“Vacinar-se é tornar-se um escravo”: uma entrevista com Joe Lynn Turner

Veterano vocalista compartilha controversa opinião acerca da pandemia que inspirou seu mais recente trabalho; conversa abordou ainda clássicos gravados com Rainbow e Yngwie Malmsteen

2022 foi o ano em que Joe Lynn Turner surpreendeu a todos em inúmeras esferas. Aos 71 anos, o veterano cantor assumiu a careca — diagnosticado com alopecia ainda criança, começou a usar peruca na adolescência — e migrou para o lado sombrio lançando “Belly of the Beast”, pedreira, segundo ele, “meio hard, meio industrial” erguida a quatro mãos com o produtor e multi-instrumentista sueco Peter Tägtgren (Hypocrisy).

Mas as “surpresas” não pararam por aí: como algumas das letras do recém-lançado álbum deixam claro, Turner joga no time dos que questionam o que dizem os cientistas em relação às vacinas e à pandemia de Covid-19 — à qual chama de “fraudemia” — como um todo. Em sua explanação, ele menciona desde “Nova Ordem Mundial” até “psicose de massa”; acusa os meios de comunicação de estarem em conluio com a indústria farmacêutica e os governos de cercearem as liberdades individuais por meio da obrigatoriedade dos passaportes vacinais. Um posicionamento tido como conspiracionista, visto que não há qualquer comprovação do que está sendo falado.

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Também conversamos sobre música. Às vésperas dos aniversários de “Bent Out of Shape” (1983) e “Odyssey” (1988), Joe comenta sobre seus trabalhos mais marcantes com o Rainbow e Yngwie Malmsteen, além de recordar a histórica turnê realizada com o guitarrista na antiga União Soviética, que rendeu o registro ao vivo “Trial by Fire: Live in Leningrad” (1989) e muitos aprendizados no âmbito pessoal.

*A entrevista pode ser assistida no vídeo abaixo (com legendas em português) ou lida nos parágrafos seguintes. A versão em texto conta com ligeiras edições para melhor adequação à leitura.

Uma entrevista com Joe Lynn Turner

Emancipações diversas e aceitação sem igual

Quando ouvi “Belly of the Beast” pela primeira vez, pensei: “este é um disco de emancipação”. É como se você quebrasse algumas correntes pessoais, além de soar mais pesado do que em qualquer outro álbum que tenha gravado. Fazer um trabalho como esse já estava nos seus planos?

Joe Lynn Turner: Sim, é um disco de emancipação, pois estou me vendo livre de alguns fantasmas do passado. E, sim, há muito tempo eu queria fazer um disco assim, diferente daquilo pelo que a maioria das pessoas me conhece. Cansei de ser rotulado como um cantor pop ou reduzido a um cantor de melodic rock ou de baladas. Não sou só isso.

Quão desafiador foi se emancipar assim, tanto na forma quanto no conteúdo, a esta altura da sua carreira?

JLT: Na forma, não foi desafiador, porque eu estava pronto. Se você ouvir, por exemplo, “Evil” e “Eye for an Eye”, do “Slam” (2001), e “Babylon” do “Holy Man” (2000), notará que músicas mais pesadas não são algo inédito na minha carreira. No conteúdo, acho que a situação do mundo me deu muito sobre o que falar. Fora isso, particularmente, o que passei nos últimos cinco anos também rendeu. É disso que se trata o álbum: uma situação pessoal muito introspectiva inserida num contexto geopolítico.

Como tem sido a resposta ao álbum até agora? Sente que está alcançando um público diferente do habitual?

JLT: Tem sido incrível. 110% das resenhas foram positivas. O amor, o apoio e a compaixão com que as pessoas me presentearam — não apenas em relação ao álbum em si, mas também ao aspecto físico da minha transformação — foram incríveis. Sinceramente, até me surpreenderam. Estamos indo bem em vendas, nas rádios, no streaming… enfim, está começando a acontecer. A indústria fonográfica não é como nos velhos tempos, mas a gravadora está muito satisfeita até agora.

Por outro lado, você acha que essa abordagem mais pesada pode fazer alguns fãs de longa data rejeitarem o “novo” Joe Lynn Turner?

JLT: Sem dúvida. Houve gente que comentou coisas como “ah, eu prefiro as músicas antigas” e “não gostei desse som”. Mas um artista de verdade tem que crescer, evoluir. Caso contrário, ele se entrega à repetição; e isso é muito perigoso, não só para o público, mas também para o artista. Eu basicamente me repeti até meados dos anos 2010. Sei que estou me arriscando com esse novo álbum e por mais velho que eu esteja, me sinto rejuvenescido, empolgado e determinado. Toda mudança repele uns, mas agrega muitos outros.

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“Fraudemia”… e uma nova turnê

Atenção: a declaração de Joe Lynn Turner apresentada abaixo não contém validação pela comunidade científica global a respeito da pandemia.

A faixa-título de “Belly of the Beast” apresenta sua visão geral do mundo durante a pandemia. Você fala sobre manipulação e compara a vacinação à perda da liberdade. Para você, a pandemia foi mais uma histeria coletiva do que uma crise global de saúde?

JLT: Há muitos relatórios sobre os efeitos colaterais da vacinação e sobre a “fraudemia”. Acho que as pessoas estão começando a acordar cada vez mais e perceber que vacinar-se é tornar-se um escravo. Isso nada mais é do que a Nova Ordem Mundial com um novo nome. Está acontecendo nos Estados Unidos e em quase todos os países do mundo. Eleições fraudadas, governos tirânicos, escravização de pessoas. Estão tentando nos matar de fome, de pobreza, de falta de energia. Olhe em volta. Ninguém pode dizer que isso não está acontecendo, ninguém! Os fatos estão aqui.
Sou um cara muito letrado e observador. Venho estudando ocultismo, hermetismo, sociedades secretas etc. há muito tempo. É uma das minhas maiores paixões. Sempre soube que algo assim aconteceria. Isso foi predito no livro do Apocalipse na Bíblia. E não estou dizendo por ser religioso, mas porque a Bíblia é um livro muito profético; muitas coisas profetizadas na Bíblia foram verdadeiras, incluindo a Besta — o sistema —, e a marca da Besta, que é o que eles querem fazer agora com a implantação de chips de identificação. Isso é controlar a sua vida, cara! Isso é o que está acontecendo conosco agora no planeta, uma psicose de massa.
Freud, Jung, todos esses falaram sobre psicose de massa e é exatamente o que parece que o mundo está vivendo agora: todos aceitando o que a autoridade lhes diz para fazerem por medo; e o medo é o grande motivador. Medo da morte, da pobreza, da doença, da crítica. A única prisão real é o medo e a única liberdade real é libertar-se do medo.
Deus me deu uma voz e nos últimos cinco anos travei minhas próprias lutas pessoais e passei por transformações tanto físicas quanto espirituais; portanto, tenho que falar a verdade. Os meios de comunicação também têm culpa. Eles agem de acordo com os interesses das grandes corporações, da indústria farmacêutica etc.

“Belly of the Beast” vai levar você de volta à estrada? Uma turnê está nos planos?

JLT: Com certeza. Agora, meu único problema é: o mundo existirá em 2023? O que vai acontecer conosco? Foram tantos eventos cancelados, tantos promoters voltando atrás. Os ingressos não estão vendendo tanto, porque ninguém tem dinheiro extra. As pessoas têm de escolher entre se alimentar ou ir a shows. É lógico que nem todas, vide o sucesso que foi a Stadium Tour com Mötley Crue e Def Leppard, mas isso foi um pouco antes de estreitarem o cerco novamente. Estão tentando retomar a obrigatoriedade dos passaportes [de vacinação] de novo, para uma nova “fraudemia” a qual estão preparando. Vão tentar impor isso para o povo, impedindo-o de ir e vir. Esse passaporte é a Besta. Peço a Deus que isso não aconteça, que nos levantemos e lutemos contra isso.

Desbravando paradas e solo comunista

Vamos falar um pouco sobre o passado agora? Em 2023, “Odyssey”, que você gravou com Yngwie Malmsteen, completa 35 anos de lançamento. O que você acha deste álbum e da sua performance nele?

JLT: Acho que é um dos melhores trabalhos dele e meus. Em termos de música, produção e performance, é muito forte. Yngwie compôs solos excepcionais e eu fiz o trabalho para o qual fui contratado pela PolyGram. Eles vieram até mim e perguntaram: “Você pode fazer o que fez com o Rainbow? Yngwie é um guitarrista brilhante, mas não consegue entrar nas paradas. Componham algumas músicas mais comerciais”. Foi o que fiz quando compus “Heaven Tonight”, que foi um sucesso nas paradas. Ainda assim, mantivemos a integridade do lado do metal, com “Riot in the Dungeons”, “Deja Vu”, “Crystal Ball”… E “Dreaming (Tell Me)” é uma bela balada.

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A turnê do “Odyssey” levou vocês à antiga União Soviética. Vocês ficaram lá por um mês e fizeram 22 shows em estádios lotados, chegando a gravar o disco ao vivo “Trial by Fire”. Foi um grande choque cultural quando vocês chegaram lá?

JLT: Com certeza. Essa também foi uma das experiências que mudaram a minha vida. Já estive nos quatro cantos do mundo, mas não havia lugar como a antiga União Soviética. Tocamos para mais de 20 mil pessoas por noite; onze datas em Moscou e onze em Leningrado [atual São Petersburgo]. Foi fantástico. E o choque cultural foi, uh… educativo. Eles chamam de educação tudo o que você aprende na escola; para mim, é mais doutrinação do que educação. A melhor educação é viajar. Ver pessoas diferentes, culturas diferentes. Partir o pão com os outros garante que você seja uma pessoa completa. Quando você fica em apenas um país, quanto você pode saber sobre o mundo? Muitas pessoas infelizmente não têm a oportunidade de viajar. Por ter, me sinto muito afortunado, e pessoas como eu são igualmente afortunadas. E te digo mais: as pessoas são todas iguais. Todas querem uma vida decente; talvez casar, ter filhos, uma casa, o que comer. Seus sonhos, decepções e esperanças são os mesmos. Quem nos segrega? Os governos. São eles que nos põem para lutar. Preto, branco, amarelo, verde; não importa. Somos todos iguais. Todos sangramos vermelho.

https://www.youtube.com/watch?v=g_o0cl9WRo8

Seja você mesmo — mas não seja sempre o mesmo

Outro disco que comemora aniversário em 2023 é “Bent Out of Shape”, do Rainbow: 40 anos. Ritchie Blackmore disse recentemente que “Street of Dreams” é a música definitiva da banda. Você concorda?

JLT: Sem tirar nem pôr. É uma música muito espiritual e importante para mim, porque a letra fala sobre reencarnação, algo em que sempre acreditei. Acredito que somos espíritos em corpos materiais, e que todos nós já estivemos aqui antes e vamos provavelmente estar aqui novamente, como um ciclo. Dito isso, essa letra foi escrita sobre uma mulher que eu nunca tinha visto, que era apenas um rosto em meus sonhos, e 22 anos depois eu a conheci. Estamos casados até hoje.
Ritchie e eu tínhamos uma química muito forte. Não há como negar. Em todos os álbuns que fizemos juntos, seja no Rainbow ou no Deep Purple, não há uma música ruim. Assim como disse que “Street of Dreams” era sua música favorita do Rainbow, também o ouvi dizer que “Slaves and Masters” (1990) era um de seus álbuns favoritos do Purple. O problema dele foi o timing; os fãs queriam o [Ian] Gillan de volta. Foi nessa época que aprendi que as pessoas têm medo do novo. Tanta gente já fez parte do Rainbow e do Deep Purple; sempre músicos do mais alto gabarito. As pessoas deveriam em primeiro lugar ouvir a música, não discutir sobre quem a está tocando. Se é um bom disco, é um bom disco, independentemente da formação que o gravou.

Para encerrarmos, eu gostaria de saber qual foi a lição mais valiosa que você aprendeu em tantos anos de carreira.

JLT: Seja você mesmo. Acho que essa é a coisa mais importante que alguém pode fazer, em qualquer carreira, não importa o que aconteça. Não copie, porque para cada cópia já existe um original. Se você gosta da voz da pessoa, de como ela toca, atua, pinta, o que for, emule-os, mas não os copie. O público gosta mesmo é de originalidade.

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

3 COMENTÁRIOS

  1. Ja comentei de maneira critica algumas coisas que li aqui. Mas tb existe o momento do elogio. Excelente entrevista e muito apropriado deixar o cara se expressar (embora eu discorde totalmente da parte sobre vacinas). Parabéns pelo trabalho!

  2. Igor, evite dar opinião revestida de “autoridade científica”. Se for fazer isso, coloca também todos as revelações, os relatórios e debates que estão ocorrendo principalmente nos EUA sobre isso. Do contrário, você tá fazendo bobagem…

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