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Por que o Rage Against the Machine acabou no ano 2000

Saída do vocalista Zack de la Rocha após escalada de tensão interna colocou a banda no primeiro dos alguns hiatos que viriam ao longo dos anos

No fim da década de 1990, o Rage Against the Machine era uma das bandas mais importantes – e controversas – do rock. O quarteto formado por Zack de la Rocha (vocais), Tom Morello (guitarra), Tim Commerford (baixo) e Brad Wilk (bateria) havia protagonizado alguns dos momentos mais transgressores daquele período, sem medo de serem abertamente políticos.

No entanto, em 2000, o sonho chegou ao fim. Zack de la Rocha deixou a banda e os outros músicos ficaram à deriva por algum tempo até que formassem o Audioslave em parceria com Chris Cornell (Soundgarden) – o que não aconteceu de maneira imediata.

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Na ocasião, o vocalista emitiu uma nota sobre sua saída do Rage Against the Machine:

“Sinto que agora é necessário sair do Rage porque nosso processo de tomada de decisões falhou completamente. Não está mais atendendo as aspirações de nós quatro coletivamente, enquanto banda, e da minha perspectiva, isso enfraqueceu nosso ideal artístico e político. Sou extremamente orgulhoso de nosso trabalho. Tanto como ativistas, como músicos, assim como sou grato e em dívida com cada pessoa que expressou solidariedade e dividiu essa experiência incrível conosco.”

A saída de Zack certamente se deu por motivos internos de modo principal. Todavia, a gota d’água que faltava pode ter acontecido alguns meses antes, na frente do mundo inteiro – mais precisamente, numa premiação da MTV.

Tim Commerford e o VMA

Em 7 de setembro de 2000, pouco mais de um mês antes da saída de Zack de la Rocha, o Rage Against the Machine se apresentou na cerimônia do MTV Video Music Awards (VMA). Na ocasião, eles tocaram o hit “Testify” e disputavam na categoria de Melhor Vídeo de Rock, mas acabaram perdendo para o Limp Bizkit.

Foi então que o baixista Tim Commerford escalou a estrutura do palco da premiação, provocando tumulto. Momentos depois, o vocalista do RATM deixou o local, e testemunhas afirmam que ele disse que se sentiu humilhado pela atitude do colega.

Em entrevistas posteriores, o guitarrista Tom Morello afirmou que ele e Zack aconselharam Tim a não fazer aquilo quando o baixista confessou o plano aos colegas. As sugestões foram ignoradas.

Tensão no Rage Against the Machine

O acontecimento no VMA só complicou o clima já tenso que reinava no Rage Against the Machine em seus últimos tempos de atividade. Em entrevista para a Q Magazine, em 2003, Tom Morello comentou que os detalhes mais simples acabam sendo motivos de discussões acaloradas – e que, em alguns momentos, chegaram às vias de fato.

“Havia tanta disputa sobre tudo. E eu quero dizer tudo mesmo. Nós tivemos lutas corporais sobre se nossas camisetas deviam ser lisas ou camufladas! Era ridículo. Éramos publicamente políticos e ​​internamente inflamáveis. Foi feio por muito tempo.”

Morello contou também, em conversa com a Louder, que a saída de Zack de la Rocha não foi exatamente uma surpresa. Por mais de uma vez, o vocalista sugeriu que a banda desse um tempo para que todos pudessem se dedicar a projetos solo, com a ideia de retornar em 2003. No entanto, ele acabou optando por sair antes.

Eterno retorno

O Rage Against the Machine nunca deixou de existir, de fato, e passou a operar em intervalos de hiatos. Com a saída de Zack de la Rocha em 2003, Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk permaneceram juntos e a ideia era criar nova música. Eles chegaram a ser cogitados como a banda de apoio de Ozzy Osbourne antes que o produtor Rick Rubin fizesse os contatos que resultariam no Audioslave.

Enquanto isso, Zack tentou se lançar a uma carreira solo, colaborando com rappers e DJs, mas um álbum nunca saiu do papel. Ele também chegou a colaborar em Trent Reznor, do Nine Inch Nails, em músicas que também nunca foram lançadas.

O vocalista parecia mais perdido do que seus ex-colegas e só foi lançar material inédito em 2008, com o projeto One Day as a Lion, ao lado de Jon Theodore, do The Mars Volta.

A indecisão solo do vocalista demorou tanto que, antes disso, em 2007, ele se reuniu com o Rage Against the Machine para o que deveria ser um único show no festival de Coachella. Deu tão certo que a banda permaneceu em atividade até 2011, quando fez seu “último” show.

Em 2016, Morello, Commerford e Wilk se juntaram aos rappers Chuck D, do Public Enemy, e B-Real, do Cypress Hill. Estava formado assim o supergrupo Prophets of Rage, que fez shows até 2019, quando o Rage Against the Machine voltou à ativa mais uma vez. A banda atualmente segue em turnê, que foi adiada por conta da pandemia de covid-19, mas retomada assim que as restrições foram dispensadas.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

1 COMENTÁRIO

  1. Uma caricatura de si mesma … acho que as volta se resumem a $$$ já que a primeira aspa do Zack é uma contradição total … seguindo essa “regra” o RHCP acabou com o Blood Sugar Sex Magic … REM em Out Of Time … RATM em The Battle Os LA … SLAYER em Divine Intervention hehehe vida que segue …

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No entanto, em 2000, o sonho chegou ao fim. Zack de la Rocha deixou a banda e os outros músicos ficaram à deriva por algum tempo até que formassem o Audioslave em parceria com Chris Cornell (Soundgarden) – o que não aconteceu de maneira imediata.

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“Sinto que agora é necessário sair do Rage porque nosso processo de tomada de decisões falhou completamente. Não está mais atendendo as aspirações de nós quatro coletivamente, enquanto banda, e da minha perspectiva, isso enfraqueceu nosso ideal artístico e político. Sou extremamente orgulhoso de nosso trabalho. Tanto como ativistas, como músicos, assim como sou grato e em dívida com cada pessoa que expressou solidariedade e dividiu essa experiência incrível conosco.”

A saída de Zack certamente se deu por motivos internos de modo principal. Todavia, a gota d’água que faltava pode ter acontecido alguns meses antes, na frente do mundo inteiro – mais precisamente, numa premiação da MTV.

Tim Commerford e o VMA

Em 7 de setembro de 2000, pouco mais de um mês antes da saída de Zack de la Rocha, o Rage Against the Machine se apresentou na cerimônia do MTV Video Music Awards (VMA). Na ocasião, eles tocaram o hit “Testify” e disputavam na categoria de Melhor Vídeo de Rock, mas acabaram perdendo para o Limp Bizkit.

Foi então que o baixista Tim Commerford escalou a estrutura do palco da premiação, provocando tumulto. Momentos depois, o vocalista do RATM deixou o local, e testemunhas afirmam que ele disse que se sentiu humilhado pela atitude do colega.

Em entrevistas posteriores, o guitarrista Tom Morello afirmou que ele e Zack aconselharam Tim a não fazer aquilo quando o baixista confessou o plano aos colegas. As sugestões foram ignoradas.

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O acontecimento no VMA só complicou o clima já tenso que reinava no Rage Against the Machine em seus últimos tempos de atividade. Em entrevista para a Q Magazine, em 2003, Tom Morello comentou que os detalhes mais simples acabam sendo motivos de discussões acaloradas – e que, em alguns momentos, chegaram às vias de fato.

“Havia tanta disputa sobre tudo. E eu quero dizer tudo mesmo. Nós tivemos lutas corporais sobre se nossas camisetas deviam ser lisas ou camufladas! Era ridículo. Éramos publicamente políticos e ​​internamente inflamáveis. Foi feio por muito tempo.”

Morello contou também, em conversa com a Louder, que a saída de Zack de la Rocha não foi exatamente uma surpresa. Por mais de uma vez, o vocalista sugeriu que a banda desse um tempo para que todos pudessem se dedicar a projetos solo, com a ideia de retornar em 2003. No entanto, ele acabou optando por sair antes.

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O Rage Against the Machine nunca deixou de existir, de fato, e passou a operar em intervalos de hiatos. Com a saída de Zack de la Rocha em 2003, Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk permaneceram juntos e a ideia era criar nova música. Eles chegaram a ser cogitados como a banda de apoio de Ozzy Osbourne antes que o produtor Rick Rubin fizesse os contatos que resultariam no Audioslave.

Enquanto isso, Zack tentou se lançar a uma carreira solo, colaborando com rappers e DJs, mas um álbum nunca saiu do papel. Ele também chegou a colaborar em Trent Reznor, do Nine Inch Nails, em músicas que também nunca foram lançadas.

O vocalista parecia mais perdido do que seus ex-colegas e só foi lançar material inédito em 2008, com o projeto One Day as a Lion, ao lado de Jon Theodore, do The Mars Volta.

A indecisão solo do vocalista demorou tanto que, antes disso, em 2007, ele se reuniu com o Rage Against the Machine para o que deveria ser um único show no festival de Coachella. Deu tão certo que a banda permaneceu em atividade até 2011, quando fez seu “último” show.

Em 2016, Morello, Commerford e Wilk se juntaram aos rappers Chuck D, do Public Enemy, e B-Real, do Cypress Hill. Estava formado assim o supergrupo Prophets of Rage, que fez shows até 2019, quando o Rage Against the Machine voltou à ativa mais uma vez. A banda atualmente segue em turnê, que foi adiada por conta da pandemia de covid-19, mas retomada assim que as restrições foram dispensadas.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

1 COMENTÁRIO

  1. Uma caricatura de si mesma … acho que as volta se resumem a $$$ já que a primeira aspa do Zack é uma contradição total … seguindo essa “regra” o RHCP acabou com o Blood Sugar Sex Magic … REM em Out Of Time … RATM em The Battle Os LA … SLAYER em Divine Intervention hehehe vida que segue …

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