O vocalista David Coverdale fez uma breve publicação nas redes sociais a respeito da morte de John Sykes. O guitarrista, que fez parte do Whitesnake entre 1983 e 1986, teve seu falecimento anunciado nesta segunda-feira (20). Ele tinha 65 anos e lutava contra um câncer.
Em seu perfil no Instagram, Coverdale declarou:
“Acabei de saber da notícia chocante do falecimento de John… Minhas sinceras condolências à sua família, amigos e fãs.”
David Coverdale e John Sykes
Sykes trabalhou com a banda liderada pelo cantor nos álbuns “Slide it In” (1984) e “Whitesnake” (1987), embora tenha sido demitido antes do lançamento deste segundo. A relação se deteriorou a ponto de nunca terem retomado a celebrada parceria, apesar de uma breve reconexão no âmbito pessoal nos anos 2000.
A briga, ocorrida em 1986, se deu após Coverdale ter sofrido uma grave sinusite e paralisado as gravações do vindouro disco. Sykes ficou incomodado e tentou comandar as sessões sem o consentimento do vocalista. Ao retornar, David demitiu não apenas John, como também o restante da banda, à época formada por Neil Murray (baixo) e Aynsley Dunbar (bateria).
Em entrevista de 2023 à Metal Edge, o vocalista foi enfático ao reconhecer as qualidades do desafeto. Porém, não fez questão de esconder que as relações jamais foram as melhores.
“John era e é um talento incrível. Nossa química musical era ótima, mas não funcionou pessoalmente. A verdade é que não importa o quão incrível seja o álbum que fizemos juntos, não conseguimos nos conectar. Você pode ouvir que havia mágica criativa nesse relacionamento, mas parou no momento em que colocamos os microfones e os instrumentos de lado. Ele foi fundamental para aquele disco e um excelente músico ao vivo. Mas havia muitos aspectos importantes que não estavam lá. Não era para ser. As coisas simplesmente explodiram. O fundo do poço aconteceu quando ele tentou me demitir da minha própria banda. Como você pode imaginar, isso não foi muito bom.”
Coverdale até lembrou de um momento na virada do século, quando se reconectaram.
“Eu estava conversando com um conhecido em comum há alguns anos e disse: ‘Não tenho notícias de John há muito tempo’. E essa pessoa fez conversarmos enquanto eu trabalhava nas demos para o álbum solo ‘Into the Light’. Então, depois de uns 15 anos de animosidade, conversamos e nos demos bem.”
Mesmo assim, os fãs não devem esperar por um reencontro.
“Pensamentos sobre trabalhar com ele novamente passaram pela minha cabeça. Porém, quanto mais conversávamos, mais eu percebia que havia mudado significativamente. John havia se tornado seu próprio chefe por tanto tempo, então nunca daria certo. Pensei: ‘A química não vai funcionar, vai ser como antes. Não posso aceitar isso’. Sinceramente, eu simplesmente não quero fazer nada neste momento da minha vida que abra a porta para arrependimento.
Sei que talvez isso seja decepcionante para os fãs e desejo todo o sucesso a John, pois sei que é um músico muito amado e admirado. Espero que esteja tudo bem, já que não tenho notícias dele há algum tempo. Mas o que me guia agora é algo que aprendi com Jimmy Page, Jon Lord e o grande Ritchie Blackmore: qual o sentido de trabalhar com alguém se acho que não posso ensinar nada ou receber algo em troca?”
A morte do guitarrista
Morreu aos 65 anos o guitarrista John Sykes. Ex-integrante do Whitesnake, Thin Lizzy, Tygers of Pan Tang, Blue Murder e mais, ele não resistiu a uma batalha contra um câncer.
A informação foi compartilhada em sua página no Instagram. O texto diz:
“É com grande tristeza que compartilhamos que John Sykes faleceu após uma dura batalha contra o câncer. Ele será lembrado por muitos como um homem com talento musical excepcional, mas para aqueles que não o conheciam pessoalmente, ele era um homem atencioso, gentil e carismático cuja presença iluminava o ambiente.
Ele certamente marchou no ritmo de sua própria batida. Em seus últimos dias, ele falou de seu amor sincero e gratidão por seus fãs que permaneceram com ele durante todos esses anos.
Embora o impacto de sua perda seja profundo e o clima sombrio, esperamos que a luz de sua memória extinga a sombra de sua ausência.”
Sobre John Sykes
Nascido em Reading, Inglaterra, John Sykes despontou na cena tocando com o Tygers Of Pan Tang, banda referencial da NWOBHM. Gravou os álbuns “Spellbound” (1981) e “Crazy Nights” (1982), além de ter participado de duas faixas em “The Cage” (1983).
A seguir, foi recrutado pelo Thin Lizzy, gravando o disco “Thunder and Lightning” (1983) e realizando a turnê de despedida da banda. Participou de algumas reuniões na virada do século com ex-membros, no formato de tributo oficial a Phil Lynott.
Em seguida, foi contratado por David Coverdale e se juntou ao Whitesnake. A parceria rendeu o momento de maior sucesso comercial na história da banda e muitas desavenças, fazendo com que a mágoa mútua perdure até os dias atuais.
Nas décadas recentes, manteve-se com poucas atividades profissionais. Chegou a ser anunciado no embrião do que se tornaria o The Winery Dogs, mas não ficou no grupo.
Álbum solo supostamente pronto
Por anos, John Sykes anunciou estar trabalhando em um novo álbum. O material tinha até título: “Sy-Ops”. Duas de suas faixas, “Dawning of a Brand New Day” e “Out Alive”, chegaram a ser disponibilizadas em 2021. A ideia era lançar o disco na íntegra no mesmo ano, o que não aconteceu.
À época, Sykes declarou que as novas músicas estavam gravadas desde 2015. O guitarrista passou por diversos problemas pessoais, incluindo a morte de seu empresário, que impediram o lançamento do material.
Participaram do material os baixistas Tony Franklin (Blue Murder, The Firm) e Chris Chaney (Jane’s Addiction), o baterista Josh Freese (Weezer, A Perfect Circle, Guns N’ Roses) na bateria e o tecladista Jamie Muhoberac (Fleetwood Mac), entre outros músicos.
Antes de “Dawning of a Brand New Day”, tivemos notícias do músico apenas em 2018, quando ele regravou “Still Got the Blues” para um tributo a Gary Moore, que também foi guitarrista do Thin Lizzy e morreu em 2011, aos 58 anos. O álbum que contém a gravação é intitulado “Moore Blues for Gary – A Tribute to Gary Moore”.
Teste para o Guns N’ Roses
Em 2009, antes de ser cotado para o The Winery Dogs, John Sykes fez um teste para entrar no Guns N’ Roses. Na época, a banda buscava alguém para a vaga de Robin Finck, que saiu no ano anterior.
A informação foi revelada em 2021 pelo também guitarrista Richard Fortus, em entrevista ao canal Tone Talk, com transcrição do site Blabbermouth. Fortus integra o Guns N’ Roses desde 2002 e seguiu na formação mesmo com as voltas de Slash e Duff McKagan, em 2016.
Richard comenta:
“Nós fizemos testes com várias pessoas e John Sykes foi incrível. Lembro de Tommy Stinson (baixista do Guns N’ Roses na época) aparecendo, daí fomos ao lugar de ensaios e vimos John ali.
Tommy chegou ao tour manager e disse: ‘cara, mande ele para casa, Axl (Rose, vocalista) não vai aceitar, por que você está fazendo isso?’. O tour manager respondeu: ‘É o John Sykes, cara… ele aprendeu as músicas, o mínimo que você pode fazer é ouvi-lo’. Tommy concordou.
Em dois minutos tocando, Tommy olha para mim tipo: ‘meu Deus’. Foi incrível. Incrível. Ele plugou a guitarra direto no amplificador e detonou. O timbre dele era incrível. Ficamos de queixo caído.”
Se soou tão incrível, por que Sykes não conseguiu a vaga para se juntar ao Guns N’ Roses? Fortus respondeu:
“A reputação de John o precede. Porém, pessoalmente, eu me dei muito bem com ele e mantive contato. Na verdade, eu segui conversando com ele muito regularmente até que eu entrei para o Thin Lizzy (em 2011) e ele parou de me ligar (risos). Ainda assim, eu o achei ótimo.”
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