Black Pantera: “não tem como ser bolsonarista e antirracista”

Em entrevista, banda brasileira criticou o apagamento da história negra na educação brasileira e discutiu polêmica de escravidão durante o Lollapalooza

Bolsonarismo e antirracismo são conceitos opostos. Essa é a opinião dos integrantes da banda brasileira Black Pantera.

O trio foi convidado do Superplá Podcast, apresentado por João Gordo. Quando a conversa migrou para o assunto de certas figuras afro-brasileiras proeminentes no último governo, eles não tiveram papas na língua. O baixista Chaene da Gama afirmou:

“Não tem como ser bolsonarista e antirracista. Isso aí é o fato, porque neoliberalismo, essas paradas não andam junto. É falta de letramento racial.”

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Na sequência, o músico busca encontrar razões para isso acontecer. Em sua visão, a educação brasileira apaga a história negra.

“A gente tinha uma noção, mas depois do Black, quando a gente começou a fazer o Black Pantera, a gente abriu a mente e descobriu um mundo que até então a educação… nem a educação brasileira te privilegia. Livros, histórias, você só vai entender o abolicionismo, as pessoas, tantos outros mártires, tanta gente preta que fez acontecer. Os caras apagam, escondem, você só vai saber superficialmente.”

Chaene ainda apontou como os pontos apresentados por negros bolsonaristas não evoluíram em 50 anos:

“Eu tô lendo o livro do Abdias do Nascimento, ‘Quilombismo’, e tudo que o cara falava, até hoje, em 1970 o cara escrevia as paradas e até hoje você vê que a galera replica. Galera não sabe de onde veio, não sabe o que os ancestrais representaram e acabam indo nessa de: ‘ah, tudo é vitimismo, eu não sou um preto que se vitimiza… meritocracia’. Ah, velho, não faz isso com você mesmo. Não f#de o nosso rolê porque o rolê é pesado.”

Black Pantera alvo de críticas

O baterista Rodrigo “Pancho” Augusto complementou ao falar sobre a responsabilidade que sente e como a visibilidade maior da banda os torna alvos:

“É importante se posicionar e tomara que a gente incentive uma galera. A gente pegou isso aí como ponta de lança e acaba que toma ‘hate’ por conta disso. Principalmente agora que a banda está em ascensão e pegando festivais grandes. Isso aconteceu no Lollapalooza, no Rock in Rio. ‘Ah, cês está aí tocando pra playboy’. Uai, velho, tem que tocar.”

A banda ainda discutiu a participação no Lollapalooza Brasil 2023 em meio às acusações do festival usar mão de obra análoga à escravidão. Chaene da Gama falou do dilema enfrentado pelo trio na hora de se posicionar:

“Isso deixou a gente de cabeça quente. Foi uma semana pesada, pelo menos para mim. A banda é antirracista e isso explodiu, é algo que já acontece em um monte de evento e ninguém fala nada. Só que a gente foi pego, assim: ‘o que vocês vão fazer?’ – a galera que já espera um posicionamento, que já quer atacar, de ver uma maneira de atacar. Não tinha como a gente cancelar algo assim de última hora, tem contrato. E aí a gente vai fazer… fomos no palco e…”

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O Black Pantera acabou por se apresentar e fazer uma manifestação durante o show contra o festival e as práticas escravagistas. Chaene destaca:

“A sorte é que não foi televisionado, senão teria saído muito mais.”

Confira abaixo o trecho da entrevista no Superplá Podcast.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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