Como já noticiado, a Dogma se envolveu em uma grande confusão nos últimos dias. A situação teve início após as integrantes Lilith (voz), Lamia (guitarra) e Rusalka (guitarra) afirmarem que foram substituídas de forma indevida, criticarem a gestão do grupo e, pela primeira vez, revelarem oficialmente suas identidades.
Aos poucos, a história ganhou novos contornos. Nas redes sociais em resposta, a banda ofereceu uma declaração vaga sobre a saída das artistas e sequer mencionou as acusações. Por sua vez, uma guitarrista chamada Elizabeth Schembri, que alega ter feito teste para o grupo em julho, ofereceu um olhar preocupante por dentro dos bastidores.
Agora, Rusalka, cujo nome verdadeiro é Patri Grief, resolveu voltar às redes sociais para trazer mais detalhes a respeito do tópico. Em um longo texto, a guitarrista denunciou maus-tratos por parte do empresário, que, segundo a própria, incluíam falta de pagamento adequado, alimentação insuficiente, visto de trabalho irregular, manipulação, misoginia e abuso psicológico.

A musicista também explicou em detalhes o que ocasionou a sua demissão e destacou funções adicionais que exerceu na Dogma, como a criação de merchandising, pelas quais não era reconhecida. Sua versão coincide com a de Elizabeth.
Por fim, agradeceu à preocupação dos fãs, demonstrou apoio à vocalista Grace Jane e à guitarrista Amber Maldonado e prometeu que as três vão honrar o legado da Dogma. Diz a postagem na íntegra:
“Olá pessoal. Rusalka (Patri Grief) aqui. Queria falar um pouco mais sobre os eventos recentes, o que aconteceu, por que aconteceu e esclarecer um pouco a situação.
Em novembro de 2023, fui contatada para fazer parte do Dogma; me apaixonei imediatamente pelo projeto. Me apaixonei instantaneamente pela estética e pelas composições. Parecia uma oportunidade única na vida. Fui contratada como Rusalka e a aventura começou. Vocês provavelmente já sabem o quanto me dediquei a este projeto, sempre trazendo ideias, colaborando com meus desenhos em peles de bateria e cartões, indo à barraca de merchandising todas as noites e, acima de tudo, definindo quem era a Rusalka. A Rusalka é baseada em algo muito, MUITO pessoal que eu vivi, e de alguma forma senti que os fãs se conectaram muito com a personagem de várias maneiras. A Rusalka era desequilibrada, louca, um pouco assustadora, mas sempre solidária e disposta a ouvir. Vários de vocês entraram em contato comigo através da conta da personagem nas redes sociais em busca de ajuda, que eu sempre tive prazer em dar. Algumas informações muito pessoais foram compartilhadas, tanto pelos fãs quanto por mim, mas a conta nas redes foi tomada pelo empresariamento no momento em que fui impedida de entrar nos Estados Unidos.
Eu me dediquei completamente a este projeto porque, mesmo que as coisas parecessem estranhas com o empresário, eu continuava pensando: ‘Você está fazendo isso por eles e está fazendo isso pela Patri adolescente que mais precisava de você’. Eu acreditava que Dogma era sobre ‘dar voz àqueles que não a têm’, o que ressoava comigo. Quando criança, eu sempre quis me tornar uma musicista profissional justamente por esse motivo: para dar abrigo. Eu me refugiei na música quando mais precisei e queria retribuir o favor. Com isso em mente, eu ia à mesa de merchandising todas as noites, lia todas as mensagens dos fãs e respondia a todas que podia. À medida que a personagem evoluía, eu também evoluía. Os fãs que conheci… eu nem os consideraria fãs, mas amigos. Eu estava, e ainda estou, disposto a dar tudo de mim por eles. Esse empresariamento se aproveitou da minha bondade. Eu estava disposta a fazer tantas coisas de graça e, claro, mal recebi um ‘obrigado’ em troca. Mas no momento em que estabeleci um limite (tipo, ‘Ei, prefiro não deixar você usar meu equipamento sem permissão’), a resposta foi: ‘Você está mostrando que não está comprometida com o projeto’. No momento em que perguntei: ‘Então por que eu ajudaria com o merchandising? Por que eu daria suporte a duas novas guitarristas se não estivesse comprometida com o projeto?’, recebi um: ‘Eu te paguei de acordo’. Recebi uma gorjeta de 100 euros no final de três turnês, o que, como você pode imaginar, não chega nem perto do salário mínimo pelo trabalho que eu vinha fazendo. Mas tudo bem, porque foi ideia minha e eu nunca fiz isso por dinheiro. Fiz por vocês, por mim e pela Rusalka, que nasceu da loucura e da incompreensão. Ele [o empresário] usou o fato de me dar gorjeta para me calar e depois disse que seria melhor se eu parasse de fazer isso nesta turnê pelos EUA. Ele prefere romper a conexão entre músico e fã a reconhecer os esforços que dediquei à banda.
O motivo pelo qual não estou mais na banda é bastante simples: não fui aceita nos Estados Unidos porque o empresariamento não forneceu o visto adequado. Vi outra integrante ser expulsa simplesmente por pedir o visto de trabalho correto, então me pareceu bem claro: ou ia em turnê, ou era substituída. Não havia outra opção. Voei para os EUA com a pessoa que deveria ser a nova vocalista. Fomos interrogadas e detidas. Levaram nossos celulares (você pode imaginar a preocupação da minha família), cintos, brincos e até nossos cadarços. Após 48 horas, fomos mandadas de volta para casa. No minuto em que liguei meu celular novamente, recebi uma mensagem do empresariamento dizendo: ‘Ei, encontrei uma substituta, você poderia ensiná-la as músicas?’. Nem um pedido de desculpas por correr o risco! Apenas ele pedindo mais. Quando voltei para casa, disse a ele que fui detida por 48 horas por causa de sua decisão equivocada, ao que ele respondeu: ‘Ninguém te obrigou a fazer isso. Foi sua decisão, e você foi pega porque estava usando uma camiseta da Pirate Queen [banda liderada pela guitarrista com personagens piratas] por baixo do seu moletom.
Eu não aguentava mais. Não aguentava mais porque, durante todas as turnês, tive que me contentar em comer apenas duas vezes por dia, já que ele não queria fornecer três refeições. Toda vez que eu expressava minha preocupação, era silenciada com a resposta de ‘nenhuma banda exige esse tipo de coisa’, enquanto via minhas colegas de banda chorando sob condições que aceitávamos por causa da oportunidade. Toda vez que eu tentava discutir os problemas, era alvo de manipulação psicológica. Fui tratada mal por ter discutido o contrato com outra integrante da banda para conseguir melhores condições. Eu não conseguia organizar nada na minha vida por causa de turnês de vários meses planejadas com pouco aviso prévio. Fui pressionada a comprar um equipamento (além da guitarra) que era ‘obrigatório’, mas que acabou sendo completamente desnecessário; em vez disso, foi usado para carregar vinis e CDs no lugar da minha guitarra, sem a minha permissão. A resposta? ‘Ninguém te obrigou a fazer isso, foi só uma sugestão’. Me disseram: ‘Você acha que eu ainda te contrataria se tivesse mais dinheiro? Sinto muito em dizer isso, mas no momento em que eu puder começar a pagar mais, terei acesso às pessoas que cobram mais’. Sempre que alguém expressava frustração com a situação, a resposta era ‘Elas precisam transar para se acalmarem‘ ou ‘Elas reclamam demais porque são mulheres‘. Eu estava farta dele nos menosprezar para nos manter pequenas e em silêncio. Apesar de tudo isso, ser musicista em turnê sempre foi meu sonho, e eu amei a Dogma, a ideia, o conceito, a personagem que interpretei e a possibilidade de retribuir à música pelo menos um pouco do que a música me deu quando eu mais precisei.
Grace, Amber e eu não vamos decepcioná-los e vamos nos defender e defender a música que tocamos. Essa gestão ainda tem obrigações pendentes, já que, em última análise, era sua responsabilidade fornecer o que era necessário para um ambiente de trabalho seguro. Ele falhou nisso por negligência grave, o que me custou caro e a uma pobre garota – que nem sequer teve a chance de cantar em um show depois de passar 48 horas de detenção. Foi uma viagem que só me trouxe decepção. Fiquei decepcionada ao ver como somos facilmente substituíveis, ao ver minha personagem interpretada por outra pessoa que usa playback em um show ao vivo, e os fãs nem sequer podem gravar, tudo porque ele está tentando esconder o fato de que está vendendo algo que os fãs não pagaram.
E, para adicionar algo um tanto piegas e mesquinho à minha declaração, direi, no misticismo habitual do Dogma, mas sem nenhuma inteligência artificial por trás das minhas palavras: ‘Fomos unidas em um ritual sombrio de música e sangue, passamos por sacrifícios que vocês ainda não conhecem. Nossas vozes não serão silenciadas, pois, até onde podemos falar com nossos espíritos amaldiçoados, provaremos a vocês, mais cedo do que imaginam, que as pautas já foram traçadas, a harmonia está definida e a melodia enfeitiçada do clã está ansiosa para ser libertada’.
O apoio de vocês significa tudo para mim. Para nós. Li cada mensagem e, para ser sincera, várias delas me fizeram chorar. Nada de novo, porém, pois, desde o início, enquanto vocês admiravam a banda de longe, eu admirava vocês das sombras.”
Na seção de comentários, acrescentou:
“E, para esclarecer: a nova Lamia não foi contratada de última hora. Eu pessoalmente a ajudei a revisar muitos vídeos. Ela teve cerca de três semanas para se preparar. Li que a gestão está dizendo que ela teve problemas com o visto, isso não é verdade. A nova Lilith foi quem estava comigo durante aquelas 48 horas de detenção.”
A versão da banda
Na segunda-feira (27), a Dogma divulgou um comunicado através de seu Instagram confirmando a saída das integrantes. Apesar disso, não houve qualquer menção às acusações feitas contra o empresário.
A banda escreveu:
“Estamos cientes de declarações online recentes de algumas ex-integrantes não originais do Dogma. Embora respeitemos todas que contribuíram para nossa jornada, queremos deixar claro que Dogma sempre foi e continuará sendo muito maior do que qualquer indivíduo.
Dogma foi fundado com base na criatividade, colaboração e evolução. Como qualquer projeto artístico, a mudança faz parte do nosso crescimento. Cada membro, do passado e do presente, deixou uma marca que ajudou a moldar quem somos hoje, mas a visão e a música da Dogma continuam a avançar por meio da dedicação da equipe atual e do apoio de nossos fãs. Somos gratos pelo tempo, energia e momentos que cada membro compartilhou com a Dogma. Cada contribuição, grande ou pequena, tornou-se parte dessa jornada e sempre será apreciada e valorizada.
Continuamos totalmente comprometidos com os valores que definem o Dogma: autenticidade, liberdade de expressão e conexão por meio da arte. Nosso foco é e sempre será na música, na mensagem e na comunidade que tornaram este projeto o que ele é.
Obrigado a todos que continuam acreditando na Dogma e no que defendemos, porque Dogma nunca foi sobre quem somos, mas sim sobre o que VOCÊ escolhe se tornar…”
Sendo assim, apenas Nixe (baixo) e Abrahel (bateria) seguem na Dogma. Já com a nova formação, o show mais recente ocorreu na última terça-feira (28), em Denver, Colorado, nos Estados Unidos.
Como aponta uma postagem no Reddit, a formação do grupo já havia passado por uma série de mudanças desde a fundação em 2023. Não há mais informações quanto às novas integrantes.
Sobre a Dogma
Formada em 2023, a Dogma ficou conhecida pelos figurinos ousados — inspirados em vestes de freiras — combinados com maquiagem no estilo corpse paint. Embora existam suspeitas de que a banda de hard-gótico tenha origem latina, pouco se sabe sobre sua origem.
Até o momento, elas lançaram apenas um único álbum homônimo em seu ano de surgimento, além de singles. Sobretudo, as letras pregam a libertação em diferentes âmbitos, incluindo sexual, como explicitado no site oficial.
No último dia 2 de maio, as artistas tocaram no Brasil como parte do “esquenta” do festival Bangers Open Air, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Em resenha para o site IgorMiranda.com.br, Marcelo Vieira escreveu a respeito da performance:
“Táticas de choque visual não são novidade no rock e no metal. Entretanto, ainda é curioso ver como algumas pessoas continuam se surpreendendo. Foi o caso dos painéis que flanqueavam a bateria de Abrahel, da Dogma, primeira atração do palco Hot Stage e segunda como um todo da sexta-feira de aquecimento do Bangers Open Air 2025, no Memorial da América Latina.
As imagens remetiam a cenas de orgias envolvendo bispos, cardeais e até um monge budista, todos em deleite com a freira mais voluptuosa já vista nos domínios do heavy metal. Um verdadeiro desfile iconoclasta de erotismo sacrilégico. […] O som da Dogma flerta diretamente com o hard rock europeu de pegada clássica, temperado com elementos do heavy metal e algumas pinceladas góticas. A força da performance reside tanto na música quanto na presença cênica das integrantes.”
Posteriormente, o grupo continuou excursionando pelo país como atração de abertura de Fabio Lione, vocalista do Angra. No último dia 14 de agosto, as musicistas encerraram uma agenda pela Europa, incluindo passagens pelos tradicionais festivais Bloodstock e Wacken.
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“turnês de vários meses planejadas com pouco aviso prévio” (Sic) Toda banda trabalha dessa maneira, mas a “superstar’ acima não gostou…kkkkkk
Resumo da ópera : as 3 expulsas queriam mais grana…..