Em Brasília, I Am Morbid comprova força do legado do Morbid Angel

Com setlist repleto de clássicos e Pete Sandoval implacável na bateria, banda dissidente faz jus à "matriz" em noite de celebração ao death metal

Em 1991, o Morbid Angel quase tocou em Brasília – por problemas com a produção, o show acabou não acontecendo mesmo com os integrantes no local. Apesar disso, estava claro que já se tratava de uma banda de exceção. Uma entidade que construiria uma história ímpar no death metal e que se tornaria um dos pilares do estilo.

Passados 32 anos, o vocalista/baixista David Vincent e o baterista Pete “Commando” Sandoval retornaram à capital federal na noite de sexta-feira (20), desta vez sob a alcunha de I Am Morbid, para honrar (e finalmente tocar) esse legado. E provar que nem o tempo, tampouco as desavenças pessoais, notadamente com o guitarrista Trey Azagthoth, foram capazes de diminuir o impacto do elemento principal: as músicas.

- Advertisement -

*Fotos de Rodrigo Piruka.

Foto: Rodrigo Piruka

O show na Toinha foi o segundo e último da breve passagem atual do I Am Morbid pelo Brasil — na quinta-feira (19), os norte-americanos se apresentaram em São Paulo. Haveria outra performance no Maranhão Open Air, no fim de semana, mas o evento foi cancelado por baixa venda de ingressos. A “festa” para comemorar os 30 anos de “Covenant” (1993), álbum de maior sucesso comercial do Morbid Angel, se mostrou uma grande noite de celebração ao death metal, com setlist repleto de clássicos.

Foto: Rodrigo Piruka

Não houve banda de abertura. Pouco antes do show começar a grade que separava o público da “pista comum” e do “frontstage” foi retirada a pedido de Pete Sandoval. Era a deixa para o pessoal se aproximar do palco e o sinal verde para os circle pits, que rolariam sem qualquer transtorno ao longo de toda a apresentação.

Por volta de 21h30, o I Am Morbid entrou em ação estourando logo de cara “Immortal Rites”, faixa de abertura do antológico “Altars of Madness” (1989). Sorrisos e rostos tomados de satisfação tomaram conta do recinto.

Entre “Fall From Grace” e “Visions From the Dark Side”, David Vincent travou o primeiro contato com o público. O frontman, um dos melhores no ramo do death metal, relembrou o fato de já ter estado na cidade “no início da década de 1990” e exaltou a satisfação de poder enfim tocar, agora como dissidente.

Foto: Rodrigo Piruka

Com os headbangers na mão e uma qualidade de som excelente, que só foi melhorando no decorrer do show, a banda deu início à execução de “Covenant” praticamente na íntegra, ainda que de forma intercalada. Das 10 músicas do disco, apenas “Angel of Disease” e a instrumental “Nar Mattaru” não foram contempladas.

Voltando a “Altars of Madness”, “Maze of Torment” foi um dos pontos altos, com todo mundo “cantando” o riff inicial e o refrão marcante. Ela antecedeu um breve solo dos guitarristas Bill Hudson (brasileiro radicado nos Estados Unidos) e Richie Brown, que se saíram bem na árdua tarefa de tocar as composições de Trey Azagthoth.

Foto: Rodrigo Piruka

O destaque individual, no entanto, vai todo para Pete Sandoval. Com uma performance implacável, o baterista rouba a cena em diversos momentos. Por vezes, as músicas têm como fio condutor seu ataque nos pedais duplos e, sobretudo, seu tradicional blast beat, recurso desenvolvido por ele próprio e amplamente difundido nos primórdios do Morbid Angel e do Terrorizer, pioneiro do grindcore.

Fora a técnica, prevalece também seu carisma meio “doidão”. “É o Keith Moon do death metal”, brincou um amigo (Pedro Poney, do Violator) durante o show.

Foto: Rodrigo Piruka

Na porção final, “Dominate” e “Where the Slime Live” fizeram as honras ao álbum “Domination” (1995), que marcou o fim da primeira passagem de David Vincent pelo Morbid Angel. E “God of Emptiness”, que apresentou a banda para muita gente nos tempos áureos da MTV, e a monolítica “World of Shit (The Promise Land)” trataram de encerrar de forma catártica essa verdadeira lição de death metal, que merecia apenas um público maior – as dependências da Toinha ficaram longe de encher.

Foto: Rodrigo Piruka

Dito isso, o I Am Morbid é realmente melhor que o Morbid Angel atual, conforme afirmou David Vincent em entrevista recente ao site? A julgar pela força do repertório que cada uma vem apresentando e o grau de comprometimento demonstrado na execução fiel das músicas, é razoável dizer que sim.

*Fotos de Rodrigo Piruka. Mais imagens ao fim da página.

Foto: Rodrigo Piruka

I Am Morbid – ao vivo em Brasília

  • Local: Toinha
  • Data: 20 de outubro de 2023
  • Turnê: Covenant 30th Anniversary

Repertório:

Omni Potens (som mecânico)

  1. Immortal Rites
  2. Fall From Grace
  3. Visions From the Dark Side
  4. Blessed Are the Sick
  5. Rapture
  6. Pain Divine
  7. Vengeance Is Mine
  8. The Lion’s Den
  9. Sworn to the Black
  10. Maze of Torment
  11. Solo de guitarra
  12. Dominate
  13. Where the Slime Live
  14. Blood on My Hands
  15. God of Emptiness
  16. World of Shit (The Promise Land)
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka
Foto: Rodrigo Piruka

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasResenhas de showsEm Brasília, I Am Morbid comprova força do legado do Morbid Angel
Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves é jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É repórter do Globo Esporte e atua no jornalismo esportivo desde 2008. Colecionador de discos e melômano, também escreve sobre música e já colaborou para veículos como Collectors Room e Rock Brigade. Revisa livros das editoras Belas Letras e Estética Torta e edita o Morbus Zine, dedicado ao death metal e grindcore.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades