Um ano e meio após sua visita anterior ao Brasil, o L7 está de volta. Desta vez, o quarteto americano formado por Donita Sparks (voz e guitarra), Suzi Gardner (guitarra e voz), Jennifer Finch (baixo e voz) e Dee Plakas (bateria) realiza uma turnê ao lado do Garbage.
As novas apresentações acontecem no Rio de Janeiro (21/03, no Sacadura 154), São Paulo (22/03, no Terra SP) e Curitiba (23/03, na Ópera de Arame). Ingressos podem ser adquiridos nos sites Fastix (Rio e Curitiba) e Clube do Ingresso (SP). A produção é da Liberation MC.
Antes dessas apresentações, este que vos escreve pôde conversar com Donita Sparks a respeito da visita ao Brasil e alguns outros assuntos. O bate-papo saiu na Rolling Stone Brasil (leia a íntegra aqui), mas vale trazer algumas respostas para o site IgorMiranda.com.br.
Entrevista com Donita Sparks (L7)
Igor Miranda: Desta vez, vocês estão vindo com o Garbage. E você mesma disse que as duas bandas nunca tocaram juntas. Mas como é a sua relação com eles?
Donita Sparks: “Butch Vig produziu ‘Bricks Are Heavy’ [clássico álbum do L7] em 1992 e o Garbage ainda não havia sido formado, mas Duke [Erikson] e Steve Marker [membros do Garbage] também trabalharam no álbum. Também conhecemos esses caras, mas sempre tivemos uma conexão forte com Butch, porque saíamos mais com ele e estávamos no estúdio gravando com ele. Butch é muito elegante, mas tem um ótimo senso de humor. E conheci Shirley há uns 10 anos, em um restaurante. Nós duas nos reconhecemos, ela foi para minha cabine e nós começamos a conversar. Somos amigas desde então. Ela é realmente ótima.”
IM: E o que você acha da música deles?
DS: “Amo a música do Garbage. Acho que eles sempre tiveram uma mistura muito legal de rock and roll, eletrônica, pop e estranheza. São uma banda única. Shirley tem uma ótima voz, a banda sempre soa ótima, as batidas de bateria são ótimas. Eles têm uma combinação de samples e bateria de verdade, o que é muito legal e poderoso. Espero que os fãs do Garbage no Brasil gostem do L7, porque provavelmente alguns deles nunca ouviram o L7. Não sei.”
IM: Sua relação com o Brasil vem de longa data, desde que você veio em 1993, no Hollywood Rock Festival. Vocês tocaram com o Nirvana no mesmo dia, Alice in Chains e Red Hot Chili Peppers tocaram no dia seguinte… quais lembranças você tem de vir pela primeira vez ao Brasil?
DS: “Foi uma loucura. Ficamos muito surpresas com o amor que recebemos do público. Não tínhamos ideia de que éramos conhecidas no Brasil. Aqueles shows foram incríveis e o lineup era ótimo. Os festivais em São Paulo e no Rio foram o maior público para o qual já tocamos na vida. Os fãs nos encontraram no aeroporto, estávamos sendo seguidas pelas ruas e todas essas coisas. Nunca experimentamos nada parecido, nem antes, nem depois. Temos um lugar muito especial em nosso coração para vocês, maníacos loucos do Brasil. Ouvi dizer que é um show muito lembrado no Brasil, pois me perguntam até hoje sobre isso, sobre vocês. Meio que fazemos parte das vidas do rock and roll por causa daquele show — é o que ouvimos.”
IM: Acredito que ajude o fato de o show ter sido transmitido ao vivo pela TV, para milhões de pessoas. E está no YouTube agora. A filmagem ajuda a torná-lo lendário também. Eu nasci em 1993 e pude assistir a esse show.
DS: “Sim! E foi tão inesperado, pois tínhamos ouvido que alguma outra banda conhecida nossa dos Estados Unidos tinha ido ao Brasil e acabou vaiada ou algo assim. Ficamos sem saber o que poderia acontecer, mas fomos muito bem recebidas. Na plateia, tinha caras nos ombros uns dos outros, eles estavam abaixando as calças, e as garotas estavam ficando loucas. Foi insano.”
IM: Você mencionou vaias, mas eu não sei de muitas bandas que tenham sido vaiadas no Brasil. Por outro lado, sei de muitas bandas que reclamaram sobre não terem sido pagas. Espero que isso não tenha acontecido com vocês também.
DS: “Ah, não sei. Nunca vimos dinheiro algum disso. Talvez nossos empresários tenham visto. Não ganhamos dinheiro nenhum com isso. Eles nos mantiveram no escuro sobre essa m#rda, nosso pessoal de gerência.”
IM: O L7 está completando 40 anos e, no ano passado, a reunião do L7 completou 10 anos. Como você vê esta década com a banda reunida?
DS: “Tem sido muito bom nos conectar com nossos fãs novamente, pois havia certa ansiedade nesta separação. Não nos falamos por muito tempo. Dee e eu sempre fomos amigas, mas Suzi e Jennifer ficamos 15 anos sem nos falarmos. Foi bom ter essa reconexão com as demais integrantes e seguir em frente, superando nossas diferenças. E estando mais velhas, valorizamos a banda hoje mais do que no passado. Mas, em especial, a reconexão com os fãs foi algo que todas nós sentimos falta. Tem sido muito legal. E então ver caras como você, que nasceram em 1993, interessados em nós é tipo: ‘uau, cara, você nasceu no ano em que tocamos no Brasil pela primeira vez. É alucinante que você se importe conosco.”
Você também vê uma renovação da base de fãs do L7, com fãs mais jovens chegando, indo aos shows e tudo o mais?
DS: “Há um grupo de fãs muito bom no Instagram chamado L7 Brasil (@l7brasil). São mulheres jovens que nos seguem em todos os lugares, até mesmo na Espanha. São muito fanáticas, amorosas e loucas também. Se puder, siga L7 Brasil no Instagram. E se há fãs por aí que querem um pouco mais do L7, temos um fã-clube no Patreon. Publicaremos algumas cenas dos bastidores da turnê brasileira só por lá, não no Instagram, Facebook ou YouTube.”
Já que estamos falando sobre renovação da base de fãs, o que você acha que fez a música do L7 ser tão duradoura?
DS: “Acho que as pessoas que escrevem sobre música, ou os fãs, conseguiriam responder melhor do que eu. Mas minha teoria é: nossas músicas se sustentam. Não costumo ouvir nossos álbuns, mas parei para ouvi-los enquanto procurava o que adicionar ao setlist. E ficava pensando: essas músicas são boas. São significativas. Acho que elas defendem algumas pessoas. Além disso, acho que ainda oferecemos um show poderoso — se eu achasse que somos ruins, eu pararia. E para as mulheres jovens, somos quatro mulheres, então acho que elas gostam disso. Acho que somos uma espécie de [muda a voz em tom de brincadeira] ‘modelo de comportamento’ agora, o que é muito importante para essas jovens.”
IM: Também é meio estranho tornar-se um modelo de comportamento, né?
DS: “Oh, sim! Muito estranho. Mas sabe o que é legal? Temos ídolos mais velhos que nós e eles ainda estão tocando, ainda são relevantes e legais. Temos bons modelos por aí no rock and roll, não precisamos nos aposentar agora. Podemos ir mais longe, podemos fazer mais música. Por que não?”
IM: Eu estava para te perguntar sobre mais música, música nova, pois já faz 6 anos desde o último álbum, “Scatter the Rats”. Há planos para gravar músicas novas ou um novo álbum?
DS: “Não há planos para um álbum neste momento. Planejo gravar alguns singles e talvez um EP. Álbuns são caros de se fazer e não estamos mais todas em Los Angeles, então é um pouco mais difícil para nos reunirmos, mas gosto da ideia de fazer singles e EPs. Acho que faremos alguns singles novos este ano e talvez apenas os colocaremos na internet, talvez até de graça.”
*Leia na Rolling Stone Brasil o artigo original, com mais declarações e informações contextualizadas.
**Garbage e L7 se apresentam Rio de Janeiro (21/03, no Sacadura 154), São Paulo (22/03, no Terra SP) e Curitiba (23/03, na Ópera de Arame). Ingressos podem ser adquiridos nos sites Fastix (Rio e Curitiba) e Clube do Ingresso (SP).
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Banda f0d@st¡ca! ‘Bricks are Heavy’ and ‘Hungry for Stink’ certamente estão entre os melhores trabalhos da banda.