Crítica: “As Marvels” não precisa de exageros para divertir

Envolvente e direto, filme do trio de heroínas foge da grandiosidade forçada, seja na estrutura ou na duração

Muito se fala de uma crise no Marvel Studios, quando, na verdade, o cinema americano como um todo enfrenta um momento ruim desde a pandemia. Isso gerou uma desconfiança constante e teorias que muitas vezes alimentam pensamentos preconceituosos. “As Marvels” foi alvo disso.

Estrelado por três heroínas (duas delas não brancas), o novo longa do Universo Cinematográfico Marvel sofre críticas desde seu anúncio — a grande maioria originada de discursos de ódio que não levam em conta nenhuma informação oficial.

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Reunindo a Capitã Marvel (Brie Larson), Ms. Marvel (Iman Vellani) e Monica Rambeau (Teyonah Parris), o filme traz de volta algo que os fãs vinham sentido falta: uma conexão mais orgânica e significativa entre as produções da Marvel. Para quem reclama de precisar assistir séries para entender um filme, não se preocupe: com algumas rápidas frases são explicados os acontecimentos de “Ms. Marvel” e “Wandavision” (onde Monica ganhou seus poderes). Por outro lado, “Invasão Secreta” é solenemente ignorada; dada a baixa qualidade da série, não é algo a se lamentar.

A trama explora o passado e as conexões entre as heroínas, com resgate de arcos implantados há alguns anos — como o relacionamento de Carol Danvers e Monica Rambeau, importantíssimo para o andamento da história. Embora a relação mais significativa seja esta, Iman Vellani e sua Ms. Marvel repetem a dose da série, com um carisma absurdo, se tornando o coração e alma da produção.

Coesão e referências

Com boas cenas de ação, “As Marvels” vai na contramão de um padrão estabelecido nos últimos anos, tendo apenas cerca de 1 hora e 45 minutos de duração. E é uma escolha acertadíssima, pois o filme vai direto ao ponto e não tem nenhuma enrolação.

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Em menos de duas horas consegue apresentar uma história coesa e desenvolver suas protagonistas muito mais do que a maioria das outras produções da Marvel. Aqui, as coisas andam.

Muitos elementos dos quadrinhos estão presentes, alguns mais obscuros, outros mais óbvios. Parte do crédito vai para a presença de Kelly Sue DeConnick como consultora. Foi ela que escreveu a primeira fase de Carol Danvers como Capitã Marvel nas HQs, fonte de inspiração para alguns passagens do enredo.

Apesar dos pesares

Claro, não se trata de um filme perfeito: a trilha sonora é fraca, bem genérica e mal implementada nas cenas de ação. Outro problema recorrente do cinema atual se faz presente, mas não num nível que incomode: algumas tomadas apresentam CGI abaixo da média.

Mesmo com esses defeitos pontuais, “As Marvels” é um dos mais divertidos longas da Marvel. Traz cadência quase perfeita e envolve o espectador e com conexões nada forçadas a outros recantos do UCM.

Diga-se de passagem, a obra deixa algumas pontas muito interessantes que atiçam a curiosidade. E isso é ótimo, pois todos merecem desfrutar mais da contagiante presença de Iman Vellani / Kamala Khan.

*“As Marvels” estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas brasileiros.

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Leonardo Vicente Di Sessa
Leonardo Vicente Di Sessahttps://falaanimal.com.br/
Formado em Propaganda & Marketing, Leonardo Vicente acabou tragado pelo mundo dos quadrinhos e assuntos nerds, atuando como jornalista especializado na área desde 2001. Também revisor e editor, mantém o site Fala, Animal! e o podcast de mesmo nome, participando ainda da equipe da revista Mundo dos Super-Heróis e do podcast Mansão Wayne. É autor de livros como Os Cavaleiros das Trevas, O Homem que Ri e Prodígio: 80 Anos do Robin.

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