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E se Bon Scott não tivesse morrido em 1980?

Às vezes, é divertido pensar em como algo encerrado seria se continuasse existindo. Serve para tudo na vida. Até mesmo na música, no caso de formações de grandes bandas que foram interrompidas por qualquer motivo – seja por brigas pessoais entre os músicos, divergências musicais ou fins abruptos, como morte ou afastamento por doença. Por isso, o texto a seguir tem uma parcela subjetiva, de pura imaginação.
O AC/DC é uma das bandas mais estáveis do rock. Ambiciosos, os irmãos Young – não só Angus e Malcolm, como também George, o mais velho que fez vezes de produtor – sabiam onde queriam chegar e o que fariam para isso. No entanto, alguns momentos de instabilidade colocaram o grupo em dúvida.
O mais marcante deles, obviamente, foi a morte do vocalista Bon Scott, em 1980. O óbito aconteceu justamente quando o AC/DC passava por uma fase de transição. “Highway To Hell” foi o disco mais comercial lançado pela banda até então. De certa forma, a influência bluesy tão presente nas contribuições de Scott começava a ser anulada.
Parte disso aconteceu pela abordagem do produtor Robert John “Mutt” Lange, que mudou até mesmo a forma de trabalho da banda. Demorou três meses para que “Highway To Hell” fosse gravado, enquanto os discos antecessores não precisaram de mais do que três semanas para estarem prontos.
As músicas foram pré-produzidas de forma que o refrão de cada uma delas se tornasse o produto principal. Tudo soa mais melódico. A sonoridade é um pouco mais polida, apesar de ainda identitária.
Assim como todos os outros, Bon Scott se encaixou nesse processo de produção. Mas será que seria assim por muito tempo caso ele não tivesse morrido em 1980, ainda mais considerando que “Back In Black” teve uma abordagem semelhante? É complicado dizer como seria, mas dificilmente ele duraria muito no AC/DC.
O formato radiofônico e menos espontâneo de se compor não era tanto do agrado de Bon Scott. Com ele, provavelmente o AC/DC não teria a fama de “banda que faz o mesmo disco várias vezes”, por ter influências um pouco mais distintas – e até mais elaboradas – que Angus e Malcolm Young.
Sabe-se também que, antes de morrer, Bon Scott já planejava lançar um disco solo com músicas puxadas para o southern rock. Tudo se inclinava para uma sequência de carreira sem os irmãos Young. Se daria certo, aí é outra história.
Fato é que “Highway To Hell” foi determinante para construir o AC/DC que temos agora. Com Bon Scott na banda (e com voz ativa), a banda que conhecemos hoje seria um pouco diferente. Talvez mais instável e menos duradouro, mas, com certeza, mais divertido. E não haveria um “Fly On The Wall” da vida na discografia.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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