Roger Waters foi acusado de antissemitismo por algumas de suas declarações e posturas em turnês e, diante da situação, teve seu show em Frankurt, na Alemanha, no dia 28 de maio, cancelado. Partidos políticos também fizeram um pedido para que a apresentação marcada em Munique, no dia 21 do mesmo mês, deixe de acontecer.
A fim de evitar o cancelamento de tais eventos, o ex-integrante do Pink Floyd entrou na Justiça e tomou medidas legais. De acordo com uma nota emitida por seus representantes à imprensa (via Europa Press), os advogados do cantor estão procurando meios de contornar o episódio.
O comunicado destaca que as queixas de antissemitismo envolvendo o artista são falsas e que as tentativas de acabar com os shows não têm qualquer justificativa. É ressaltado ainda o “direito de liberdade de expressão do músico” e de escolha do público, que “é livre para vê-lo se apresentar em Frankfurt, Munique ou em qualquer outra cidade de qualquer outro país”.
Leia a declaração na íntegra abaixo:
“Em fevereiro de 2023, o governo de Hesse e o conselho municipal de Frankfurt anunciaram sua estranha e prejudicial intenção de cancelar um show de Roger Waters marcado no Festhalle, em Frankfurt, para o dia 28 de maio. Em 28 de fevereiro de 2023, foi apresentada uma proposta na câmara municipal de Munique para cancelar a apresentação programada para o dia 21 de maio de 2023, no Olympiahalle, em Munique. Essas ações são inconstitucionais, sem justificativa e baseadas na falsa acusação de que Roger Waters é antissemita, o que ele não é.
Como resultado dessa ação unilateral e motivada por questões políticas, o sr. Waters instruiu seus advogados a tomarem imediatamente todas as medidas necessárias para anular essa decisão injustificável, a fim de garantir que seu direito humano fundamental de liberdade de expressão seja protegido e que todos aqueles que desejam vê-lo se apresentar sejam livres para fazê-lo em Frankfurt, Munique ou em qualquer outra cidade de qualquer outro país.
O sr. Waters acredita que, se essa evidente tentativa de silenciá-lo não for contestada, isso poderá ter consequências sérias e abrangentes para artistas e ativistas em todo o mundo.”
Apesar de não ter se pronunciado diretamente, Waters compartilhou no Twitter, logo após o cancelamento do show em Frankfurt, um vídeo do jornalista e escritor Ramzy Baroud o defendendo a respeito das falas consideradas antissemitistas. Ele ainda agradeceu o apoio e elogiou o conteúdo do registro.
Os cancelamentos
O conselho municipal de Frankfurt anunciou no fim de fevereiro o cancelamento do show de Roger Waters na cidade, anteriormente marcado para acontecer no Festhalle em 28 de maio. Em uma declaração oficial, o conselho municipal categorizou a posição anti-Israel do cantor como prova de seu status de “um dos antissemitas mais famosos do mundo”.
No mesmo mês, um grupo de políticos da Câmara Municipal de Colônia se uniu para impedir a apresentação do ex-Pink Floyd no local, agendada para o dia 9 de maio, na Lanxess Arena. “Não deve haver espaço para conteúdo antissemita em nossos palcos”, disseram em carta. Em resposta, a administração da Lanxess Arena afirmou que não tinha qualquer poder para barrar o concerto por causa de suas “obrigações contratuais”.
No caso de Munique, partidos de centro e de esquerda fizeram uma aliança neste mês e pediram conjuntamente para que o show do ex-integrante do Pink Floyd no dia 21 de maio, no Olympiahalle, não aconteça. A razão está no posicionamento do artista a favor da Rússia em relação à Guerra na Ucrânia e dos comentários contra Israel. Além dos lugares citados, Berlim e Hamburgo são outras cidades alemãs que, até o momento, receberão o cantor.
Em outras circunstâncias, Roger Waters também teve shows cancelados na Polônia. O músico se apresentaria em Cracóvia, nos dias 21 e 22 de abril. A nota oficial divulgada na época se limita a anunciar a decisão, sem mais explicações. Porém, informações obtidas nos bastidores dão conta de que recentes posicionamentos do músico sobre o atual conflito na Ucrânia teriam influenciado.
Pouco tempo antes do cancelamento, Waters publicou uma carta aberta direcionada a Olena Zelenska, primeira-dama ucraniana. Nela, pede que o país esteja disposto a negociar o fim do conflito com a Rússia, além de criticar as nações que fornecem suporte de armamento. O texto gerou uma série de críticas ao ex-líder do Pink Floyd.
Em postagem nas redes sociais, Waters se manifestou negando ter sido o responsável pelo cancelamento dos shows, contrariando o que fontes locais teriam alegado.
Roger Waters e Israel
Roger Waters faz parte do movimento BDS (traduzido: Boicote, Desinvestimento e Sanções), que promove boicote em diversas esferas, inclusive cultural, a Israel. O motivo é a política aplicada agressivamente pelo governo israelense com relação a cidadãos palestinos que muitas outras autoridades compararam ao apartheid na África do Sul. Os objetivos são, de acordo com a organização, “o fim da ocupação e da colonização dos territórios palestinos, igualdade de direitos para os cidadãos árabes de Israel e respeito ao direito de retorno dos refugiados palestinos”.
Durante a The Wall Tour, que teve mais de 200 shows entre 2010 e 2013, Waters incluiu na produção um porco voador estampado com a estrela de Davi junto de várias logomarcas corporativas. Para muitos, tal retratação reforça estereótipos em torno do povo judeu.
Em 2020, como observa o Tenho Mais Discos Que Amigos, Roger foi criticado por apontar em entrevista ao Middle East Media Research Institute uma suposta conexão entre a morte de George Floyd, homem negro assassinado pela polícia americana, e Israel, ao dizer que militares israelenses foram os responsáveis por ensinar aos estadunidenses a técnica de pressionar o pescoço de alguém rendido com o joelho. Ele chegou a dizer que o país estaria “orgulhoso” pelo crime cometido.
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