Conhecido por sua abordagem de trabalho pouco convencional e até mesmo controversa entre uma parcela dos músicos, Rick Rubin é considerado um lendário produtor. Ao longo da carreira, o profissional de estúdio colaborou com inúmeras bandas, o que incluiu o Linkin Park nos discos “Minutes to Midnight” (2007), “A Thousand Suns” (2010) e “Living Things” (2012).
Segundo o vocalista e multi-instrumentista Mike Shinoda ao canal da Complex no ano passado, o valor do produtor está em sua “visão ampla”, com “ideias, direção, visão artística e conceito de identidade sonora”. À época que iniciaram a parceria, os músicos destacaram como Rick os “desafiou a criar sem qualquer tipo de limite ou restrição”.
E, até hoje, essa mentalidade continua influenciando o Linkin Park em estúdio. À Alternative Press, Shinoda pontuou que o aspecto quase abstrato presente em algumas das músicas produzidas por Rubin serve de inspiração para o que ele busca trazer em seu trabalho.
Conforme transcrição da Ultimate Guitar, o artista citou como exemplo os álbuns do Red Hot Chili Peppers e explicou:
“Lembro quando a gente estava trabalhando com o Rick Rubin. Naquela época, estávamos tentando buscar algo mais intuitivo [em nossa música]. Eu costumo chamar de ‘estranho’, mas na verdade não é bem isso. É quase algo abstrato. Pensando em alguns dos discos que ele produziu, muita gente tira sarro por causa das letras sem sentido, com palavras inventadas, tipo o que ele fez com o Red Hot Chili Peppers. Mas quando você ouve, pensa: ‘Isso é incrível, o que foi que eles fizeram? Quem mais faz algo assim?’. “Rick não toca instrumentos e se aprofunda na parte mais importante da gravação. Uma das coisas que todos aprendemos com ele foi estar em sintonia com o que a música quer alcançar. Tipo, o que soa natural. É estranho, porque chega num ponto em que parece que é o universo se manifestando através da música. Quando eu ouço, sinto algo. Não sei bem como descrever, mas é essa sensação que eu mais procuro quando estamos no estúdio – tentar ter o máximo possível desses momentos.”
O próprio Rubin acredita ter mudado a dinâmica dentro do Linkin Park. De acordo com o produtor, cada membro da banda costumava gravar suas partes de maneira individual em estúdio, com a união de tudo acontecendo virtualmente. Sendo assim, os músicos não tinham o hábito de tocar juntos para além dos shows, o que ele conseguiu alterar, como explicou em conversa com Rick Beato:
“Quando produzi o Linkin Park pela primeira vez, a ideia de eles tocarem juntos como uma banda era algo totalmente estranho para eles. Eles não só nunca tinham tocado juntos em nenhum dos álbuns, como também nunca tinham tocado as músicas juntos até subirem no palco. Tudo sempre foi feito em estúdio. Era assim que eles trabalhavam. Então tentamos fazer diferente: tocando juntos no estúdio. Às vezes era interessante, mas não era algo essencial. Sempre vale a pena testar, sabe?”
Sobre Rick Rubin
Rick Rubin colaborou com grandes nomes como Red Hot Chili Peppers, Metallica, System of a Down, Slayer, Aerosmith, Beastie Boys, Johnny Cash e Linkin Park. Apesar do currículo bem-sucedido, ele já gerou controvérsias no meio artístico.
O baixista Geezer Butler, por exemplo, acredita que suas contribuições não foram das melhores no álbum final do Black Sabbath, “13” (2013). Ao mesmo tempo, o vocalista Corey Taylor também deixou claro seu descontentamento com o profissional no terceiro disco do Slipknot, “Vol. 3: (The Subliminal Verses)” (2004).
Josh Klinghoffer, ex-guitarrista do Red Hot Chili Peppers, foi outro que não gostou de trabalhar com Rubin, como pontuou em entrevista ao Vinyl Writer Music. Quando questionado sobre “I’m With You” (2011), seu álbum de estreia na banda, disse:
“No caso de ‘I’m With You’, eu sinto que Rick Rubin foi mais um obstáculo do que uma ajuda. Ele me disse uma vez: ‘eu só quero ajudar as músicas a serem as melhores que podem ser’. Eu deveria ter dito: ‘bem, então peça ao seu motorista para vir te buscar’.”
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