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O melhor álbum de todos os tempos, segundo Tom Morello

Terceiro disco de estúdio de banda britânica é considerado um dos pilares fundamentais do punk rock

Do pop chiclete ao metal extremo, Tom Morello se orgulha de não possuir preconceitos musicais. O eterno guitarrista do Rage Against the Machine não tem qualquer pudor para ouvir algo, nem que seja pela mera curiosidade. Porém, também opina de forma definida sobre os melhores álbuns de todos os tempos.

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Questionado sobre qual disco ocuparia essa posição, o instrumentista não se furtou de escolher um quando falou com o Pop Matters, em 2008. Sua opção atravessou o Oceano Atlântico e desembarcou no Reino Unido.

Ele disse:

“Seria ‘London Calling’, do The Clash. Combina a fúria do rock, música aventureira, letras brilhantes e um compromisso com a justiça que raramente foi visto antes ou depois. Deus abençoe Joe Strummer.”

Trocando o metal pelo punk

Em 2021, Morello se aprofundou no motivo de sua preferência em artigo para a Classic Rock. Na ocasião, escreveu:

“O The Clash é minha banda de rock’n’roll favorita de todos os tempos. ‘London Calling’ foi o ponto de partida do meu amor pela banda. Até descobrir o punk, eu era um fã de heavy metal e foi a capa desse álbum que primeiro despertou meu interesse e me fez pensar: ‘Quem é essa grande nova banda de heavy metal?’

Devorei aquele disco. Eu não conseguia acreditar como era ótimo. Fez com que grande parte da minha coleção de heavy metal parecesse muito boba. Era uma música com a qual eu poderia me identificar liricamente muito mais do que as letras do tipo Dungeons and Dragons dos meus antepassados do metal. A convicção com que a banda tocava e com que Joe Strummer cantava eram indescritíveis.”

Obviamente, a politização também ajudou a mudar o cenário e “converter” o jovem Tom.

“Foi numa altura em que eu estava a ganhar consciência política, e aqui estava uma banda que me fez sentir que não estava sozinho; era uma banda que dizia a verdade – ao contrário do meu presidente, ao contrário das pessoas do noticiário nacional, ao contrário do meu professor – e eu pensei: ‘Estou dentro’. Escrevi minha primeira música política imediatamente depois de ouvir ‘London Calling’. Chamava-se ‘Salvador Death Squad Blues’. A possibilidade de combinar música incrível e conteúdo lírico que importasse tornou-se real.

Na época, dizia-se sobre o The Clash que eles eram a única banda que importava, e realmente era assim que se sentia. The Clash era mais do que uma banda punk, eles eram muito mais aventureiros musicalmente, e ‘London Calling’ foi realmente o disco onde eles incorporaram músicas de todo o mundo e cada música soava como The Clash.”

A ampla ecleticidade sonora também serviu como atrativo. Conclui o guitarrista:

“O álbum foi uma revelação; realmente fazia tudo parecer possível, como se você pudesse tocar uma música reggae ou uma música hard rock no mesmo lugar. ‘London Calling’ me fez perceber que havia bandas por aí que estavam dispostas a dizer a verdade e de uma forma inabalável e intransigente, onde cada nota musical e cada letra importavam. Isso foi totalmente novo para mim. E eles tinham roupas que pareciam legais.

Toquei a música ‘London Calling’ em inúmeras bandas cover ao longo dos anos. Eu não tinha certeza do que Joe Strummer estava falando, mas parecia apocalíptico e eu sabia que ele estava certo. A sutileza e o humor de suas letras às vezes são esquecidos. Esse cara fez ótimas letras. Há tanta coisa acontecendo; Joe Strummer era profundo.

Foi também o primeiro álbum que vi que tinha um adesivo de advertência aos pais, e isso também aumentou seu fascínio e perigo. Eu não conseguia acreditar que havia uma banda para mim. Até então, eu estava me acomodando. Quando descobri o The Clash não precisei mais me contentar.”

The Clash e “London Calling”

Terceiro álbum do The Clash, “London Calling” é considerado um dos trabalhos fundamentais do punk rock, fundindo-o com sonoridades que dariam origem ao post-punk. As letras abordavam conflitos pessoais e sociais, que iam desde a dificuldade de adaptação à vida adulta e uso de drogas até racismo, desemprego e guerras.

A disposição do título na capa é uma homenagem ao álbum de estreia de Elvis Presley. O álbum chegou ao Top 10 na parada britânica e vendeu mais de 7 milhões de cópias em todo o mundo.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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