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Os dois baixistas favoritos do genial Paul McCartney

Beatle destacou em entrevista que o também lendário Brian Wilson e o desconhecido, mas incrível James Jamerson são suas maiores influências no instrumento

Parte do pioneirismo dos Beatles vem justamente de saber agregar influências distintas. Enquanto baixista, este foi um dos grandes méritos de Paul McCartney.

Dono de um estilo que se tornou bastante próprio, Macca trouxe algumas referências de fora do rock and roll em sua pegada para os primeiros discos com os Beatles. O fato de ser um multi-instrumentista, com amplo domínio da guitarra e do piano, ajudou bastante nesse processo.

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Com o passar dos anos, sua forma de tocar baixo se tornou ainda mais complexa. Paul sabia ser delicado quando precisava e também tinha noção de como aplicar peso e ferocidade em suas linhas. Não à toa, algumas de suas composições são apontadas como as primeiras do heavy metal, como “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (a música) e “Helter Skelter”.

Mas quando se fala de Paul McCartney no baixo, tudo começa a partir de duas influências específicas. Ele próprio as apontou em entrevista ao Music Radar: James Jamerson e Brian Wilson (Beach Boys).

“Quando os Beatles começaram, eu tinha um pouco de conhecimento, mas era muito amador. Comecei a ouvir outros baixistas. Motown… James Jamerson virou meu herói, de verdade. Eu não sabia o nome dele até pouco tempo atrás. Ele e Brian Wilson foram minhas maiores influências. James Jamerson por ser tão bom e tão melódico, Brian porque ele ia para caminhos menos usuais.”

Paul McCartney e James Jamerson

James Jamerson é amplamente desconhecido do grande público, mas suas obras são bem famosas. O baixista fazia parte da banda da gravadora Motown e boa parte de seus trabalhos não foram creditados oficialmente, pois a empresa não listava seus músicos de apoio até o ano de 1971.

Sabe-se, porém, que ele tocou em uma grande lista de hits do selo nas décadas de 60 e 70. Gravou com Marvin Gaye, Four Tops, The Temptations, The Supremes, Martha and the Vandellas, entre vários outros. Ao que tudo indica, ele participou de todos os registros da Motown entre 1963 e 1968.

Ao ser perguntado se deixou o baixo mais “aceitável” enquanto instrumento, Macca compartilhou o crédito com o ídolo.

“Acho que James Jamerson, ele e eu, dividiríamos o crédito lá. Eu roubei muito dele. O baixo se tornou um instrumento mais ‘funky’. Era quase como uma bateria em termos de possibilidades rítmicas. Era muito empolgante e me dava algo para me manter interessado no baixo.”

Em seguida, ele refletiu:

“O perigo com o baixo é que todo mundo em uma banda tem funções interessantes e você é apenas o último cara a conseguir algo. Literalmente você só consegue as notas de raiz, duas em um compasso. Mas na verdade… hoje eu gosto bastante disso, gosto da simplicidade. Uma espécie de baixo western country.”

Brian Wilson, o “rival”

Ter Paul McCartney citando Brian Wilson como sua segunda influência no baixo é algo bem curioso. Nos anos 1960, os dois protagonizaram uma espécie de rivalidade criativa não-declarada que acabou nos gerando algumas das obras mais importantes da história do rock.

À frente dos Beach Boys, Wilson visava fazer trabalhos inovadores e de certo modo até “superar” os Beatles. Era o mesmo pensamento que McCartney tinha: queria ir além dos colegas americanos.

Veio daí a veia experimental de Macca: ele via como Brian tinha soluções diferentes para o baixo, o que o inspirava de diferentes modos.

“Se estavam tocando em Dó, Brian ficava muitas vezes em Sol, só para segurar o todo. Fazia perceber o poder que um baixista tem na banda. A banda toda pode estar em Lá, você fica em Mi, e na verdade é você quem está os controlando.”

A ideia de tocar notas que não estão nem mesmo no acorde básico deixava Paul encantado com o baixo.

“Ficava particularmente interessado em tocar baixo. Levei para além disso. Eu pensava: ‘se você pode fazer isso, o que mais você pode fazer?’ Você pode até tocar notas que não estão no acorde. Comecei a experimentar usando sétimas em vez das notas regulares, ou até uma pequena melodia por trás dos acordes que não existe em nenhum outro lugar. Era a ideia de uma melodia independente.”

https://www.youtube.com/watch?v=AOMyS78o5YI

O interesse pelo baixo

Em outro momento da entrevista, Paul McCartney lembrou como seu pai, que era pianista, fez que seu interesse pelo baixo se despertasse de forma relativamente simples.

“Curiosamente, sempre gostei de baixo. Meu pai era músico e lembro que ele me dava pequenas aulas – não aulas de verdade, mas ele apenas dizia algo… quando tocava algo no rádio, ele dizia: ‘Ouviu essa coisa mais grave? Esse é o baixo’. Eu me lembro dele apontando o que era um baixo e dando pequenas lições de harmonia. Comecei a perceber o poder que você tinha dentro da banda como baixista – não um poder vingativo, mas um poder de experimento.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Nada…a influência do cara é Alex Camargo do Krisiun e Steve Harris do Iron Maiden, o cara é metaleiro!!!! Brincadeira… cada um tem a sua influência e sua época, não importa o estilo de música e técnica, valeu!!!!

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