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Os melhores discos de 2023 na opinião de Igor Miranda

Editor do site apresenta top 10 com álbuns favoritos do ano além de outros 10 trabalhos que chamaram sua atenção e playlist com destaques

Se 2022 foi o ano da retomada pós-pandemia na indústria munsical, 2023 provavelmente representou o período em que todo artista no planeta estava em turnê. Curiosamente, esse cenário parece ter interferido na produção fonográfica — a ponto de ter sido mais difícil formatar esta lista de melhores discos de 2023 em comparação às anteriores.

Ainda assim, vários bons trabalhos foram lançados ao longo do ano. Aqui estão os meus prediletos reunidos em um top 10 e em outra lista com mais 10 trabalhos que me chamaram atenção. Uma playlist no Spotify com destaques selecionados também pode ser conferida clicando aqui ou no player abaixo.

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Outros colaboradores do site foram convidados a revelar suas escolhas, que estarão presentes em artigos separados. João Renato Alves e Marcelo Vieira já enviaram artigos com seus melhores discos de 2023 e teremos outros nos próximos dias.

Vale lembrar o óbvio: trata-se de uma lista pessoal. Não “faltou” nada. Esses são apenas os meus melhores discos de 2023. Aproveite os materiais para conhecer bandas novas, revisitar álbuns que você não deu tanta atenção nos meses anteriores, construir seu próprio ranking ou qualquer outra finalidade que não seja palpitar em escolhas particulares dos outros.

Melhores discos de 2023 para Igor Miranda

10) Boygenius — “The Record” (indie / folk rock)

Acima de tudo, “The Record” é um álbum belo. Talvez seja o reflexo da amizade que motivou a criação do projeto que reúne Phoebe Bridgers, Julien Baker e Lucy Dacus. Ou fruto da inspiração de estarem trabalhando umas com as outras, já que, coletivamente, conseguiram um resultado acima do que em suas carreiras solo. Não dá para saber.

Fato é que “The Record” encanta por sua versatilidade natural. Não é um disco de rock clássico — é essencialmente indie —, mas há referências às vertentes mais convencionais no material: de Beatles a Pearl Jam, passando por menções mais diretas a Leonard Cohen e Paul Simon. Ao mesmo tempo, dialoga aqui e ali com o folk e até o country. E tudo isso é feito com identidade própria, algo tão em falta no momento atual.

9) Spiritbox — “The Fear of Fear”, EP (metalcore / metal progressivo)

O novo EP do Spiritbox é tão bom que me fez abrir uma brecha, já que a lista é focada em álbuns. E dá para dizer que se fosse um disco, certamente ocuparia uma posição ainda maior nesse ranking.

The Fear of Fear” é o retrato da ambição do grupo liderado pelo casal Courtney LaPlante (voz) e Mike Stringer (guitarra), já que eles dobram a aposta em relação a “Eternal Blue” (2021). Tudo soa ainda mais intenso, do peso de “Cellar Door” ao flerte com o pop em “The Void” e “Ultraviolet”, passando pelos experimentos de “Angel Eyes” com batidas trap. Imagina se fossem dez faixas em vez de seis?

8) Foo Fighters — “But Here We Are” (rock alternativo)

Quase trinta anos depois, perdas trágicas voltam a servir de combustível para o Foo Fighters de Dave Grohl. Os falecimentos de Taylor Hawkins, baterista, e Virginia Grohl, mãe do frontman, tudo em um espaço de apenas quatro meses, levaram o labrador humano do rock a criar “But Here We Are”, seu melhor álbum desde “Wasting Light” (2011).

Ciente de que colocar suas angústias para fora é algo pra lá de terapêutico, Grohl — que também assume bateria e coproduz o álbum ao lado de Greg Kurstin — referencia a morte em praticamente todo o disco. Musicalmente, o frontman e seus parceiros pararam de tentar soar pop ou classic rock — como nos trabalhos anteriores — e abraçaram a identidade real do grupo: o contraditório, mas deliciosamente envolvente “alternativo de rádio”. Sobrou até espaço para experimentar com shoegaze (“Show Me How”) e gótico (“Hearing Voices”). Quem diria.

7) Jared James Nichols — “Jared James Nichols” (blues rock)

Jared James Nichols nunca se apresentou como um músico inovador. No entanto, o heavy blues ardido do cantor e guitarrista americano ganhou profundidade diferente em seu terceiro disco, que leva seu nome no título.

Concebido durante um período em que Jared se recuperava de uma séria fratura no braço direito, o álbum traz algumas melodias mais sombrias e até uma inesperada influência do grunge em faixas como “Down the Drain” e “Shadow Dancer”. Nichols não tem intenção de reinventar a roda, mas é assim, de mansinho, que se consolida uma obra única.

6) Sleep Token — “Take Me Back to Eden” (metal alternativo / progressivo)

Se é difícil digerir “Take Me Back to Eden”, imagine defini-lo. Em seu terceiro álbum, o misterioso Sleep Token chegou à fórmula perfeita de um som que não tem fórmula alguma. Influências do metal progressivo, post-metal e djent se fundem a pop, R&B, trap e blues de forma inédita. E o mais incrível é que todo o material surgiu da mente de dois músicos — cujas identidades seguem anônimas, é importante destacar.

Deles, é impossível não exaltar Vessel. Além de multi-instrumentista talentoso (gravou guitarra, baixo e teclados, além de ter assinado a produção ao lado de Carl Bown), é dono de uma voz linda, versátil e profunda. “Take Me Back to Eden” oferece uma audição tão desafiadora que demanda alguns desprendimentos. É preciso esquecer que os integrantes são anônimos e, especialmente, ignorar subdivisões musicais por gênero. Quem fizer isso, será recompensado.

5) Metallica — “72 Seasons” (heavy metal)

72 Seasons” é, talvez, o álbum do Metallica onde James Hetfield mais se expõe. Pandemia, divórcio, recaída em drogas e subsequente reabilitação certamente influenciaram esse que também pode ser um dos mais densos da trajetória do grupo americano.

Até há acenos para as raízes sonoras, como as timbragens de guitarra mais ardidas e os vocais ligeiramente carregados de efeito. Mas é Metallica na faixa dos 60 anos. Imperfeito e com marcas do tempo que tornam tudo ainda mais interessante. Como é bom ouvir uma banda que amadureceu sabendo o que quer apresentar e com boa dinâmica, especialmente entre Hetfield e o baterista Lars Ulrich.

4) Dirty Honey — “Can’t Find the Brakes” (hard rock)

Como o já mencionado Jared James Nichols, o Dirty Honey não quer reinventar a roda. Seus integrantes dizem isso. Contudo, de forma natural, seu hard rock claramente influenciado por Aerosmith e Guns N’ Roses ganhou camadas diferentes em “Can’t Find the Brakes”, seu segundo álbum de estúdio e terceiro lançamento em geral.

Toques de R&B, country e southern rock se tornaram mais notórios. A produção, novamente assinada por Nick DiDia, soa mais orgânica e traz “respiros” adicionais. A impressão deixada é que o jovem grupo independente americano está cada vez mais próximo de seu registro definitivo.

3) Rival Sons — “Darkfighter” (hard rock)

O Rival Sons foi ousado até demais ao suceder “Feral Roots”, um dos álbuns de rock mais elogiados em 2019, com dois discos a serem lançados em um intervalo de seis meses. “Darkfighter” e “Lightbringer” prometeram trazer, respectivamente, o lado obscuro e a luz no fim do túnel.

O disco dark é, em especial, muito interessante. Há menos influências soul/R&B em comparação ao antecessor — embora elas sigam presentes nos vocais de Jay Buchanan —, mas dá para notar mais camadas. O frontman, aliás, também explora lados diferentes de sua voz, além de mostrar talento raríssimo neste segmento.

2) Mammoth WVH — “Mammoth II” (hard rock / alternativo)

No álbum de estreia do Mammoth WVH, Wolfgang Van Halen apresentou seu lado criativo com o pé esbarrando de leve no freio. O filho de um dos guitarristas mais importantes da história parecia até saber que era necessário dosar alguns elementos de sua identidade artística para atingir os resultados almejados.

Mammoth II” aproveita a roupagem do disco de estreia, mas vai além. Wolfgang, que canta e toca todos os instrumentos, está mais à vontade em muitos sentidos; seja para explorar o hard rock festeiro da banda do pai, para incluir elementos progressivos/musicalmente intrincados ou para mergulhar de vez nas referências pop punk/radio rock dos anos 2000 que tanto gosta. O resultado é mais autêntico e envolvente.

1) Rolling Stones — “Hackney Diamonds” (rock)

É um luxo poder ouvir um álbum novo dos Rolling Stones em 2023. Mas não foi só por ser um “medalhão” que a lendária banda inglesa está no topo deste ranking pessoal.

Hackney Diamonds” soa diverso de uma forma surpreendente para uma banda com 60 anos de carreira. Mérito de Andrew Watt, que produziu esse álbum operando quase que como um “árbitro” entre os conflitantes Mick Jagger e Keith Richards — e conseguiu extrair o melhor de ambos. O resultado é um amálgama equilibrado entre a veia popstar do cantor e a canastrice rocker do guitarrista, com direito a coadjuvantes de luxo tanto na formação fixa (o também guitarrista Ronnie Wood e o baterista Steve Jordan) quanto entre os convidados (de Lady Gaga a Paul McCartney, passando por Elton John e Stevie Wonder).

Se foi o último disco, fechou com chave de ouro a trajetória de uma das maiores bandas da história.

Mais sugestões de discos lançados em 2023

Além dos 10 melhores discos de 2023 em minha opinião, separei outras 10 sugestões de álbuns que podem agradar. Nesta seção, os trabalhos são mencionados em ordem alfabética dos nomes dos artistas. Não há comentários.

Ayron Jones — “Chronicles of a Kid” (hard rock / alternativo)

Black Pumas — “Chronicles of a Diamond” (soul psicodélico / R&B)

Daisy Jones & The Six — “Aurora” (rock; trilha sonora da série homônima)

Electric Mob — “2 Make U Cry & Dance” (hard rock; banda brasileira)

Extreme — “Six” (hard rock)

Gov’t Mule — “Peace… Like a River” (blues rock)

Iggy Pop — “Every Loser” (punk rock)

Rival Sons — “Lightbringer” (hard rock)

Robert Jon & the Wreck — “Ride Into the Light” (blues / southern rock)

The Struts — “Pretty Vicious” (hard rock)

Playlist com o melhor de 2023

A playlist a seguir, disponível no Spotify, compila algumas das melhores músicas de 2023 em minha opinião. Confira abaixo!

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

3 COMENTÁRIOS

  1. Ótima lista.
    Não sei porque, talvez as letras, mas o disco do Foo Fighters me dá uma choradeira danada. A melodia e letra de “Hearing Voices” são tristemente lindas.

      • Exatamente.
        Agora estou ouvindo boygenius. Lindas melodias. Me parece um pout pourri de First Aid Kit, The New Pornographers e Wolf Alice. “Not Strong Enough” diz muito sobre.
        Obrigado por me fazer conhecer!

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