The Brian Jonestown Massacre faz sua estreia no Brasil com show em SP

Lotado, Cine Joia também contou com apresentações de Bike e Trio Mocotó, este anunciado como atração surpresa

Aconteceu na última quinta-feira (20), em São Paulo, o primeiro show da carreira do The Brian Jonestown Massacre no Brasil. A apresentação, inaugural da produtora MAR (encabeçada pelo jornalista e escritor André Barcisnki), foi realizada no Cine Joia e contou com a abertura do Bike e do Trio Mocotó – este, uma atração surpresa que só foi revelada na hora. O BJM ainda se apresenta em evento gratuito, no sábado (22), em Brasília.

Responsável por dar início aos trabalhos, o Bike foi formado em 2015 na cidade de São José dos Campos (SP). Julito Cavalcante (voz e guitarra), Diego Xavier (voz e guitarra), Daniel Fumega (bateria) e João Gouvea (baixo) integram a formação do grupo, hoje um dos grandes nomes da cena psicodélica nacional.

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*Fotos de Rafael Andrade / @mfrafael. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

O curto repertório do Bike, cuja sonoridade presta reverência ao psych e a clássicos tupiniquins ao mesmo tempo que conta com uma ligeira influência stoner, se dividiu em duas etapas. As três primeiras músicas – “Santa Cabeça”, “Filha do Vento” e “O Torto Santo” – vieram de seu próximo álbum, “Arte Bruta”, a ser lançado no próximo dia 5 de maio. As outras quatro – “Divinorum”, “O Fogo Anda Comigo”, “Olho D’água Grande” e “Boca do Sol” – foram extraídas do disco anterior, “Quarto Templo” (2019).

O grupo fez bom uso dos recursos visuais à disposição, mas se garantiu mesmo no som. Como observa o repórter fotográfico Rafael Andrade, é o tipo de show para se absorver em transe. Totalmente justificada a repercussão internacional conquistada pelo quarteto nos últimos anos.

Repertório – Bike:

  1. Santa Cabeça
  2. Filha do Vento
  3. O Torto Santo
  4. Divinorum
  5. O Fogo Anda Comigo
  6. Olho D’água Grande
  7. Boca do Sol

A produção do evento fez questão de manter segredo sobre a tal atração surpresa até o momento em que, enfim, a novidade seria revelada. Se queriam causar impacto, conseguiram: ninguém esperava o Trio Mocotó, reunido após mais de uma década, para aquela ocasião.

Nome referencial do samba rock, o trio formado em São Paulo ainda na década de 1960 se tornou conhecido por acompanhar Jorge Ben no 4º Festival Internacional da Canção, de 1969, além de gravações.

Para uma noite especial, o repertório precisaria ser caprichado. João Parahyba, Nereu Gargalo e Marco Antônio Skowa, junto dos músicos de apoio, tocaram canções como “Não Adianta”, “Ziriguidum”, “Kriola” e “Beleza Beleza Beleza”, para deleite do público presente que transformou o Cine Joia em uma enorme pista de dança, mudando a atmosfera do local. Como observado pelo repórter fotográfico Rafael Andrade, era impossível ver alguém sem um sorriso no rosto ao longo da performance.

*Fotos de Rafael Andrade / @mfrafael. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – Trio Mocotó:

  1. Tudo bem
  2. Voltei amor
  3. Coqueiro Verde
  4. Ziriguidum
  5. Adelita
  6. Beleza Beleza Beleza
  7. Não adianta
  8. Kriola

O show principal ficou a cargo do The Brian Jonestown Massacre, ícone da neopsicodelia descrito pelo colaborador Guilherme Gonçalves da seguinte forma:

“Em um mundo justo e realmente interessado em música desafiadora, seria recorrente ver o The Brian Jonestown Massacre citado entre as principais bandas da década de 1990.”

Anton Newcombe (voz e guitarra) e seus comandados apresentaram um repertório de 18 músicas que passeou por parte de sua longuíssima discografia. Os trabalhos mais representados foram justamente os mais recentes, “Fire Doesn’t Grow on Trees” (2022) e “The Future Is Your Past” (2023), respectivamente com cinco e quatro canções.

Boa parte do material mais novo, porém, preencheu a metade inicial do show. Músicas de outras eras, mais conhecidas, ficaram para o final, a exemplo do hit-mor “Anemone”, “Nevertheless” e “Nightbird”. Tudo bem executado e em sincronia com o jogo de luzes.

Para além do som, como observou o repórter fotográfico Rafael Andrade, chamou atenção a vibe introspectiva e ligeiramente junkie do grupo – o que certamente não incomoda quem é fã e já sabe o que vai encontrar. Entre as músicas, longas pausas para que os integrantes acendessem um cigarro e se calibrassem na bebida.

Newcombe, figura inegavelmente excêntrica do rock como um todo, por vezes tocava de lado ou de costas para o público. Dirigiu-se ao público apenas algumas vezes, deixando a função para o percussionista Joel Gion. Os momentos mais ilustres de Anton como showman se davam na troca de instrumentos: sempre que o roadie subia ao palco, pedia (e recebia) um tapa no rosto.

*Fotos de Rafael Andrade / @mfrafael. Caso as imagens apareçam pequenas, atualize a página.

Repertório – The Brian Jonestown Massacre:

  1. #1 Lucky Kitty
  2. The Real
  3. Fudge
  4. Do Rainbows Have Ends?
  5. Wait A Minute (2.30 To Be Exact)
  6. Pish
  7. Your Mind Is My Cafe
  8. Don’t Let Me Get in Your Way
  9. You Think I’m Joking?
  10. Forgotten Graves
  11. The Mother of All Fuckers
  12. Nightbird
  13. Anemone
  14. Servo
  15. Sailor
  16. Nevertheless
  17. A Word
  18. Abandon Ship

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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