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Tim “Ripper” Owens e Udo Dirkschneider enfileiram clássicos do Judas Priest e Accept em São Paulo

Diante de público volumoso e acompanhados de competente banda com músicos brasileiros, cantores mostram que formato de evento com duplas de artistas internacionais pode ter chegado para ficar

Parcerias entre vocalistas não são exatamente uma novidade e, para citar uma recente, Eric Martin e Jeff Scott Soto acabam de estrelar uma data no Stones Music Bar, cada um com seu repertório, porém ao preço de só um ingresso. De modo um tanto enxuto, Tim “Ripper” Owens e Udo Dirkschneider passaram pelo Manifesto Bar no mesmo formato – que também caiu nas graças de quem curte Judas Priest e Accept, levando-se em conta a ótima lotação do local.

Chegando por lá às 16h50, entramos ao abrir das portas, dez minutos depois, e apuramos com o baixista Fabio Carito que o combinado era ter Ripper no palco às 19h. Porém, com a fila ainda grande do lado de fora, o citado baixista, o baterista Marcus Dotta (seu parceiro de Trend Kill Ghosts) e os guitarristas Wagner Rodrigues e Johnny Moraes (membro do Hevilan) só tomaram postos às 19h39, já mandando bronca com “Metal Gods”, um bocado mais lenta se comparada à versão original e, como ao longo de todo o evento, com timbragens mais ardidas que o habitual.

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*Fotos de Andre Santos / @andresantos_mnp. Role para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Atiçando a galera ao perguntar seu nome, o cantor emendou “The Ripper”, seguida pela arrepiante “Burn in Hell”, que foi iniciada com o frontman de braços abertos – como a plateia o recebera – enquanto o observávamos de óculos escuros e boné, criando certo distanciamento, ainda que sem perceber ou desejar. Problema resolvido ao longo de “Painkiller”, agora com todos podendo encará-lo. Ah, se a leitura corrida te causa desconforto, sem chances de respirar, na prática, a pegada foi bem essa ao vivo: uma pedrada após outra, sem muito falatório e com quatro faixas empilhadas em meros vinte e um minutos – metade do set, aliás!

E se você pensa que um artista não repara no que se passa entre os fãs, eis a prova do contrário: intrigado, Ripper indagou se um concentrado e ensimesmado cidadão estava bem e disparou: “Vou te fazer sorrir, cara!”. O ponto é: este escriba jamais supôs chamar atenção de quem está no palco, ainda mais visando incluir-se em sua própria resenha, mas o que há de se fazer se o inquieto vocalista resolveu interagir com este que vos escreve? Ossos do ofício! Deu tempo somente de anuir com a cabeça e ele prosseguiu: “Sabia que você sorriria, viu só?”. Você resistiria? 🙂

Voltando ao que interessa, a fuga rumo a lados B levou todos a “Hell is Home” e, ainda que seja de sua época na banda, acabou dando uma esfriada na galera… Questão de gosto, mas “Bullet Train” ou especialmente “Death Row” não teriam caído melhor? E se o povo sai de casa pelos hits, “Hell Bent for Leather” estranhamente agitou o público menos do que o esperado.

Foto: Andre Santos

Em “One On One” o som do baixo ficou curiosamente alto em demasia, com o perdão do gracejo, até vir a interação mais elaborada de Ripper:

“É ótimo estar de volta aqui! Um dos meus locais favoritos para tocar é o Manifesto! Digo isso toda vez que venho aqui: o Manifesto foi o primeiríssimo lugar onde me apresentei solo e agora venho para cá o tempo todo porque vocês me trazem de volta! É por isso, vocês são ótimos toda vez que toco aqui e esta é uma noite especial porque temos o Udo! Ninguém mais tem isso a não ser a América do Sul!”

Foto: Andre Santos

Concluindo a parte do ex-Priest, “Electric Eye” reaqueceu os motores, com sensível mudança de comportamento da plateia em quarenta e dois divertidíssimos minutos da “primeira entrada”, por assim dizer. O que beirou o inusitado foi ver Ripper anunciar a próxima atração, pois não é todo dia que um grande vocalista anuncia e convoca uma lenda ao palco: Udo Dirkschneider, regressando a São Paulo após se apresentar no Carioca Club em 12 de outubro último com seu próprio grupo.

Repertório – Tim “Ripper” Owens:

  1. Metal Gods
  2. The Ripper
  3. Burn in Hell
  4. Painkiller
  5. Hell is Home
  6. Hell Bent for Leather
  7. One on One
  8. Electric Eye

Com porte lembrando o Aríete, do He-Man (sem sacanagem!), o atarracado baixinho Udo Dirkschneider incendiou a casa já em “Starlight”, evidenciando haver mais a gente a fim de curtir Accept – ou, no mínimo, estavam mais barulhentos. Bem ensaiado, o quarteto de apoio que já havia acompanhado Ripper seguiu dando conta do recado e dá-lhe hinos como “Living for Tonite” e “Midnight Mover”, em processo idêntico a outrora, com curtas pausas para minidiscursos protocolares e pau na máquina – chegando a ser engraçado ver Udo incorporar o personagem de fala fina nos intervalos. Na boa: casa pequena, atmosfera intimista, não dava para se expressar normalmente com sua voz entre as músicas?

De qualquer maneira, o jogo estava ganho em três músicas, mas a insanidade bateu mesmo na aceleradíssima “Breaker”, sem dó nem piedade! Cravando uma hora de relógio na somatória dos sets, veio um tremendo clássico e possível ponto alto, sempre a depender de sua preferência: Johnny Moraes puxou a introdução, o povo fez o coro e lá veio a ótima “Princess of the Dawn”. Impossível ficar parado na mais extensa da noite e, a partir dela, apenas musicão! Quer ver?

Que tal uma sequência começando pelo arregaço “Fast as a Shark”? Aceita mais pertardos da rica história do metal germânico? “Metal Heart” e a não menos sensacional “Balls to the Wall”! Que passeio pelos anos oitenta (e em breve tem o atual Accept no Summer Breeze). Perto de seu final, Ripper já descera às escadas novamente e auxiliou num emocionante replay da ponte ao refrão.

Foto: Andre Santos
Foto: Andre Santos

Num bis sem ninguém partir, os protagonistas cantaram “Breaking the Law” e, se está curioso, não houve divisão de versos e sim mandaram ver juntos, num momento para se guardar com bastante carinho. Também de “British Steel” (1980) e no mesmo sistema, arremataram a festa de pouco além de uma hora e quarenta minutos com “Living After Midnight”, outra a soar mais devagar do que em estúdio.

A rigor, pode-se argumentar que facilmente caberiam, por exemplo, mais duas músicas para cada cantor, totalizando umas duas horas de esforço conjunto. No entanto, ficou de bom tamanho e até surpreendeu o fato de praticamente não ter havido interrupções. Quem sabe não se desenvolve ainda mais este atraente filão de mercado? A propósito, qual será a próxima aposta em “duetos”? Rod Stewart e Ivete Sangalo não conta, vai?

*Fotos de Andre Santos / @andresantos_mnp. Role para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – Udo Dirkschneider:

  1. Starlight
  2. Living for Tonite
  3. Midnight Mover
  4. Breaker
  5. Princess of the Dawn
  6. Fast as a Shark
  7. Metal Heart
  8. Balls to the Wall

Bis:

  1. Breaking the Law [com Udo e Ripper]
  2. Living After Midnight [com Udo e Ripper]

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Parcerias entre vocalistas não são exatamente uma novidade e, para citar uma recente, Eric Martin e Jeff Scott Soto acabam de estrelar uma data no Stones Music Bar, cada um com seu repertório, porém ao preço de só um ingresso. De modo um tanto enxuto, Tim “Ripper” Owens e Udo Dirkschneider passaram pelo Manifesto Bar no mesmo formato – que também caiu nas graças de quem curte Judas Priest e Accept, levando-se em conta a ótima lotação do local.

Chegando por lá às 16h50, entramos ao abrir das portas, dez minutos depois, e apuramos com o baixista Fabio Carito que o combinado era ter Ripper no palco às 19h. Porém, com a fila ainda grande do lado de fora, o citado baixista, o baterista Marcus Dotta (seu parceiro de Trend Kill Ghosts) e os guitarristas Wagner Rodrigues e Johnny Moraes (membro do Hevilan) só tomaram postos às 19h39, já mandando bronca com “Metal Gods”, um bocado mais lenta se comparada à versão original e, como ao longo de todo o evento, com timbragens mais ardidas que o habitual.

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*Fotos de Andre Santos / @andresantos_mnp. Role para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Atiçando a galera ao perguntar seu nome, o cantor emendou “The Ripper”, seguida pela arrepiante “Burn in Hell”, que foi iniciada com o frontman de braços abertos – como a plateia o recebera – enquanto o observávamos de óculos escuros e boné, criando certo distanciamento, ainda que sem perceber ou desejar. Problema resolvido ao longo de “Painkiller”, agora com todos podendo encará-lo. Ah, se a leitura corrida te causa desconforto, sem chances de respirar, na prática, a pegada foi bem essa ao vivo: uma pedrada após outra, sem muito falatório e com quatro faixas empilhadas em meros vinte e um minutos – metade do set, aliás!

E se você pensa que um artista não repara no que se passa entre os fãs, eis a prova do contrário: intrigado, Ripper indagou se um concentrado e ensimesmado cidadão estava bem e disparou: “Vou te fazer sorrir, cara!”. O ponto é: este escriba jamais supôs chamar atenção de quem está no palco, ainda mais visando incluir-se em sua própria resenha, mas o que há de se fazer se o inquieto vocalista resolveu interagir com este que vos escreve? Ossos do ofício! Deu tempo somente de anuir com a cabeça e ele prosseguiu: “Sabia que você sorriria, viu só?”. Você resistiria? 🙂

Voltando ao que interessa, a fuga rumo a lados B levou todos a “Hell is Home” e, ainda que seja de sua época na banda, acabou dando uma esfriada na galera… Questão de gosto, mas “Bullet Train” ou especialmente “Death Row” não teriam caído melhor? E se o povo sai de casa pelos hits, “Hell Bent for Leather” estranhamente agitou o público menos do que o esperado.

Foto: Andre Santos

Em “One On One” o som do baixo ficou curiosamente alto em demasia, com o perdão do gracejo, até vir a interação mais elaborada de Ripper:

“É ótimo estar de volta aqui! Um dos meus locais favoritos para tocar é o Manifesto! Digo isso toda vez que venho aqui: o Manifesto foi o primeiríssimo lugar onde me apresentei solo e agora venho para cá o tempo todo porque vocês me trazem de volta! É por isso, vocês são ótimos toda vez que toco aqui e esta é uma noite especial porque temos o Udo! Ninguém mais tem isso a não ser a América do Sul!”

Foto: Andre Santos

Concluindo a parte do ex-Priest, “Electric Eye” reaqueceu os motores, com sensível mudança de comportamento da plateia em quarenta e dois divertidíssimos minutos da “primeira entrada”, por assim dizer. O que beirou o inusitado foi ver Ripper anunciar a próxima atração, pois não é todo dia que um grande vocalista anuncia e convoca uma lenda ao palco: Udo Dirkschneider, regressando a São Paulo após se apresentar no Carioca Club em 12 de outubro último com seu próprio grupo.

Repertório – Tim “Ripper” Owens:

  1. Metal Gods
  2. The Ripper
  3. Burn in Hell
  4. Painkiller
  5. Hell is Home
  6. Hell Bent for Leather
  7. One on One
  8. Electric Eye

Com porte lembrando o Aríete, do He-Man (sem sacanagem!), o atarracado baixinho Udo Dirkschneider incendiou a casa já em “Starlight”, evidenciando haver mais a gente a fim de curtir Accept – ou, no mínimo, estavam mais barulhentos. Bem ensaiado, o quarteto de apoio que já havia acompanhado Ripper seguiu dando conta do recado e dá-lhe hinos como “Living for Tonite” e “Midnight Mover”, em processo idêntico a outrora, com curtas pausas para minidiscursos protocolares e pau na máquina – chegando a ser engraçado ver Udo incorporar o personagem de fala fina nos intervalos. Na boa: casa pequena, atmosfera intimista, não dava para se expressar normalmente com sua voz entre as músicas?

De qualquer maneira, o jogo estava ganho em três músicas, mas a insanidade bateu mesmo na aceleradíssima “Breaker”, sem dó nem piedade! Cravando uma hora de relógio na somatória dos sets, veio um tremendo clássico e possível ponto alto, sempre a depender de sua preferência: Johnny Moraes puxou a introdução, o povo fez o coro e lá veio a ótima “Princess of the Dawn”. Impossível ficar parado na mais extensa da noite e, a partir dela, apenas musicão! Quer ver?

Que tal uma sequência começando pelo arregaço “Fast as a Shark”? Aceita mais pertardos da rica história do metal germânico? “Metal Heart” e a não menos sensacional “Balls to the Wall”! Que passeio pelos anos oitenta (e em breve tem o atual Accept no Summer Breeze). Perto de seu final, Ripper já descera às escadas novamente e auxiliou num emocionante replay da ponte ao refrão.

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Num bis sem ninguém partir, os protagonistas cantaram “Breaking the Law” e, se está curioso, não houve divisão de versos e sim mandaram ver juntos, num momento para se guardar com bastante carinho. Também de “British Steel” (1980) e no mesmo sistema, arremataram a festa de pouco além de uma hora e quarenta minutos com “Living After Midnight”, outra a soar mais devagar do que em estúdio.

A rigor, pode-se argumentar que facilmente caberiam, por exemplo, mais duas músicas para cada cantor, totalizando umas duas horas de esforço conjunto. No entanto, ficou de bom tamanho e até surpreendeu o fato de praticamente não ter havido interrupções. Quem sabe não se desenvolve ainda mais este atraente filão de mercado? A propósito, qual será a próxima aposta em “duetos”? Rod Stewart e Ivete Sangalo não conta, vai?

*Fotos de Andre Santos / @andresantos_mnp. Role para o lado para ver todas. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – Udo Dirkschneider:

  1. Starlight
  2. Living for Tonite
  3. Midnight Mover
  4. Breaker
  5. Princess of the Dawn
  6. Fast as a Shark
  7. Metal Heart
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