A morte do técnico de guitarra do Kiss, Francis Stueber, por Covid-19, motivou um debate público sobre as práticas sanitárias – ou a falta delas – que a banda estaria adotando em turnê.
Stueber, que tinha 53 anos, trabalhava desde 2002 com a banda – mais especificamente com Paul Stanley. O profissional faleceu no dia 17 de outubro, em um hotel de Detroit, onde cumpria quarentena após o diagnóstico.
- Paul Stanley testa positivo para Covid-19 e Kiss adia show nos Estados Unidos
- Kiss volta a adiar shows após Gene Simmons também testar positivo para Covid-19
A situação fez com que três roadies denunciassem, sob condição de anonimato, que o Kiss não estaria cumprindo devidamente os protocolos determinados pelas autoridades de saúde. Um representante da equipe contou à Rolling Stone:
“Não éramos testados em nenhum dos dias de shows. E há tantas incógnitas. Será que superespalhamos isso? Nós espalhamos essa coisa de cidade em cidade? É o procedimento normal enfiar alguém em um hotel? E se alguém morrer, simplesmente dirão: ‘oh, que pena, chamem o próximo cara’?”
Outro profissional declarou que nunca mais trabalhará com o Kiss.
“Não conseguia acreditar no quanto era inseguro. Mesmo assim, ainda estávamos seguindo em frente. Estávamos frustrados há semanas e, quando Fran morreu, eu pensei: ‘você só pode estar brincando comigo’.”
Um terceiro roadie contou que os testes de Covid realizados pela equipe eram optativos: dependia dos profissionais demonstrarem a iniciativa de serem avaliados nesse sentido, não uma obrigatoriedade. Segundo ele, alguns membros da equipe escolhiam não fazer o teste porque caso testassem positivo para a doença, isso significaria que ficariam alojados de quarentena em um hotel de alguma cidade aleatória. Além disso, conforme relatado pelo profissional, quando alguém era diagnosticado com a doença, os outros não eram avisados.
“Se o teste de um cara for positivo e ele estiver em um ônibus com 12 outras pessoas por perto, as outras pessoas não deveriam ser avisadas, testadas e colocadas em quarentena até que fique claro que ninguém tem o vírus?”
A resposta do Kiss
O gerente de produção do Kiss, Robert Long, confirmou que os testes diários não foram implementados, mas insistiu que não os desencorajava.
“Nunca disse a ninguém que não queríamos testá-los. Se você quisesse um exame, nós fornecíamos. Se você quisesse fazer o exame, se sentisse sintomas, se acha que alguém pode estar doente, levante a mão.
Tínhamos termômetros em todos os ônibus, folhas para anotar as temperaturas todas as manhãs, caixas de máscaras e desinfetantes em todos os lugares. As pessoas faziam exames dia sim, dia não, pedíamos regularmente. Não vou deixar de testar as pessoas, levo essa coisa a sério.”
Em comunicado oficial, a banda também se defendeu:
“Estamos profundamente abalados pela perda de Francis. Ele foi um amigo e colega de 20 anos, não há como substituí-lo. Milhões de pessoas perderam alguém especial para este vírus horrível e nós encorajamos todos a se vacinarem. Por favor, proteja você e seus entes queridos.
Nossa turnê mundial ‘End of the Road’ atendia todos os protocolos de segurança da Covid em vigor, seguindo as diretrizes federais, estaduais e locais. Mas, em última análise, esta ainda é uma pandemia global e simplesmente não há maneira infalível de viajar sem algum elemento de risco.”
Recentemente, os donos do Kiss, Paul Stanley e Gene Simmons, também foram infectados, fazendo com que alguns shows fossem adiados. Desde o início da pandemia, os músicos têm sido ativos em suas redes sociais e declarações à imprensa pedindo para que os fãs sigam as recomendações da medicina e da ciência.