Violoncelista de “In Utero” fala sobre o álbum do Nirvana 30 anos depois

Em sua primeira declaração sobre o disco, Kera Schaley revelou mágoa com comentário de Courtney Love em biografia do Nirvana

Kera Schaley era apenas uma estudante universitária de 23 anos quando entrou para a história do rock. Ela veio a participar das gravações de “In Utero” (1993), terceiro e último álbum de inéditas do Nirvana, porque Kurt Cobain queria alguém tocando violoncelo nas músicas “All Apologies” e “Dumb” — o então namorado dela, o produtor Steve Albini, a recomendou na hora. 

Trinta anos depois, Schaley deu uma entrevista ao podcast Rolling Stone Music Now para falar sobre seu envolvimento no disco. É uma declaração rara, já que ela não costuma falar sobre esse trabalho.

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Ao longo da conversa, Kera revelou que sabia o tamanho do Nirvana, mas mesmo assim não ficou nervosa ou deslumbrada. Sua lembrança das gravações no Pachyderm Studios foi a seguinte:

“Eu estive lá por só dois dias. Éramos só eu, Kurt e Steve no estúdio. Steve e eu fomos primeiro para que eu pudesse escutar as músicas, porque não hava escutado ainda. Bolei as partes bem rápido. Mostrei para o que tinha pensado para ‘Dumb’ e ele falou: ‘É, isso é bom. Você tem como espelhar o que estou tocando nessa linha de guitarra também?’. Eu não lembro se afinei o cello meio tom mais grave ou não, mas Kurt brincou: ‘É, todas as canções de rock são em Mi, então a gente afina meio tom pra baixo pra soar um pouco diferente’. [Risos] Estava acostumada com pessoas tendo pouco dinheiro e precisando gravar super rápido. Então, demorei uns três takes até acertar. Eu falava: ‘Me desculpe’. E ele dava risada.”

A música cuja contribuição do violoncelo de Schaley ficou mais famosa é “All Apologies”. Segundo ela, o instrumento quase não entrou na faixa.

“Engraçado que Steve tentou convencê-lo a não colocar violoncelo. Ficava falando que não devia ter cello. Fui espertinha e falei: ‘Essa é a maravilha de gravação multifaixas, eu posso gravar e você pode tirar’. Kurt e eu ganhamos no final, então pude tocar nela e essa parte foi bem improvisada. Acho que só ouvi uma vez e já tive ideias. Acho que eles mantiveram a parte improvisada, na qual eu só estava acompanhando. Kurt adorou o som mais profundo e gutural das notas graves. Ficou tipo: ‘fica nessa por um tempão’. Então, fiquei na nota grave pra ele. Ainda botei umas partes mais barulhentas. Gosto de fazer barulho no violoncelo, também. Se você escutar uns sons agudos mais penetrantes no final, sou eu.”

Nirvana, Kera Schaley e Courtney Love

Infelizmente, Kera Schaley ainda guarda uma memória desagradável de sua experiência com o Nirvana. Não por culpa diretamente da banda.

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A violoncelista revelou ter mágoa de Courtney Love, viúva de Kurt Cobain, por fazer uma alusão maldosa a ela na biografia da banda, “Come As You Are – A História do Nirvana”. Após ter sido insultada por Steve Albini, a líder do Hole disse:

“O único jeito que Steve Albini pensaria de mim como uma namorada perfeita seria se eu fosse da Costa Leste, tocasse violoncelo, tivesse brincos de argola pequenos, usasse gola rolê preta, tivesse bagagem combinando e nunca falasse nada.”

Respondendo a isso no podcast, Kera falou:

“Ela não fala meu nome, mas faz todas essas referências e todos meus amigos mandaram dizendo: ‘olha o que ela falou sobre você’. Achei bem escroto para alguém que se diz feminista. Então mandei uma carta de zoeira pra ela, tirando sarro dela por isso. Ela me ligou no meio da noite uma vez, e eu honestamente estava bem grogue, mas o jeito dela se desculpar foi dizer: ‘Desculpa você ter pensado que estava falando sobre você’. [Risos]”

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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