Não é segredo que Dave Mustaine nunca superou sua demissão do Metallica. Décadas depois, o vocalista e guitarrista do Megadeth ainda traz o episódio de 1983 à tona com frequência, deixando transparecer mágoa e ressentimento em relação aos antigos colegas.
Para David Ellefson, ex-baixista do Megadeth, a insistência do antigo patrão em revisitar o passado não faz sentido. Em 2023, o músico chegou a descrever o comportamento como “patético”. Agora, voltou a abordar o tema em entrevista ao canal The Delz Show, transcrita pelo Blabbermouth.
Na visão de Ellefson, o Metallica é uma empresa, comandada pelo vocalista e guitarrista James Hetfield e pelo baterista Lars Ulrich. Sendo assim, é óbvio que a dupla tem a palavra final e tomará as decisões, numa posição acima da dos demais membros.
Fazendo uma analogia com a empresa de equipamentos de som Peavey, com a qual colaborou, ele explicou:
“Quando você trabalha para uma empresa, como, por exemplo, quando trabalhei na Peavey, nós fizemos um baixo com a minha assinatura, o David Ellefson Signature. Mas quando saí, eles tiraram meu nome do instrumento e continuaram com o baixo. A empresa é do Hartley Peavey e eu trabalhava para ele. Acho que com o Metallica é a mesma coisa. A banda é do Lars e do James. Então, se você está lá e cria algumas músicas, o que você fez ali fica ali.”
Ellefson mantém o pensamento de que Mustaine está reclamando de barriga cheia. Isso porque, no fim das contas, o Metallica não só utilizou contribuições do líder do Megadeth em seu álbum de estreia “Kill ‘Em All” (1983), como também o creditou em quatro músicas: “The Four Horsemen”, “Jump in the Fire”, “Phantom Lord” e “Metal Militia”.
Ele disse:
“Conheci o Dave seis semanas depois que ele saiu do Metallica. [A demo] ‘No Life ‘Til Leather’ foi minha primeira introdução à banda e eu adorei o que ouvi. Não era uma briga minha, mas olhei para a situação e pensei: ‘cara, os caras te chutaram da banda, que pena, mas usaram suas músicas, colocaram seu nome nos créditos e você foi pago’. P#rr@, isso é uma vitória tripla, cara.”
Ainda na opinião do baixista, Mustaine deveria demonstrar gratidão pelo tempo no Metallica, porque a passagem pelo grupo ajudou a alavancar a carreira do Megadeth. Ao Riff Crew em 2023, disparou:
“Gostaria que Dave pudesse ser mais grato e ver o lado positivo de seu tempo com o Metallica. Apesar de como acabou, a associação a eles foi algo que nos trouxe boas vantagens no início da carreira. De minha parte, sempre fui fã.”
David Ellefson e a relação complicada com Dave Mustaine
Após o vazamento de vídeos e trocas de mensagens de cunho sexual com uma fã, David Ellefson acabou demitido do Megadeth em 2021. Consagrado na formação, o baixista fez parte da banda entre 1983 e 2002, no encerramento das atividades, e retornou em 2010, permanecendo até sua saída definitiva.
Desde então, o músico não colaborou mais com o grupo. Sequer tem contato com o líder Dave Mustaine, com quem não fala há quatro anos.
Durante participação no podcast The Candid Mic With Fran Strine no último mês de maio, Ellefson deixou claro que não há motivos para manter uma amizade com o vocalista e guitarrista. Inclusive, revelou que a relação com o cantor começou a ruir anos antes de seu desligamento, com a criação do disco “The Sick, the Dying… and the Dead!” (2022):
“O fim daquela amizade já vinha se desenhando há muito tempo. Começou mesmo em 2018. Aconteceram umas coisas com as quais eu simplesmente não concordava e falei abertamente sobre isso. Defendi o que eu achava ser o certo. E, claro, isso não foi bem recebido. Foi sobre a composição do novo álbum, aquele que levou cinco anos pra ficar pronto. E toda vez que eu tentava compor e contribuir com alguma coisa, jogavam isso fora. Parecia algo muito pessoal.”
Em contrapartida, Ellefson também admite que sente falta de Mustaine. Também ao canal The Delz Show, o baixista confessou que viveu grandes momentos ao lado do ex-colega e que, apesar do distanciamento, mantém certo carinho pelo antigo amigo.
Conforme transcrição do Blabbermouth, ele explicou:
“Eu sinto falta do Dave. Olha, algumas das melhores histórias da minha vida começam com ‘aquela vez em que eu e o Dave…’ Vivemos uma vida muito intensa juntos na banda. A gente não se fala há alguns anos, mas claro que sinto falta dele. Nos divertimos muito. E sempre que tivemos desentendimentos assim no passado, assim que nos reencontrávamos, era como se tivéssemos nos visto ontem.”
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