Como nasceu “Start Me Up”, a sobra reggae dos Rolling Stones que virou hit

Para muitos fãs, faixa que abre o álbum “Tattoo You” é o último clássico da carreira da banda

Faixa de abertura do álbum “Tattoo You” – que recentemente completou 40 anos e ganhou reedição especial comemorativa –, “Start Me Up” foi o último single da carreira dos Rolling Stones a figurar no top 10 britânico. Para muitos, também é a derradeira canção na história da banda a ganhar status de hino.

Nada mal para uma jam de estúdio com influências de reggae, inicialmente chamada “Never Stop”. Gravada entre 1975 e 76, durante sessões em Rotterdam, Holanda, ela foi abandonada pelos músicos a princípio.

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Tudo mudou quando o produtor e engenheiro de som Chris Kimsey foi abordado pelo manager da banda para preparar um álbum baseado em sobras dos então mais recentes trabalhos. O motivo principal residia nas intensas brigas entre Mick Jagger e Keith Richards, que quase deram um ponto final aos Rolling Stones naquela década, como o próprio Kimsey contou à revista Classic Rock.

“Sabia de pelo menos seis gravações que fizemos durante as sessões dos discos ‘Some Girls’ e ‘Emotional Rescue’ e poderíamos usar. Prontifiquei-me a vasculhar arquivos e procurar por mais. Então, passei os próximos quatro meses examinando tudo e encontrando essa coleção maravilhosa.”

Em meio à guerra dos Rolling Stones

Mas não era apenas uma questão de achar material, compilar e lançar. Chris Kimsey precisou entrar no território de guerra para cumprir sua missão de forma satisfatória.

“Depois de encontrar tudo, tive que tentar arrastar Mick para fazer os vocais, o que ele realmente não queria. Estávamos tão preocupados com o orçamento que acabamos no próprio estúdio móvel da banda, estacionado em um armazém ferroviário na periferia de Paris em pleno inverno. Lembro que estava tão frio quando registramos as palmas em ‘Start Me Up’ que dava para ver a respiração saindo da boca de todos.”

Start Me Up, do reggae ao rock

Keith Richards destacou que a composição simplesmente poderia ter passado incólume e nunca ser lançada, o que o fez exaltar a ação da mão do destino através de Chris Kimsey.

“‘Start Me Up’ ficou nos arquivos por cinco ou seis anos. Tivemos 45 tomadas que fizemos em Rotterdam. Todas, exceto por uma, eram um reggae. Em algum momento por volta do take 36, Charlie (Watts, baterista) e eu fizemos a que era rock. Aí nos esquecemos totalmente, porque depois vieram outras 10 versões de reggae, mas nunca decolou para nós dessa forma.

Eu ouvi bandas jamaicanas fazerem uma versão muito boa desse tipo de som, mas não é à toa que não funcionou, não somos jamaicanos. Mas isso foi um acaso, muito honestamente. Eu amo o acaso.”

No entanto, Kimsey até hoje tem a impressão de que Keith preferia “Never Stop” ao que foi imortalizado.

“Ele realmente queria manter o reggae. Sempre surgia como um groove, mas depois ficou menos reggae e, eventualmente, quando foi gravada como a conhecemos, precisamos só de dois takes. Quando ficou pronta, Keith ouviu, não gostou e disse para jogar fora. Não o fiz e deu no que deu (risos). Até hoje a tocam nos shows e ele sempre erra os acordes no início. Acho que faz de propósito.”

Um acerto e tanto

“Tattoo You” acabou se mostrando um sucesso ainda maior que o esperado. O álbum vendeu mais de 4 milhões de cópias só nos Estados Unidos, chegando ao número 1 em seis paradas internacionais e top 10 em outras treze.

A turnê de divulgação passou pela América do Norte em 1981 e Europa no ano seguinte, faturando mais de US$ 50 milhões e se consagrando como a mais bem-sucedida de sua época.

Ainda na casa das fortunas, “Start Me Up” rendeu ao grupo mais US$ 14 milhões quando foi pessoalmente selecionada por Bill Gates para a trilha sonora do primeiro comercial televisivo da Microsoft, em 1995, no lançamento do Windows 95.

https://www.youtube.com/watch?v=OPyWDMmYJhQ
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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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