Enfim “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” chegou aos cinemas e, com ele, fica oficialmente para trás a coisa toda de Thanos e suas joias do infinito – e está aberta pra valer a chamada Saga do Multiverso.
Na verdade, todo o conceito de realidades alternativas, de linhas temporais distintas nas quais existem diferentes versões dos personagens que já conhecemos, foi de alguma forma apresentado ao longo da chamada fase 4, seja em filmes como “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” e “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” ou ainda na série do Loki. Só que tudo ainda devagar, preparando o terreno. Agora o papo é sério.
Mais do que aquele aperitivo de viagens no tempo que vimos em “Vingadores: Ultimato”, a conversa aqui agora é brincar com diferentes variantes, como as que existem aos montes nos gibis (quem viu a animação “Homem-Aranha no Aranhaverso”, sabe a quantidade de Homens-Aranha que existem, por exemplo), sejam elas interpretadas ou não pelos mesmos atores. E a construção desta fase 5, que se encerraria oficialmente com a película dos Thunderbolts no dia 26 de julho de 2024, gira em torno da transformação de Kang no grande vilão do arco.
- Crítica: Em “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”, Scott Lang ganha uma enorme bagunça para chamar de sua
Lembrando que a Saga do Multiverso vai compreender não apenas a fase 5, mas também a 6 (que começa em novembro de 2024, com o novo filme do Quarteto Fantástico, devidamente integrado ao universo expandido da editora).
Para entender um pouco mais de como as coisas devem se desenvolver a partir de agora, resolvemos ir por partes.
Falando a curto prazo
Em uma de suas raras entrevistas, Kevin Feige, o popular Zé do Boné, produtor e todo-poderoso da Marvel Studios, disse à revista Entertainment Weekly que teremos filmes mais independentes da Saga do Multiverso – apesar dos muitos planos de uma história única integrada, nem todos os filmes estarão ligados assim tão diretamente. Além disso, ele confirmou que estas novas fases, tanto a 5 quanto a 6, representarão uma espécie de pisada no freio pra Marvel, que vai lançando séries e filmes mais espaçados. A intenção é deixar os produtos “brilharem”, ao invés de ter um roubando a atenção do outro tão de imediato.
Conforme as cenas pós-créditos de “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” entregam, teremos muitos Kangs pela frente. Diferentes versões, visuais e, claro, objetivos. O que sabemos é que o Universo Marvel está, oficialmente, no meio de uma enorme batalha entre Kangs pelo controle das linhas temporais. E os heróis, que estão ali no meio pra atrapalhar tudo, devem ser devidamente apagados da conversa. Segundo consta, a intenção de Kang (qual deles?) é deletar os vigilantes coloridos das linhas temporais. Bem-vindo a um universo sem heróis?
Tanto o final da primeira temporada de “Loki” quanto o de “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” deixam claro que, da mesma forma que Thanos, Kang não tem necessariamente um plano de dominação cósmico, mas sim uma missão. E ele acredita fielmente que está certo em sua jornada.
Além disso, esta fase 5 promete ser um desenho importante a respeito do futuro dos Vingadores. Afinal, a equipe em si não existe mais como nos acostumamos a vê-la desde aquele primeiro filme. Mas o que tivemos, na fase 4, foi a apresentação de diversos novos personagens, em especial os heróis do tipo legado, aquelas jovens versões dos personagens que estão preparadas para substituí-los. Está muito claro que os Jovens Vingadores devem ser o futuro do time agora.
Miss Marvel pode substituir a Capitã Marvel, Mulher-Hulk assume o papel do Hulk, Sam Wilson/Falcão já vestiu o manto de Capitão América, Florence Pugh é a nova Viúva Negra, Jane Foster pintou na área e pode deixar o antigo Thor pra lá, o Gavião Arqueiro se tornou o mentor oficial de Kate Bishop, Cassie Lang tem até um uniforme só seu para tomar a vaga do Homem-Formiga, Shuri é a nova Pantera Negra, em sua série a Coração de Ferro calçará os sapatos de Tony Stark… Isso sem falar nas possibilidades envolvendo os dois jovens filhos de Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate, cujas versões mais jovens se tornam Wiccano e Célere, que nada mais são do que versões da própria Feiticeira e de seu irmão, o velocista Mercúrio.
Ufa!
Já se sabe que, ao final da fase 6, teremos não apenas um, mas dois filmes dos Vingadores. Não vai faltar é tempo para fazer esta galera toda se conhecer, se entrosar e receber a faixa oficialmente dos medalhões anteriores.
Pensando a longo prazo
Como dito, a fase 6 se encerra, assim como toda a Saga do Multiverso, com dois filmes dos Vingadores em 2025. E dois no mesmo ano. Serão “Avengers: The Kang Dynasty” (2 de maio de 2025) e “Avengers: Secret Wars” (1º de maio de 206). E é aí que a gente já começa a especular bastante.
O primeiro faz referência a uma saga dos Vingadores publicada de junho de 2001 a agosto de 2002, na qual Kang enfim vence. Sim, da mesma forma que Thanos em “Guerra Infinita”, ele derrota os heróis e assume o controle da Terra, em meio a uma brutal ofensiva. Já o segundo filme tem um título que fala ao coração dos leitores mais velhos: Guerras Secretas. Mas por toda a questão do multiverso, a inspiração muito possivelmente não é no quebra-pau generalizado entre heróis e vilões lá dos anos 1980, mas sim a versão de 2015, uma loucura costurada pelo meticuloso roteirista Jonathan Hickman.
A aposta é que um termo mencionado tanto no filme do Doutor Estranho quanto no do Homem-Formiga tenha relação direta com isso: incursão.
Do que se trata? Um problema no contínuo espaço-tempo, com foco na Terra, dá início a uma espécie de “efeito cascata”, fazendo com que as diversas Terras de universos paralelos se aproximem umas das outras. O lance é que elas tentam ocupar o mesmo espaço e, sabemos bem, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço (pelo menos desta lição você deve lembrar das aulas de física). A incursão tem um tempo determinado para se completar. E se o processo for finalizado, os dois universos vão se destruir.
Logo, os chamados Illuminati, a ordem formada pelos mais poderosos, inteligentes e influentes heróis da Terra, entra em ação. Eles foram apresentados também no mais recente filme do Doutor Estranho (embora numa versão de outra realidade), o que já ajuda ainda mais na conexão.
No caso dos gibis, estamos falando de um grupo secreto, que age nas sombras da comunidade dos heróis, formado por homens brilhantes como Namor, Homem de Ferro, Doutor Estranho, Reed Richards, Pantera Negra, Raio Negro e o Fera (que, naquele momento, estava representando o falecido Charles Xavier). Eles descobrem o que está pegando e também percebem que só existe uma forma de salvar nosso planetinha azul. Simplesmente destruindo o outro planetinha azul. Sim. Que seja o planeta dos outros, certo? Com base neste dilema ético – “para poupar as nossas bilhões de vidas, vamos exterminar os bilhões de vidas do outro lado?” – estas mentes criam uma espécie de bomba de antimatéria que pode varrer as outras Terras do mapa.
Este movimento passou a envolver diferentes raças ancestrais do universo, tentando organizar a bagunça cósmica causada pelos heróis da Terra… E foi aí que a Marvel encontrou, da mesma forma que a DC muitas décadas antes, uma saída pra simplificar a sua cronologia de tantas realidades paralelas e versões múltiplas de seus personagens.
Será que é a vez do Doutor Destino?
Meio que dá pra esperar, claro, que Kang tenha alguma relação com estas tais incursões. Só que como a fase 6 do MCU abre justamente com o filme do Quarteto Fantástico e seu maior antagonista, que também deve ganhar uma nova versão nas telonas em breve, está ligado até os ossos com as Guerras Secretas, a chance de que isso não seja por acaso é imensa.
Tentando resumir bastante o que rolou nas HQs, a razão pra esta coisa toda das incursões acontecer é que, em um determinado universo, nasceu uma pessoa tão poderosa que começou a causar esta reação em cadeia. Um tal Rabum Alal, o Grande Destruidor, diversas vezes mencionado como sendo o senhor da moça batizada de Cisne Negro – egressa de um dos planetas que esteve na rota de incursões com a Terra e que acabou capturada pelos Illuminati. Em New Avengers #31, finalmente descobrimos quem é Rabum Alal. Quando a ordem dos Cisnes Negros leva o Doutor Estranho diante de seu líder, é Victor Von Doom, o Doutor Destino, que Strange encontra diante de si.
A relação de Destino com a primeira versão das Guerras Secretas é muito íntima e particular. Enquanto heróis e vilões tramavam como diabos iam derrotar uns aos outros para sair do Mundo Bélico, o Doutor Destino cria um plano mirabolante para roubar os poderes da criatura cósmica que levou todo mundo pra lá, o Beyonder. E, cacete, ele consegue. E, diabos, ele derrota todos os heróis sozinho, de uma vez só. E, inferno, ele acaba sendo derrotado por sua própria vaidade e seu ego tamanho família.
Mas na segunda versão das Guerras Secretas, Destino também consegue o poder dos Beyonders – sim, no plural, uma raça diretamente envolvida com aquela que seria a última das incursões, entre a Terra 616 (aquela na qual está a cronologia corrente da Marvel) e a Terra 1610 (aquela batizada de “Universo Ultimate”, onde surgiu originalmente o Homem-Aranha Miles Morales). No meio do conflito, Von Doom se torna uma criatura divina e no controle de um universo único, que reúne características das mais famosas realidades paralelas da Marvel.
Pode ser que tudo gire apenas em torno de Kang, para facilitar? Claro que sim. Mas digamos que o jeito que os lançamentos estão dispostos acaba criando não apenas a oportunidade perfeita para reunir ainda mais heróis em tela ao mesmo tempo do que aconteceu em Ultimato, mas também para introduzir o Doutor Destino de maneira grandiosa e megalomaníaca, como bem cabe ao personagem, no MCU.
Obviamente, este ponto aqui é pura especulação. Mas especulações são uma das partes mais gostosas de um universo expandido, afinal de contas… 😉
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