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Funeral de Jeff Beck teve presença apenas de viúva, cão e Johnny Depp

Adeus ao guitarrista, morto dia 10 de janeiro por meningite bacteriana, foi tão reservado quanto ele era em vida

Assim como em vida, o funeral de Jeff Beck refletiu o desejo do lendário guitarrista por privacidade. De acordo com o Daily Mail, estavam presentes na cerimônia ocorrida dia 3 de fevereiro apenas sua viúva, Sandra, seu cachorro, Paddy, e o grande amigo Johnny Depp.

Beck morreu dia 10 de janeiro de 2023, vítima de meningite bacteriana. Seu falecimento desencadeou uma torrente de homenagens de vários músicos, sejam lendários ou em ascendência, saudando a influência que ele teve no rock.

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O último álbum lançado em vida pelo guitarrista foi uma parceria justamente com Depp em um álbum de covers, “18”. O material atraiu polêmica quando o pesquisador folclórico Bruce Jackson acusou a dupla de plagiar o poeta afroamericano Slim Wilson na música “Sad Motherfuckin’ Parade”.

Jackson falou à Rolling Stone:

“Os únicos versos que consegui encontrar na música inteira que eles [Depp e Beck] contribuiram são ‘Big time motherfucker’ (filho da puta maioral) e ‘Bust it down to my level’ (baixar pro meu nível). Todo o resto é da performance de Slim para meu livro. Nunca vi nada parecido com isso antes. Tenho publicado coisas por 50 anos, e essa é a primeira vez que alguém rouba algo e apresenta como se fosse seu.”

Na época da acusação, representantes dos dois disseram que iam averiguar as alegações e dar créditos adequados se fosse o caso. A dupla, então, processou o pesquisador por calúnia.

Personalidade “oculta”

Além da genialidade na guitarra, Jeff Beck chamava atenção por seu temperamento quieto – especialmente se comparado a Eric Clapton e Jimmy Page, os outros dois guitarristas com passagens pelo Yardbirds, banda que os revelou.

Contudo, quem conhecia o guitarrista via uma pessoa completamente diferente. A baixista Tal Wilkenfeld, que começou a tocar em sua banda aos 23 anos, em 2007, revelou o lado brincalhão de Beck em entrevista à Spin.

“Ele era bobalhão com a gente. E esse não era um lado que ele mostrava pra muita gente. Ele era bem quieto publicamente, mas com as pessoas mais próximas, ele era super pateta e bobo. Acho que isso o mantinha tão… renovado.”

Wilkenfeld ainda revelou na entrevista como Beck e sua esposa, Sandra, a tratavam como uma filha toda vez que estava na Inglaterra para participar da banda do guitarrista. Segundo a baixista, o músico era um piadista nato.

“Ele abordava música e a vida como uma criança, rindo de tudo e fazendo piadas o tempo inteiro.”

Sobre Jeff Beck

Nascido em 24 de junho de 1944, em Wallington, Surrey, na Inglaterra, Geoffrey Arnold Beck envolveu-se com a música inicialmente cantando em um coral de igreja. Ao conhecer o trabalho de outro revolucionário da guitarra, Les Paul, ficou impressionado e se apaixonou pelo instrumento. Porém, só começou a tocar mesmo na adolescência.

No início da vida adulta, transitou por uma série de bandas em Londres. Em 1965 juntou-se ao Yardbirds na vaga deixada por Eric Clapton. Ficou apenas um ano, período em que a banda lançou seus maiores hits. A passagem acabou mal, já que ele foi demitido por constantemente não aparecer para os shows.

Em 1967, foi a vez de arriscar-se como dono de banda: o Jeff Beck Group, com Rod Stewart nos vocais, Ronnie Wood no baixo e Micky Waller na bateria. Os primeiros álbuns do projeto, “Truth” (1968) e “Beck-Ola” (1969), são citados como fundamentais para o desenvolvimento do heavy metal. Foi considerado para substituir Syd Barrett no Pink Floyd, mas ninguém na banda teve coragem de convidá-lo.

Com o fim da formação inicial de seu próprio grupo, montou o Beck, Bogert & Appice e seguiu trabalhando em carreira solo, além de uma nova configuração do Jeff Beck Group. Explorou não apenas as já conhecidas influências do blues e rock, como também da soul music, incluindo colaborações com Stevie Wonder.

Na década de 1980, Beck restringiu seu trabalho a apenas algumas aparições em shows beneficentes. Retornou de vez com o álbum “Flash” e também se reuniu com Rod Stewart. A partir dos anos 1990, reduziu o ritmo de sua carreira, com idas e vindas e longos hiatos entre seus álbuns. Entre suas colaborações nas décadas de 1980 e 1990, estão registros com Mick Jagger, Jon Bon Jovi, Buddy Guy, Tina Turner, Seal, Duff McKagan, Brian May e ZZ Top.

Seu último trabalho completo foi “18”, uma colaboração com o ator e também músico Johnny Depp. Saiu em julho do ano passado e reuniu majoritariamente covers de artistas como Beach Boys, Marvin Gaye e The Velvet Underground.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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