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Por que George Harrison saiu dos Beatles – e como ele foi convencido a voltar

Guitarrista abandonou o grupo subitamente em meio às gravações de "Let it Be" (1970), voltando 5 dias depois após impor condições para seu retorno

As gravações de “Let it Be” (1970), o último álbum dos Beatles, não foram nada tranquilas. Em meio a desentendimentos entre os integrantes, o guitarrista George Harrison chegou a sair da banda oficialmente.

Felizmente, a ausência durou menos de uma semana. O músico voltou para terminar a produção do álbum, bem como do filme que estava sendo feito sobre o processo.

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O momento da saída de Harrison é mostrado no documentário “The Beatles: Get Back”, de Peter Jackson, disponível no Disney+. Por lá, testemunhamos a tensão crescente entre os quatro integrantes do grupo, com destaque ao clima ruim entre George Harrison e Paul McCartney, que adotava um tom relativamente autoritário para conduzir as sessões.

Já desiludido pelo clima ruim e pelo afastamento progressivo de John Lennon, o “Beatle quieto” simplesmente declarou sua saída do grupo no meio do ensaio. Ele ainda provocou os colegas, dizendo: “vejo vocês pelos clubes”.

https://www.youtube.com/watch?v=gmfNBf9YHJM

O diário do artista reforça sua irritação. De forma quase irônica, ele simplesmente escreveu:

“Acordei. Fui a Twickenham. Ensaiei até a hora do almoço – saí dos Beatles – vim para casa.”

A reação dos outros Beatles

Após George Harrison anunciar sua saída e deixar o local, os outros músicos dos Beatles tentaram retomar os ensaios. Obviamente, não depois de algumas piadas pelas costas do agora ex-colega.

As brincadeiras incluíram até mesmo uma jam com a música “A Quick One, While He’s Away” (“Uma rapidinha, enquanto ele está fora”), do The Who, cujo título é autoexplicativo. Yoko Ono assumiu os vocais com sua performance inestética – para dizer o mínimo – em alguns momentos.

Nesse ínterim, John Lennon chegou a sugerir outro guitarrista para substituir o colega: Eric Clapton. O nome citado chamou atenção, já que o Slowhand era um grande amigo de Harrison naquela época.

Por sua vez, George vivenciou dias de relaxamento. Em sua autobiografia, ele contou que ao voltar para casa, compôs a música “Wah-wah”, que entraria em seu primeiro álbum solo, “All Things Must Pass” (1970). A letra da canção fala sobre a liberdade do ponto de vista criativo – parece ter sido realmente uma válvula de escape para o músico.

A respeito dos motivos que levaram a sua saída, o guitarrista explicou que as brigas com McCartney o levaram ao limite. Críticas também foram feitas a Lennon e Yoko Ono, que, embora fosse figura constante durante as gravações de “Let it Be”, não se intrometia tanto quanto se acreditava.

George Harrison de volta aos Beatles

George Harrison saiu dos Beatles no dia 10 de janeiro de 1969, ainda no início dos trabalhos do que se tornaria “Let it Be”. No dia 12 de janeiro, os quatro Beatles se reuniram na casa do baterista Ringo Starr, em Elstead, Surrey, na Inglaterra, para tentar negociar um “cessar fogo”.

Não adiantou. Descontente com o rumo das conversas, Harrison foi o primeiro a sair da reunião.

Com o passar dos dias, ficou claro que a situação poderia ficar mais séria. Com isso, no dia 15, os músicos se reuniram novamente – agora, para ouvir as condições do guitarrista para sua volta à banda.

A primeira determinação de George foi o cancelamento do show ao vivo, com plateia, que a banda planejava fazer e ensaiava naquele momento, ao mesmo tempo em que trabalhava no disco. Uma apresentação para as câmeras não foi descartada, o que facilitou para que o famoso Rooftop Concert acontecesse.

Além disso, o músico demandou que as gravações mudassem de lugar. Ele não gostava do estúdio sombrio em Twickhenham e queria que a banda trabalhasse no prédio da Apple Records, em Londres.

Os pedidos foram atendidos e, assim, George Harrison estava de volta.

Encerrando os trabalhos

As gravações continuaram até o fim de janeiro de 1969, quando os Beatles realizaram de surpresa um show no terraço do prédio da Apple Records – o famoso Rooftop Concert. Essa seria a última apresentação da banda, que estaria oficialmente encerrada já no ano seguinte, quando “Let it Be” foi lançado.

Ringo Starr já havia passado por alguns dias fora da banda, durante as gravações do “White Album” (1968). Depois da rápida saída de George Harrison, o próximo a deixar a banda seria John Lennon, em setembro de 1969 – neste caso, para nunca mais voltar. Eles combinaram de não revelar a saída do vocalista e guitarrista até o fim oficial do grupo.

Paul McCartney também se desligaria oficialmente em abril de 1970, um mês antes do lançamento de “Let it Be”. Foi ele o responsável por anunciar o fim do grupo, em entrevista a um jornal.

Os Beatles foram, dessa forma, acabando lentamente em meio a desentendimentos e problemas internos – que pareciam ter sido resolvidos com os retornos de Ringo e George, mas não foram. A banda enquanto “pessoa jurídica” existiu até 1974. Qualquer chance de reunião acabou em 1980, quando John Lennon foi assassinado.

* Texto por André Luiz Fernandes, com pauta e edição por Igor Miranda.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

5 COMENTÁRIOS

  1. Boa matéria! Só fazendo uma correção, o último disco gravado pelos Beatles, foi o Abbrey Road. O Get back que se tornou let it be , foi o último lançado até porque eles deviam um álbum para a EMI. Abraço.

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