Ninguém sabia, incluindo o próprio, mas ao subir no palco do Uptown Theatre, na cidade de Providence, Rhode Island, no dia 5 de setembro deste ano, Ace Frehley estaria fazendo seu último show. O ex-guitarrista do Kiss veio a falecer cinco semanas depois, de forma totalmente repentina.
Frehley e sua banda, composta por Marti Frederiksen (guitarra), Pearl Adaz (baixo) e Scot Coogan (bateria e vocais), entregaram um show curto, mas não muito diferente do que vinha sendo apresentado até então. Nenhuma música do álbum mais recente, “10,000 Volts” (2024), esteve no repertório.
O guitarrista apostou em clássicos do Kiss, com apenas duas faixas não sendo da banda que o consagrou: “Rock Soldiers”, abertura do disco homônimo do Frehley’s Comet, de 1987, e “New York Groove”, cover de Russ Ballard que foi um hit de seu álbum solo de 1978. De resto, a maioria dos clássicos do quarteto mascarado foi tocada.
Entre os destaques ficaram o riff de “God of Thunder”, executado como introdução para “New York Groove”, bem como o momento solo de Ace: antes de soltar fumaça da guitarra pela última vez, o Spaceman brincou com riffs do Led Zeppelin, Deep Purple e do próprio Kiss, além do tema dos filmes de James Bond. A banda também entregou um curto instrumental de “Let Me Go, Rock ‘n’ Roll”.
De forma icônica, Ace Frehley saiu do palco pela última vez com “Rock And Roll All Nite”, hit máximo do Kiss e última música tocada ao vivo pelo guitarrista. O resto da turnê após esse show seria cancelado no início do mês.
Confira o setlist e um vídeo do último show de Ace Frehley:
- Deuce
- Shock Me
- Rock Soldiers (Frehley’s Comet)
- Love Gun
- Rocket Ride
- Detroit Rock City
- She
- God of Thunder/New York Groove
- Cold Gin
- Jam (incluindo “Let Me Go, Rock ‘n’ Roll”
- Solo de Ace Frehley (com tema de James Bond)
- Shout It Out Loud
- Rock and Roll All Nite
A morte de Ace Frehley
No fim de setembro, um show de Frehley nos Estados Unidos foi cancelado após ele ter sofrido uma queda em seu estúdio caseiro. Dias depois, já em outubro, um comunicado informou a suspensão de toda a agenda de 2025 devido a “alguns problemas médicos em andamento”.
Nesta quinta-feira (16), foi informado que ele era mantido vivo com aparelhos. À noite, a família enviou esta nota à imprensa (via Variety):
“Estamos completamente devastados e com o coração partido. Em seus últimos momentos, tivemos a sorte de poder cercá-lo de palavras, pensamentos, orações e intenções amorosas, atenciosas e pacíficas enquanto ele deixava esta Terra. Guardamos com carinho todas as suas melhores lembranças, suas risadas e celebramos a força e a bondade que ele dedicou aos outros. A magnitude de sua partida é de proporções épicas e incompreensível. Ao refletir sobre todas as suas incríveis conquistas de vida, a memória de Ace continuará viva para sempre!”
Sobre Ace Frehley
Nascido em 27 de abril de 1951 no Bronx, em Nova York, Paul Daniel “Ace” Frehley teve uma família musical e começou a tocar guitarra na infância. Decidiu seguir carreira musical no início da vida adulta e trabalhou como carteiro e motorista de táxi.
Juntou-se ao grupo que adotaria o nome Kiss em 1973, após uma audição curiosa. Em meio a vários outros músicos que estavam se candidatando, surgiu com um tênis de cada cor e um jeitão peculiar, mas seu talento era incontestável.
Frehley criou a persona Spaceman (também Space Ace), pintando estrelas prateadas nos olhos. É dele o logotipo de raio duplo da banda. Permaneceu na formação inicialmente até 1982, quando, em meio a problemas com a dependência química e conflitos com Stanley e Simmons, saiu do grupo. Retornou em 1996 para sair em definitivo em 2002;
Na segunda metade dos anos 1980 comandou o Frehley’s Comet, que lançou 2 álbuns de estúdio, um deles certificado com disco de platina nos Estados Unidos. Disponibilizou ainda uma série de álbuns solo, incluindo o lançado em 1978, quando ainda estava no Kiss.
Após décadas lutando contra a dependência química, Ace garantiu estar sóbrio desde a segunda metade dos anos 2000.
Frehley foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame em 2014 como membro do Kiss. Foi creditado por 11 álbuns de estúdio do grupo, embora não tenha tocado em um (“Creatures of the Night”, 1982) e sua presença em outro (“Psycho Circus”, 1998) seja limitada a apenas algumas faixas. Também disponibilizou oito discos de estúdio em carreira solo ao todo.
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