Morte de Nick Menza encerra ciclo prematuro com Megadeth

Toda morte prematura de artistas que ainda se mantinham ativos interrompe ciclos que ainda não chegaram ao fim. É óbvio. No entanto, dentro do âmbito dos falecimentos inesperados, o caso de Nick Menza surpreende ainda mais.

Era inevitável: em algum momento, Nick Menza se reuniria com o Megadeth. O baterista mais notável que passou pela banda ensaiou um retorno em diversas ocasiões – a mais recente, no fim de 2014. Nunca foi adiante.

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Nick Menza estava com 51 anos quando morreu, no último sábado (21), enquanto tocava com o projeto OHM em Los Angeles. Os problemas com tóxicos, especialmente na década de 1990, e a própria idade limitaram um pouco a sua capacidade com as baquetas. Ainda assim, continuava um grande baterista.


Filho do músico de jazz Don Menza, que gravou a trilha de saxofone da música-tema da “Pantera Cor-de-Rosa”, Nick nunca escondeu suas influências jazzísticas. Era um grande admirador de Buddy Rich. Antes de entrar para a banda de Dave Mustaine, aos 23 anos, Menza já havia tocado nas bandas Rhoads – liderada por Kelle Rhoads, irmão do icônico Randy Rhoads – e Cold Fire e trabalhado como músico de estúdio, além de ser técnico de bateria de Chuck Behler, no próprio Megadeth.

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No Megadeth, Nick Menza entrou como uma luva. Era como um sucessor de Gar Samuelson, responsável por dar uma pitada jazzística à banda, só que bem mais técnico e habilidoso. Mesmo com a liderança de Dave Mustaine sob todos os aspectos, Menza tentou colaborar com algumas composições enquanto esteve no grupo.

A relação conflituosa com Dave Mustaine marcou a passagem de Nick Menza pelo Megadeth. Não poderia ser diferente: Mustaine é (ou era) um sujeito difícil, assim como Menza. As brigas por conta do uso de álcool e drogas e pela divisão dos lucros entre os integrantes da banda eram frequentes.


Apesar disso, até mesmo o frígido Dave Mustaine se arrepende da forma que demitiu Nick Menza. O baterista se recuperava de uma cirurgia para a retirada de um tumor benigno do joelho quando foi informado, por telefone, que estava fora do grupo. Um tratamento frio demais a um músico que ficou dez anos na formação. Jimmy DeGrasso ocupou a vaga de Menza até 2002, quando Mustaine também sofreu com um problema de saúde – no braço – e deu um fim provisório à banda.

Pelo menos em outras duas ocasiões, Nick Menza foi convidado a voltar e chegou a sentar no banquinho da bateria do Megadeth, mas foi dispensado. Em 2004, quando o grupo foi remontado, Dave Mustaine afirmou ter desistido de contar com Menza porque ele não estava “fisicamente apto” para a turnê na sequência. Dez anos depois, em 2014, com o retorno de Marty Friedman também sendo discutido, tudo foi por água abaixo após discussões relacionadas a pagamentos não chegarem a um consenso. Menza alega que a banda queria que ele gravasse o novo disco, que viria a ser “Dystopia”, de graça.

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Mesmo com todas as rusgas, a impressão era de que, em algum momento, a formação clássica do Megadeth se reuniria. Especialmente no caso de Nick Menza, a impressão é de que o ciclo foi interrompido de forma prematura. O músico foi demitido em uma situação onde até Dave Mustaine se mostra arrependido – diferente de Marty Friedman, que optou sair, por conta própria.

A cabeça-dura dos envolvidos impossibilitava, até então, o retorno da line-up responsável por gravar “Rust In Peace”, “Countdown To Extinction”, “Youthanasia” e “Cryptic Writings”. Agora, um aparente acaso do destino – potencializado por descuidos ao longo dos anos – deu fim às chances. Descanse em paz, Nick Menza.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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