Para comemorar o lançamento do álbum “Falha Crítica”, a banda Surra, com a participação do grupo Bozokill, iria realizar uma apresentação no Largo Tereza Batista, praça histórica em Salvador, neste domingo (18), com apoio do governo do estado da Bahia — como indicava o flyer original. No entanto, por causa da denúncia de um deputado estadual, os artistas precisaram mudar o local do show e, ao que parece, ficaram sem o suporte governamental.
Nas redes sociais no último dia 6 de maio, Diego Castro (PL) gravou um vídeo para expor o que chamou de “perseguição aos apoiadores” de Jair Bolsonaro, ex-presidente atualmente inelegível, na Bahia. Em meio ao conteúdo, o político criticou o governador Jerônimo Rodrigues (PT) por, segundo ele, financiar a performance do Bozokill na ocasião.
Os músicos se descrevem como “cuspidores de blasfêmia anti-direita e contra bolsonarismo”. Sendo assim, abordam os tópicos em suas letras, como na canção “Mate um Minion Hoje”, na qual entoam frases como “bicuda na cara desses fascistas”, “soco no olho do negacionista” e “Olavo de Carvalho cria gado no inferno”.
Por isso, o deputado entrou com uma ação judicial contra a apresentação. Conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, ele afirmou:
“Se vocês traduzirem do inglês [o nome da banda], vai se referir a morte de Bolsonaro, banda essa que está tendo financiamento do governo do estado e não é de agora, desde o carnaval. O repertório tem músicas como, por exemplo, ‘Mate um Minion Hoje’, ‘Adélio’, que tentou matar Bolsonaro. […] Com base nisso, não podemos de maneira nenhuma se curvar a esse tipo de intimidação. Motivado por essa novidade, entramos com uma ação judicial, dessa vez, uma ação popular, para que, primeiro, imediatamente esse financiamento seja cortado. […] Apresentei um projeto que proíbe o patrocínio ou apoio a artistas, bandas e entidades que promovam o que eles chamam de discurso de ódio por convicções políticas e ideológicas e que violem os nossos valores tradicionais.”
Ao Brado Jornal, veículo que se descreve como uma rádio conservadora, o deputado Capitão Alden (PL-BA) também criticou a iniciativa. O político, que já havia denunciado o Bozokill ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) para impedir que tocassem no Carnaval, opinou:
“É inaceitável que o dinheiro do contribuinte seja usado para financiar um grupo que prega o ódio e a morte de adversários políticos. Isso não é cultura, é incitação ao crime.”
Nesta quarta-feira (13), a produtora responsável Bicicleta publicou que, agora, as apresentações acontecerão no The Green House Music, uma casa de música ao vivo privada. Além disso, no novo pôster de divulgação, não consta mais o logo do governo estadual. Ingressos seguem à venda no Sympla.
Diante da mudança, os integrantes do Bozokill, que não mostram os seus rostos, publicaram um vídeo dizendo que “bolsonaristas barraram o show na Tereza Batista” e que a censura não venceu, já que a apresentação ainda irá ocorrer mesmo que em um outro espaço. Confira abaixo:
Sobre o Bozokill
Fundado em 2022 em Salvador, o Bozokill possui como influências bandas orientadas ao hardcore e death metal, como Presto?, Surra, DFC e Claustrofobia. O grupo tem um único EP disponível.
Disponibilizado em julho de 2024, o trabalho homônimo traz cinco faixas. Entre elas, “Mate um Minion Hoje”, “Dá Para Desapertar o 17?” e “Não Queira Bolsonaro Não”, em crítica ao ex-presidente Jair Bolsonaro, inelegível até 2030, e seus apoiadores.
Anteriormente, os músicos lançaram a demo “Esse disco deveria ser censurado”. No entanto, o trabalho acabou vetado das plataformas digitais pelo conteúdo político.
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