Steve Vai já teve a oportunidade de trabalhar ao lado de Ozzy Osbourne. O guitarrista virtuoso colaborou com o cantor no anos 1990, aparecendo na faixa “My Little Man” — presente no disco “Ozzmosis” (1995). Ainda, como contou no ano passado, gravou outras demos para o projeto em questão, nunca lançadas.
Todo processo de composição junto ao Madman o ensinou uma valiosa lição. Durante conversa no podcast Let There Be Talk, comandada pelo comediante Dean Delray e transcrita pela Ultimate Guitar, ele se aprofundou no assunto.
Antigamente, Vai tinha uma grande preocupação quanto à divisão de direitos autorais. Quando entrava no estúdio com algum artista, em vez de preocupar-se com a criação das músicas em si, prestava mais atenção em quais funções os envolvidos estavam desempenhando — afinal de contas, quanto mais pessoas, menor seria a fatia de cada um na composição.
Ele declarou:
“Tive diferentes sentimentos em relação à questão editorial. Em certo momento, me preocupava muito com quem estava compondo o quê. Mas isso acabou, principalmente quando eu estava trabalhando com Ozzy.”
Porém, no período de parceria com Osbourne, certa situação mudou o seu ponto de vista. Não só isso, como também uma fala específica do Príncipe das Trevas, de acordo com o guitarrista.
“Naquela ocasião, Ozzy e eu deveríamos compor. Então, um músico que estava trabalhando com a gente chegou e começou a apresentar ideias. E eu fui ingênuo e disse para Ozzy: ‘Qual é a função dele aqui? Achei que eu e você que estávamos compondo’. E Ozzy, com seu brilho inocente, me disse: ‘Não dou a mínima se ele chegar aqui e compor alguma coisa, só precisamos de uma boa música’. E esse foi o fim do meu pesadelo autoral.”
Por fim, o músico reconhece que o trabalho colaborativo é importante para a realização de boas faixas – apesar de normalmente não adotar a prática para o seu material solo:
“Você quer a melhor música. E é bom trabalhar com pessoas. Às vezes, duas ou três cabeças pensam melhor do que uma. Há grandes vantagens criativamente falando. Eu faço isso e amo fazer isso, só não geralmente no meu trabalho solo.”
Ozzy Osbourne e “Ozzmosis”
Sétimo trabalho de estúdio de Ozzy, “Ozzmosis” marcou a retomada da carreira do Madman após sua primeira aposentadoria. A banda de apoio contou com Zakk Wylde na guitarra (substituído na turnê por Joe Holmes), Geezer Butler no baixo, Rick Wakeman nos teclados e Deen Castronovo na bateria. Vendeu mais de 3 milhões de cópias em todo o mundo.
É sabido que Steve Vai e Ozzy colaboraram musicalmente na metade dos anos 1990, quando “Ozzmosis” ainda estava em estágios embrionários. À época, Osbourne retomava sua carreira solo após um anúncio de aposentadoria que ele não cumpriu. Wylde, que retornaria posteriormente, havia saído para trabalhar em seus próprios projetos. Foi quando Vai se envolveu.
Em 2023, causou alvoroço uma declaração de Steve ao Eonmusic dizendo ter um álbum completo gravado com Ozzy. A coisa escalonou de tal modo que o guitarrista precisou ir às redes sociais para se explicar. Na outra declaração, o músico diz não possuir faixas finalizadas, apenas algumas ideias registradas em modo provisório.
Embora tenha culpado “clickbaits” da mídia — que apenas repercutiram algo realmente dito —, ele confirmou ter se passado nos comentários, ao invés de usar o subterfúgio de dizer que foi “mal interpretado” ou que teve suas falas “tiradas de contexto”, como muitos fazem quando a situação aperta. Ele afirmou:
“Em uma entrevista recente, falei um pouco descuidadamente sobre ‘ter um álbum completo com Ozzy’ e as manchetes clickbait se tornaram virais. Para esclarecer, Ozzy e eu nos reunimos por volta de 1996 e passamos algum tempo tentando encontrar algumas músicas em potencial para um álbum que ele já havia gravado pela metade. Esse álbum mais tarde saiu como ‘Ozzmosis’. Fizemos demos de um punhado de faixas e então havia um monte de faixas que eu criei para ele conferir.
Ele acabou escolhendo uma música para usar em seu disco e essa é ‘My Little Man’. Foi regravada com sua banda e ficou ótima. Apenas uma outra faixa demo daquelas sessões tinha um vocal zero de Ozzy e eu entreguei todas as fitas do master para a gravadora e guardei as de segurança das faixas que eu construí pessoalmente. Ao todo, havia (há) música suficiente para um álbum inteiro, mas precisariam ser regravadas. As demos são roteiros irregulares, não o objetivo.
Eu, como muitos fãs de Ozzy, adoraria se houvesse um álbum secreto escondido de Ozzy em algum lugar, apenas para ser revelado aos nossos ouvidos surpresos em um momento futuro, mas não viria dessas sessões. Sinto muito pela confusão.”
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