2017 durante a turnê de “Breakin’ Outta Hell” do ano anterior, tinha boas lembranças do país. Joel O’Keeffe responde:

“A primeira coisa que pensei quando cheguei a São Paulo foi, ‘uau, essa cidade é enorme!’. Depois do show, lembro que saímos para tomar uma cerveja e me impressionou a quantidade de bares e casas noturnas abertas; e abertas até de manhã quase! A vida noturna de São Paulo me impressionou. Vocês, brasileiros, são verdadeiros inimigos do fim: gostam de beber e curtir até o raiar do dia!”

Se a agenda lhe permitisse ficar mais tempo no Brasil, O’Keeffe já sabe o que gostaria de fazer:

“Conhecer mais a fundo a cultura, a história, coisas assim. E, lógico, ir à praia!”

Sendo a seleção australiana freguesa da brasileira, provoco: e quanto a assistir a uma partida de futebol? “Como não? Vocês são o país do futebol, né?”, ri, talvez sem ter se dado conta da alfinetada.

Com o tempo prestes a esgotar, e Joel visivelmente querendo aproveitar o fim de tarde na enseada portuguesa, peço a ele que mande um recado para os fãs que comparecerão ao show marcado para dia 28 de agosto. Depois de um longo suspiro, ele engrena:

“Amigos, mal vemos a hora de estar com vocês outra vez. Mal posso esperar! Estivemos no Brasil uma única vez, mas foi o suficiente para termos o gostinho e ficarmos na vontade. Pudemos ver o quanto vocês são apaixonados pelo rock ‘n’ roll e queremos dar a todos uma noite inesquecível. Contamos com a presença de todos!”

Serviço: Airbourne em São Paulo

  • Data: 28 de agosto de 2022 (domingo)
  • Local: Fabrique Club
  • Endereço: Rua Barra Funda, 1071 – Barra Funda
  • Horário: 17h (portões)
  • Atração de abertura: RF Force
  • Ingressos: R$ 250 (2º lote pista/promocional)
  • Venda online: site Bilheto
  • Venda física: Manifesto Bar (R. Iguatemi, 36 – Itaim Bibi)
  • Outras informações: site do Manifesto Bar

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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