Como o filme “O Iluminado” traumatizou Shelley Duvall para sempre

Clássico longa de 1980 trouxe consequências permanentes para carreira e vida pessoal da atriz que deu vida a Wendy Torrance

“O Iluminado” é um clássico dos cinemas que marcou gerações e costuma ser lembrado entre os melhores filmes da história. Mas quem não tem memórias muito boas dele é a atriz Shelley Duvall, que interpretou Wendy Torrance, mulher do protagonista Jack Torrance, que foi vivido por Jack Nicholson.

O motivo foi a longa e turbulenta produção do filme, muito por conta do renomado diretor Stanley Kubrick. A atriz não se deu muito bem com o cineasta devido ao estilo de trabalho dele, o que levou a levou ao limite em várias ocasiões.

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A artista, que passou os últimos anos de sua vida reclusa, topou falar a respeito do assunto recentemente, em entrevista concedida ao portal The Hollywood Reporter em 2021.

Turbulência e desentendimentos

Baseado no livro homônimo de Stephen King, “O Iluminado” conta a história de Jack Torrance (Jack Nicholson), um aspirante a escritor e alcoólatra em recuperação que aceita ser o zelador de um hotel isolado durante o inverno. Ele tem apenas a companhia de sua esposa, Wendy (Shelley Duvall), e do filho, Danny (Danny Lloyd).

Após uma severa tempestade de neve deixar a família isolada no hotel, Jack vai aos poucos perdendo a sanidade, em função da natureza sobrenatural do local. A própria família é colocada em risco nessa situação.

Por conta do estilo perfeccionista (e até considerado neurótico por muitos) de Stanley Kubrick, “O Iluminado” levou um ano para ser gravado. Durante o período, Duvall se desentendeu inúmeras vezes com o diretor. Há relatos de que ela ficou doente por meses e seus cabelos chegaram a cair durante as gravações.

Além disso, o cineasta instruiu a produção do filme para deixar Duvall isolada, com o intuito de criar um clima de horror psicológico, o que só piorou a situação. A filha de Stanley Kubrick, Vivian, já confirmou este fato.

Até Jack Nicholson se frustrou algumas vezes. Após certo tempo, o ator sequer se dava ao trabalho de ler o roteiro do longa para memorizar suas falas, pois sabia que Kubrick faria mudanças antes de gravar.

Apesar da ampla divulgação, na época, dos problemas que a atriz viveu no longa, ela nunca havia tocado no assunto. Mas tudo isso mudou com a entrevista que aceitou conceder ao The Hollywood Reporter.

Shelley Duvall chega ao limite

Quando a entrevista ao The Hollywood Reporter tocou neste assunto tão sensível, Shelley Duvall não hesitou em culpar Stanley Kubrick, falecido em 1999, pelas dificuldades que viveu no decorrer das gravações.

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“(Kubrick) não aceitava nada até gravarmos a 35ª tomada. Trinta e cinco tomadas correndo, chorando e carregando um menino pequeno é algo difícil. E mantendo a mesma performance desde a primeira tomada. Isso é complicado.”

Outro ponto que contribuiu para o desgaste da atriz foi o fato de ela ter optado por escutar músicas consideradas tristes em seu walkman antes de gravar, para melhorar sua performance. Decisão essa que, após algum tempo, decidiu rever.

“Escutava músicas tristes. Ou você pensa em algo muito triste de sua vida ou o quanto você sente falta de sua família e amigos. Mas após algum tempo, seu corpo se rebela. Ele diz: ‘pare de fazer isso comigo, não quero chorar todo dia’. E algumas vezes, só de pensar nisso, me fazia chorar.”

O veículo de comunicação também conversou com a atriz Anjelica Huston, que tinha um relacionamento com Jack Nicholson e estava com o ator durante as gravações de “O Iluminado”. Ela acredita que o fato de Shelley Duvall ter optado por morar em um flat ao lado do estúdio em que o longa foi gravado, apenas na companhia de seu cachorro e dois pássaros, também contribuiu para seus problemas.

“Ninguém faz isso. Íamos e voltamos para Londres (onde Nicholson morou durante as gravações), mesmo que isso significasse ficar duas horas parado no trânsito. Mas Shelley fez isso por um ano e meio. Ela alugou esse apartamento e morava lá por ser terrivelmente dedicada e não queria enganar a ela mesma ou a alguém se ela não se comprometesse por completo.”

Apesar de tudo que passou com o diretor, Shelley garante que Stanley a tratava bem. 

“Ele foi bem acolhedor e amigável comigo.”

Sobre Shelley Duvall

Nascida em 1949, no estado americano do Texas, Shelley Duvall iniciou a carreira de atriz em 1970, após ter sido escalada para participar do filme de humor negro “Voar é com os pássaros”.

Outros filmes de renome da carreira da atriz incluem: “Popeye”, “Os Bandidos do Tempo”, “Roxanne” e “Gasparzinho e Wendy”. O último título de sua carreira foi o independente “Manna from Heaven”, lançado em 2002.

Desde então, Shelley Duvall está aposentada do ramo e vive em seu estado natal do Texas.

Foto: Eric Ryan / The Hollywood Reporter

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Augusto Ikeda
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Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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